Livro censurado sobre tempos da ditadura em Piracicaba será publicado
Está garantida a publicação do livro “Piracicaba, 1964 – o golpe militar no interior”, vetado pelo Instituto Histórico e Geográfico daquela cidade quando estava finalizado e pronto para ser impresso. Os autores, que há cerca de um mês iniciaram uma campanha para arrecadação de fundos via internet, devem encerrá-la na próxima sexta-feira, tendo arrecadado pouco mais de R$ 16 mil, depois da intensa reação vinda de várias partes do país contra o ocorrido.
“A edição do livro sairá quase que integralmente comprometida com a entrega de seus 600 exemplares para aqueles que fizeram suas doações e para entrega gratuita às bibliotecas de Piracicaba e escolas de ensino superior e médio da cidade”, explica a organizadora da obra, Beatriz Vicentini. Mas quem queira garantir seu exemplar ainda pode acessar o site da campanha, até sexta-feira, data limite para participação.
O livro, com 382 páginas, traz ilustrações da época, com fotos de Christiano Diehl Neto, Roberto Turin, Fabrice Desmonts, além de imagens de acervo cedidas pelo Centro Cultural Martha Watts e Arquivo Público do Estado de São Paulo e UNIMEP. Dividido em 11 capítulos, seu conteúdo busca desmistificar a ideia de que a ditadura militar afetou a vida das pessoas apenas nas capitais e grandes centros. Traz o relato de fatos, depoimentos e reprodução de documentação sobre o que ocorreu em Piracicaba a partir de março de 1964 envolvendo prisões, violência, denúncias injustificadas, perdas de emprego, perseguições a estudantes e docentes, o comportamento da Igreja, os primeiros anos do processo de redemocratização e o aparato repressivo montado na cidade quando Piracicaba sediou dois congressos da UNE, na década de 1980.
Os capítulos da obra, desenvolvidos por três jornalistas, um advogado, dois professores e teólogos, abrangem as seguintes temáticas: “Porque a regra do Direito é a força: impressões sobre o ordenamento jurídico brasileiro na ditadura militar, do autoritarismo à herança da impunidade”; “Passeatas, prisões, tortura, cassação. Piracicaba teve tudo isso, sim!“; “Piracicaba sai às ruas: a Marcha pela Família e o protesto dos estudantes”; “A cruz, a farda e a traição”; “No chão de fábrica e nas salas de aula, a mesma intolerância”; “Militares: revolução necessária e continência ao GCan”; “O golpe militar de 1964: referência na demarcação ideológica da UNIMEP”; “Histórias vividas, histórias desconhecidas”; “Pelo buraco da fechadura, na rua ou na missa: todos observados”; “Informantes duvidosos, cidadãos desprotegidos: cuidado com os comunistas!”; “As duas semanas em que Piracicaba foi da UNE…e dos agentes da repressão”.
Para quem queira ainda contribuir para que maior número de livros possam ser impressos e distribuídos gratuitamente a escolas e bibliotecas, e também garantir seu exemplar, basta acessar, até sexta-feira http://www.kickante.com.br/campanhas/piracicaba-nos-tempos-da-ditadura-0
Posted on 24 de abril de 2014 por blogdoamstalden
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