Por que as pessoas votam em um ou outro candidato é algo muitas vezes subjetivo. A maioria de nós não vota por um cálculo político ou ideológico, mas por motivos emocionais, simpatia ou antipatia, noções superficiais, por interesses particulares (no caso de quem vota em um candidato para pedir favores depois) e até mesmo por pura obrigação, usando geralmente de descaso nesta última forma de votar. Não é para menos que candidatos excêntricos “puxam” votos, porque muitos eleitores, na sua indiferença, acabam por escolher concorrentes travestidos de super-heróis, de Osama Bin Laden ou de notórios palhaços. É uma forma de zombar de uma obrigação que lhes parece alheia e inútil.
É uma pena. Voto sem reflexão, sem análise, sem crítica e sem interesse perpetua nossa política clientelista, elitista e corrupta. Confesso que ver notórias “raposas velhas” e tolos fantasiados se elegendo, me faz mal. Tira minha esperança e me desanima em relação ao futuro. O que me salva é o fato de conhecer um pouco de História e de Sociologia e, por isso, saber que o ritmo das mudanças sociais e políticas é lento, muito lento perto do tempo de duração de nossa vida. De fato, se você pensar bem, há 126 anos existia ainda a escravidão no Brasil. É pouco tempo perto da História. Claro, você pode argumentar que a escravidão ainda existe, uma vez que volta e meia aparecem casos de trabalho análogo ao da escravidão. É verdade, mas neste caso ela é ilegal. Até 1888 ela era legal e aceita por muita gente. Demorou para que criássemos as condições políticas, econômicas e culturais para que fosse abolida. Bem, você pode ainda argumentar que a abolição foi feita sem uma política de inserção dos ex-escravos na sociedade e na economia. De novo é verdade e muita coisa ainda tem que mudar. Mesmo assim, vejo um progresso nesta situação. Um progresso mais lento do que eu gostaria, mas que está aí.
O mesmo eu vejo para a questão da democracia. Da maneira que eu interpreto, só temos uma democracia mais ampla no Brasil há quarenta e quatro anos. Conto desde a deposição de Getúlio em 1945 até o golpe militar de1964, interrompendo o processo até 1989 com a eleição de Collor. Antes disso tínhamos voto de cabresto e só masculino, daí não considerar o período da “República Velha” como mais democrático. É uma forma de ver. Outros podem ver diferente, mas não se pode discordar do fato de que temos menos de cem anos de democracia. E aí vem a minha esperança. A sociedade continua evoluindo e o ritmo desta evolução não é tão rápido, mas é inexorável. O que vemos hoje, com palhaços se elegendo, pode fazer parte de um amadurecimento. Não está escrito em livro sagrado algum que será sempre assim, que sempre elegeremos tolos e oportunistas. Um dia, creio eu, votaremos de maneira mais lúcida. Meu papel, como professor, é manter o apelo a esta lucidez, mesmo que eu não a veja concretizada. O que faço agora e ajudar a construir uma forma social de pensar que, um dia, pode ser majoritária.
Foi pensando nisto que enviei perguntas aos candidatos ao poder legislativo. Pensando em promover uma análise mais ampla e racional da nossa escolha. Perguntei àqueles que já exercem cargos públicos, o que fizeram de efetivo para tentar solucionar a crise hídrica em São Paulo e em nossa região, já que esta crise vem sendo prevista há muito tempo pelos cientistas e estudiosos. Só obtive uma resposta, do vereador Paiva. Os demais me ignoraram. Talvez isso tenha ocorrido porque não viram as mensagens ou ainda porque não tiveram tempo de responde-las. Talvez ainda tenha sido porque não julgaram o meu Blog um espaço digno de uma resposta. Pode ser, não vou questionar. O que me incomoda é que talvez eles não tenham respondido porque não tinham o que responder. Talvez o motivo do silêncio seja porque não fizeram nada de efetivo para evitar a crise e assim é melhor se calar.
Eu não posso saber com certeza o que motivou a falta de respostas, mas minha pergunta foi séria. Assim, sem resposta, os candidatos Mendes Thame, Roberto de Morais, José Luiz Ribeiro, Laércio Trevisan Jr, André Bandeira e Dirceu Alves da Silva não terão o meu voto. Até porque, independentemente de sua atenção, fiz minhas pesquisas e não encontrei suas ações efetivas no que perguntei. Já ao candidato Antônio Paiva, agradeço pela resposta. Mas acho que o senhor poderia ter feito um tanto mais, como propor alternativas locais para a questão hídrica.
Daisy Costa
2 de outubro de 2014
Nem Cutucando as onças com a vara curta sai algo de bom…
André Tietz
2 de outubro de 2014
As raposas velhas candidatas aqui em Piracicaba estão mortinhas só aguardando o juízo final. Não saem as ruas para fazer campanhas, mandam seus capachos, não se mostram por estão sendo esfaceladas aos poucos.
Ninfa S. Barreiros
2 de outubro de 2014
Ótima reflexão, só você Amstalden para ter essa visão clara da política piracicabana. Muito grata pela sua seriedade de sempre. Assim, devido a aula de hoje, creia serei mais lúcida possível. Prometo,rs.
Anônimo
3 de outubro de 2014
Amstalden, muito boa sua argumentação, isso precisava ser mais divulgado meu caro, é bom quando alguém explana com clareza aquilo que pensamos e as vezes não temos como nos fazer ouvir (ler). Quanto esperar que esses cidadãos respondessem seus questionamentos meu caro, tornou-se utopia. Só para bater na tecla que venho batendo a tempos sem eco, a venda de água para a cidade de Saltinho. Estou sensibilizado por aquele povo, tenho amigos íntimos entre eles, família que me são caras, mas sei que essa vontade de ajudar de servir esses nossos vizinhos não passa de uma manobra política porque a família do presidente do SEMAE que foi prefeito naquela cidade tem um loteamento vizinho ao bairro formigueiro que faz devisa com aquele município e será o primeiro beneficiário dessa transação. É por amor aquele povo que se está propondo a venda de água? E se trata de uma autorização que a Câmara Municipal vai autorizar porque ninguém quer briga política nessa época.