
Fonte da Imagem. http://www.correio24horas.com.br/blogs/correio-de-futuro/?p=3845
Essa é uma resposta a um leitor que admiro muito, e que questionou minhas observações sobre o interrogatório de Lula. Para entender melhor, leia os comentários de Antônio no post anterior.
Meu Caro Antônio.
Em primeiro, devo dizer que aprecio muito seus comentários e não é de hoje. Não nos conhecemos pessoalmente, mas você me honra a muito tempo acompanhando este Blog e fazendo comentários sempre muito lúcidos. Este último, inclusive. Por tudo isso eu o agradeço e faço, novamente, um convite que já fiz há muito: escreva para o Blog. Seja um dos nossos colaboradores. Suas análises são pertinentes e nos enriquecem.
Mas vamos ao nosso debate, que é a razão de ser do Blog, debater ideias e pensar juntos.
Em primeiro, Lula não foi preso. Foi conduzido a um interrogatório. Sim, foi um mandado coercitivo, algo desagradável, desonroso, eu concordo. Mas quer saber? Se não fosse isso, ele seria realmente interrogado? Ou a enxurrada de habeas corpus protelaria indefinidamente o interrogatório?
Você pode argumentar, com razão, que os outros nunca são ouvidos por isso, porque se valem de brechas legais para não falar. E se disser isso, tem razão.
O juiz Moro foi bem ousado, ou talvez esperto, em se antecipar. Não desconheço as ligações dele como o PSDB e nem sou tolo de acreditar que isso não tem nenhuma influência sobre o zelo dele. Pode até não ter, mas eu não negaria, tampouco que pode ter.
Mas a questão é outra. Assim como ele o fez, antecipando uma enxurrada de papéis e mandatos que impediriam o interrogatório, eu quero que outros sejam tão zelosos quanto e que TODOS os políticos que estão na mesma situação, sejam interrogados. Mesmo que para isso um juiz tenha que ser “esperto” ou “rápido”.
Voltando, à questão, reafirmo, não houve prisão. E posso estar errado, mas sendo assim, melhor para Lula. Ele pode, finalmente, ser ouvido, falar e agora, tomar as cabíveis medidas legais. Se não houver nada contra ele, melhor ainda. Vai sair mais forte e, talvez até, com chances de reeleição.
Eu fiquei contente sim, Antônio, mas não porque Lula tenha sido levado coercitivamente e muito menos pela exploração da mídia. Mas porque assim essa “novela” se encaminha para o fim. Se nada houver contra, repito, então ele terá condições de se defender e até crescer com a crise. Se houver, então abriu-se um precedente importante. Eu fico contente com isso. Não satisfeito. Satisfeito e feliz, só quando o precedente se tornar o padrão e todos os demais percam suas mil artimanhas, como Cunha, que se vale deles de maneira que só não é ridícula porque é vergonhosa acima de tudo.
Em segundo, não temo um linchamento. O PT, agora, tem fundos mais do que suficientes para se defender e provar a inocência de Lula e dos outros. No injusto jogo da justiça capitalista, eles não estão desamparados. Desamparados estão os que não tem dinheiro para contratar advogados.
Em terceiro, Antônio, não posso acreditar que tudo o que se levantou até agora, inclusive a cessão do tríplex, suas reformas e, muito pior, os desvios da Petrobrás, sejam apenas armações ou perseguições. Desculpe-me, mas não me parece plausível isso. Claro, falar em pedalinhos não deixa de ser ridículo quando outros tem iates. Mas mesmo assim, há algo aí e o PT não conseguiu refutar tudo legalmente, tanto que alguns de seus expoentes estão presos.
Será que a prisão deles foi, também, injusta? Será que vivemos em um estado tão ditatorial que encarcera inocentes de maneira tão arbitrária? Se é assim, porque os presos não apelaram para as cortes internacionais de justiça ou de direitos humanos? Não Antônio, existem débitos sim. E se o partido e seus expoentes querem mesmo manter seu respeito, que se defendam e saiam fortalecidos, seja provando a inocência ou seja assumindo seus erros. Isso teria meu respeito mais profundo.
Por outro lado, claro que não deve parar aí. Claro que há muito mais em todos os outros. Essa é a tônica da política brasileira e sempre foi. Alguém aqui acredita que o PSDB paulista teria tentado colocar as contas do metrô em sigilo de segurança nacional se não houvessem débitos nelas? Há manobra mais cínica do que isso? E, de fato, a imprensa não marca tão cerrado as suspeitas de corrupção do outro lado. Nem tampouco, me parece, os juízes são tão zelosos. Ou então, talvez, o outro lado seja muito mais ardiloso nos seus crimes. Esta diferença, Antônio, é uma tragédia, uma distorção absurda. Um escândalo que precisa ser combatido. Mas eu não creio que possa exigir que seja assim se não aceitar que mesmo pedalinhos ou apartamentos menos suntuosos do que mansões de outros, sejam também aferidos. Não há dois pesos e duas medidas. Pedalinho, trens, iates, refinarias, cargos, todas as irregularidades têm que ser apuradas, seja qual seja seu valor venal.
