SÁBIOS. Por Antônio Carlos Danelon

Posted on 28 de junho de 2012 por

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Não somos donos do planeta. Não temos autorização para condenar os bichos à inanição tirando-lhes cada vez mais espaço. Nem transformar os rios em esgoto e destruir as tocas dos peixes, e muito menos derrubar as árvores onde os pássaros criam suas famílias. Nossa espécie não é a única que quer viver. Até o planeta tem vida própria. Não entende essas coisas quem deixou o materialismo transformar sua alma num deserto.

“Elas estava com os pés no mesmo chão, erguiam a cabeça no mesmo ar, para o mesmo sol e a mesma chuva. Daquilo que elas tiravam do mesmo chão, do mesmo ar, sob o mesmo sol e mesma chuva, uma árvore fazia peras e a outra, apenas a uns dez metros adiante, maçãs. E essas frutas eram em tudo diferentes: na forma, cor, aroma, sabor. Em tal milagre eu nunca tinha reparado”. (Phil Bosmens). Para o néscio tudo é mato; chama de progresso o que é destruição. Segundo Vandana Shiva, ambientalista indiana, “a resposta está nas pessoas. Serão elas e os movimentos sociais que vão impor uma nova agenda para uma humanidade sustentável”.

Com ou sem Rio+20 os sábios já há tempos buscam equilíbrio, pois se sentem irmãos e responsáveis por toda a criação. Presto-lhes aqui minha homenagem. São eles e elas que fazem a Humanidade ir para frente porque a vontade de Deus está a seu favor.

Aos que diminuem lucros para tirar menos do planeta. Aos que não aceitam privilégios enquanto a maioria nem direitos tem. Às empresas que evitam trabalhar nos domingos e feriados a fim de que seus operários tomem alento, e a Terra fôlego dentre os golpes que diariamente a voragem humana lhe inflige. Já acumulamos desenvolvimento bastante. Reparti-lo é preciso.

            Às pessoas e organizações que lutam contra a face nefasta do agronegócio, dos combustíveis fósseis, da biotecnologia e das empreiteiras que teimam em destruir os corpos d’água. Às mães que evitam desperdício e dão aos filhos exemplo de vida sóbria. Aos que lutam pela vida das matas guardiãs dos mananciais. Aos que valorizam uma mina d’água mais que uma de ouro, e os empreendedores que recusam violar as sagradas áreas de preservação.

            Felicito as pessoas que não aceitam queimar matas, cana, lixo e as que buscam alternativas para combater a emissão de poluentes. As que resistem às pressões por um consumismo irresponsável próprio de frívolos. As poucas, no entanto corajosas autoridades que punem os malfeitores da natureza, por mais poderosos que sejam. Os prefeitos cientes do bem que as cidades cuidadas, limpas, verdes e sustentáveis fazem à autoestima dos cidadãos. Os que abrem as gaiolas e jaulas, e se rebelam contra o covarde crime do tráfico de animais praticado por elementos que jamais deveriam ter vindo a esse belo planeta. Os que consertam antes de comprar novo. Os que trocam concreto por jardins.

            Finalmente, minha grande admiração e agradecimento aos homens e mulheres que, apesar do esforço para passar por esse planeta sem destruir, carregam na alma constante aflição pela degradação impune. Mesmo perseguidos e vitimas de sarcasmo não desanimam em ser a voz profética na defesa da natureza que se debate nas garras dos matadores de árvores e de gente. Muitos deles, como Chico Mendes, Francelmo, Doroty, José Claudio, Maria do Espírito Santo, Eremilton Pereira, Adelino Ramos deram a vida para não nos esquecermos jamais que nossa original e principal missão é a de jardineiros e cuidadores deste paraíso.

Antônio Carlos Danelon é Assistente Social

totodanelon@ig.com.br

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