Livro sobre Piracicaba em 1964: em uma semana, mais de R$ 12 mil arrecadados

Posted on 5 de abril de 2014 por

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A campanha para publicação do livro “Piracicaba, 1964 – o golpe militar no interior”, desenvolvida desde o último dia 27 de março através do site kickante.com já havia arrecadado, até esta sexta-feira pela manhã, cerca de R$ 12.400,00 O valor atinge a meta proposta para viabilizar a edição da obra, que inicialmente seria publicada pelo Instituto Histórico e Geográfico de Piracicaba (IHGP). Há cerca de 40 dias, quando o livro estava pronto para ser impresso, a entidade desistiu da parceria feita com os autores, sem quaisquer explicações.

Com a divulgação do fato e a solicitação de ajuda para que o livro fosse publicado, as manifestações de apoio à publicação do livro correu o Brasil, já que a maioria daqueles que abraçaram a campanha entenderam que a atitude do IHGP foi de censura, como pode ser verificado através de algumas das mensagens deixadas no site Kickante:

“Censura é sempre inadmissível. A divulgação desse livro é de grande relevância. É preciso tornar transparentes todos os atos da ditadura em todo o território nacional. Que esse exemplo de Piracicaba seja seguido por muitos e muitos municípios brasileiros.Parabéns a todos por esse importante iniciativa”, comentou Dermeval Saviani, Professor Emérito da UNICAMP, Pesquisador Emérito do CNPq e Coordenador Geral do HISTEDBR (Grupo Nacional de Estudos e Pesquisas “História, Sociedade e Educação no Brasil”).

“Sob o regime democrático de direito, cabe-nos respeitar a liberdade individual e dos coletivos constituídos. Seria mais fácil para toda comunidade compreender e respeitar, mesmo não concordando, uma decisão de não elaborar, ou mesmo não participar da elaboração de uma Obra. Contudo é de difícil compreensão uma decisão “pós fato”. Celebremos, então, a oportunidade que os autores nos dão de colaborar com a revelação e registro da História”, registrou José Alberto Rodrigues Filho, professor, ex-presidente da Associação dos Docentes da Unimep (ADUNIMEP).

“A história do meu país deve contada, lições determinarão novos rumos, Ainda que os opressores deturpem a informação. Organizar sempre!”, afirmou Luiz A. Barreto, do Rio de Janeiro.

“Egresso que sou do movimento revolucionário que se opôs à ditadura Militar nos anos de chumbo do Brasil, cheguei a Piracicaba muito tempo depois daquilo tudo. Hoje, há quinze anos morando aqui, terei a oportunidade de saber como Piracicaba e seu povo reagiram ao fatídico golpe de estado que tão fundamente marcou nossa história política. Parabéns sinceros a todos os democratas que se empenharam nessa campanha tão nobre”, disse. – José Roberto Michelazzo, Piracicaba.

“Sempre estarei solidária com as causas justas.Lamentável o que ocorreu, mas não me causou surpresa.Confessei a minha indignação a nossa querida Patrícia.Boa sorte a vocês, ao seu trabalho e às suas iniciativas”, comentou Marly Therezinha Germano Perecin. Historiadora e ex presidente do IHGB

Matérias foram publicadas pela grande imprensa, a Câmara dos Vereadores aprovou requerimento solicitando que o IHGP explique o motivo de ter desistido da publicação de uma obra voltada à história da cidade e como aplicará a verba que se destinaria a este projeto.

No site, onde as doações podem ser feitas a partir de R$ 10,00, chegando a até R$ 1.500,00 – valor que confere como recompensa uma palestra com dois dos autores do livro – houve adesão, além de muitos piracicabanos, de pessoas de São Paulo, Americana, Limeira, Santa Bárbara D’Oeste, Rio Claro, Campinas, Águas de São Pedro, Ribeirão Preto, Sorocaba, São Carlos, Socorro, Jaguariúna, Peruíbe, Catanduva, Pelotas, Goiânia, João Pessoa, Brasília, Curitiba, Salvador, Uberlândia, Rio de Janeiro, entre outras. Pessoas que se encontram no exterior, também encaminharam doações dos Estados Unidos e Inglaterra. E-mails recebidos pelos autores dão conta que a campanha atingiu acadêmicos e piracicabanos em vários países.

 

A campanha continua: ainda é possível participar e garantir o livro

O fato da meta inicial de R$ 12.000 ter sido alcançada tão rapidamente não significa o fim da campanha. As pessoas podem continuar fazendo suas doações e garantindo o recebimento de seu livro antecipadamente.

“Quanto mais arrecadarmos, maior será a tiragem do livro. Isso permitirá, inclusive, que possamos distribui-lo gratuitamente a um número maior de bibliotecas e escolas da cidade e da região”, explica a organizadora da obra, Beatriz Vicentini. “Fazer a doação é também uma forma de dizer o quanto cada pessoa se importa em garantir que a história seja registrada sem restrições, inclusive para que novas gerações possam entender melhor sua própria cidade e o núcleo em que vive”.

Quem quiser colaborar basta acessar, até o próximo dia 25, http://www.kickante.com.br/campanhas/piracicaba-nos-tempos-da-ditadura-0