Meu amigo, permita-me um desabafo. Penso que a situação ficou extremamente irracional. Se aponto falhas e irregularidades no PT, sou criticado e quase agredido por muitos que parecem acreditar que tudo não passa de grande complô da direita e de Donald Trump. Ao contrário, se aponto as irregularidades do PSDB ou de outros partidos, sou quase linchado por aqueles que creem em uma suposta conspiração “comunista bolivariana” ou até judaico comunista, como um idiota chegou a comentar neste Blog.
Tudo isso, meu amigo, é, a meu ver, absurdo. Não vamos construir nada sem clareza, sem crítica e auto crítica. Mas do jeito que as coisas vão, parece que Jesus, o Buda e Maomé voltaram à terra. Parece que Lula, FHC, Aécio e até Bolsonaro viraram profetas perseguidos e acima do questionamento.
Estou cansado disso. “Acima de críticas” estavam Hitler, Mussolini e Stálin. E nós sabemos, hoje, no que isso resulta. Não quero um novo líder inconteste, nem de um lado e nem de outro e acredito, Antônio, pelas coisas que você já escreveu, que essa também não é sua vontade. A verdadeira esquerda, penso eu, significa poder para toda a sociedade. Não para um partido, para uma pessoa ou para grandes empresas. Não existem salvadores da pátria, nem Lula, nem FHC, nem Aécio e nem Bolsonaro. Todos serão injustos se não estiverem sob o controle social. E eu fico contente que isso esteja acontecendo, ainda que parcialmente. Espero que aqueles que nos leem agora, pensem nisso. E deixem de defender a qualquer custo, heróis inexistentes.
Claro que isso, no entanto, significa pensar um pouco além da grande mídia, que não é nada imparcial.
Um abraço.
Luis Fernando Amstalden
Ana Maria
6 de março de 2016
Parabéns pelo artigo! Racional e coerente!
Anônimo
6 de março de 2016
O debate foi bom, mas, concordo com o ANTONIO! Valeu!
blogdoamstalden
6 de março de 2016
Que bom que você gostou. E, sim, que bom que preferiu a argumentação do Antônio. Eu não tenho a Verdade. Ninguém a tem. Ela surge do debate e da reflexão Abraço
Anônimo
6 de março de 2016
Bravo!
Ricardo Leite
6 de março de 2016
Muito bom! Concordo com a sua opinião, e fiquei especialmente sensibilizado pela elegância na argumentação.
blogdoamstalden
7 de março de 2016
Ricardo. Esse elogio, vindo de um artista como você, me honra imensamente. Muito Obrigado. E considere-se convidado para publicar algo de sua arte neste Blog. Abraço.
Antonio
7 de março de 2016
Agradeço sua resposta e ter merecido um post foi e é uma honraria.
Começo fazendo uma separação que acredito ser necessária, para expor e me fazer entender.
Em toda essa celeuma, há dois aspectos distintos que deliberadamente foram e têm sido confundidos e apresentados como fato único pela imprensa.
Um é a investigação em si e o outro é o ativismo político dos investigadores que, em minha opinião, buscam ou agem a mando de alguém com o objetivo de perpetrar um golpe de estado. Antes usavam os militares e agora usam a própria justiça e a mídia.
Vamos ao aspecto investigação, já se vão dois anos de investigações e nenhuma medida para coibir os males foi proposta por todos que tem ou tiveram conhecimento das falhas nos mecanismos de controle que permitiram alguns desvios para campanhas e ou para benefício pessoal de alguns dos envolvidos.
No mérito das investigações, quanto às doações para campanhas políticas que até alguns meses atrás eram permitidas, ninguém pode negar que qualquer empresário que assina contratos com o governo sabe que mais adiante o partido ou os partidos solicitarão doações para suas campanhas. Ninguém por mais ingênuo que seja desconhece que os empresários embutem no total o valor que será doado. Nas empresas privadas ocorre o mesmo e não só no Brasil, mas no mundo inteiro.
Por mais imorais que fossem as doações para campanhas, à época não eram ilegais.
Pelas doações para campanhas alguns tesoureiros de partido, inclusive o do PT, amargam dias na carceragem de Curitiba. O juiz fez por desconhecer que essas doações eram legais à época. Não fez nem faz separação entre aqueles que receberam para benefício pessoal.
Não me refiro ao tesoureiro do PT, mas também a outros políticos tesoureiros que na visão do juiz cometeram crimes e estão presos preventivamente ou já foram condenados por ele. Nesse ponto ele viola a lei da qual é guardião.
Lembro que governantes em função dos seus postos e de seus atos podem beneficiar algumas empresas e delas recebrem presentes.
É comum na época que antecede o Natal, recebermos cartas de empresas avisando sobre a limitação de valores dos possíveis presentes ou lembranças a seus funcionários. No serviço público também existe uma regulamentação quanto a isso.
Neste ponto, há um ponto que devemos considerar que o Presidente Lula abriu para empresas brasileiras o comércio e obras no exterior usando o reconhecimento internacional ao seu trabalho. Eu trabalhei e trabalho em várias delas, construídas por empresas brasileiras. Pois bem uma empresa que foi beneficiada por essa política de abertura é a empresa acusada de reformar o sítio em Atibaia. Não vou usar o argumento, que detesto e foi usado pelo PT em outras acusações, mas pergunto: – Onde está o crime?
Há outros exemplos na mesma linha envolvendo outros políticos de todos os partidos e matizes e é desnecessário relembrar todos eles.
Como há exemplos de enriquecimento pessoal a custa de chantagem ou desvios praticados por todos os políticos de todos os partidos.
Infelizmente muitos do PT se deixaram levar pela ambição e cupidez e hoje são expostos à sociedade como “macacos que nunca comeram mel e se lambuzaram no pote”. Talvez o maior exemplo seja o do José Dirceu, o único que não poderia ter feito pelo simbolismo que representava para o partido e para os militantes.
No aspecto investigação é que “a porca torce o rabo”, toda e qualquer investigação sobre corrupção deve ser feita e conduzida dentro da lei de forma isenta pelos investigadores, promotores juízes etc. Não é o que estamos assistindo impotentes há mais de dois anos.
Quando um juiz ou o juiz e promotores tomam ciência de atos ilegais praticados por diretores das empresas que investigam, eles têm a prerrogativa de nomear prepostos e interventores para que a empresa continue em funcionamento.
O juiz de Curitiba está agindo nesse tempo todo como o marido traído que surpreende a esposa com o amante no sofá da sala e como medida saneadora da relação a ela, vende o sofá.
Isso se aplica as construtoras e a nossa maior companhia ainda em mãos do governo, a Petrobras.
Deliberadamente em minha opinião, ele com ajuda da imprensa têm feito essa confusão propositadamente acirrando os ânimos com ajuda da imprensa. As doações e presentes talvez imorais, porém lícitas e impossíveis de serem calculadas, com os desvios feitos em benefício pessoal por alguns.
E o pior 5% dos envolvidos são filiados ao PT, mas a imprensa reverbera PT, Lula e Dilma.
Em nenhum momento esse juiz, um novo Torquemada, propôs medidas que visassem coibir essas praticas.
Em nenhum momento delegou poderes a um preposto ou interventor para que as empresas continuassem operando, deixando de penalizar os funcionários que nada tem a ver com o que se passa ou se passava na alta administração.
Uma única medida está sendo proposta pelo procurador Dallagnol é uma mudança na lei, através de projeto popular, copiando em parte a legislação dos EUA. Esse procurador se apresenta como pós-graduado em Harvard e omite o tempo que passou em um seminário da Igreja Batista nos EUA recebendo formação muito além da religiosa. Anos atrás eram os “Chicago Boys” hoje o ativismo religioso e, dos piores.
Não sou favorável à corrupção e no Brasil talvez seja nosso maior mal, mas fica evidente que essa busca de justiça, nada tem a ver com coibir ou punir a corrupção. Está dirigida a uma pessoa e a uma corrente política.
Sugiro a leitura do livro: “O Homem que Amava os Cachorros” no qual Leonardo Pagura descreve o mecanismo de destruição da personalidade do Tróstky, destruição necessária antes de ser dada a ordem para que fosse assassinado.
Essa destruição da personalidade é culpa do próprio PT com sua direção pusilânime que nunca fez o “mea culpa” e pior usou o argumento de que se eles fazem, por que não posso fazer.
A confusão, em minha opinião, deliberada, continuou com a condução coercitiva.
Ela seria necessária se Lula tivesse sido intimado pelo menos duas vezes e não tivesse comparecido. A imprensa cansou de noticiar que em várias ocasiões ele compareceu quando convocado por simples ofício ou por telefone.
O estado não pode usar os mesmos métodos dos gângsteres, deixaria de ser estado!
Evidentemente que houve, há e continuará o enriquecimento ilícito não só de políticos, mas de todo aquele que por defeito de caráter ou por ambição desmedida estiver em posição de levar alguma vantagem.
O estado e principalmente um juiz deveria se ater às leis, delas é o guardião!
Não pode aplicar métodos que nem os militares brasileiros ousaram aplicar para conseguir o que deseja.
Todos os detidos são liberados depois de feita a delação, desde que a delação envolva Lula e o PT, qualquer outra é calada com a frase: Não vem ao caso como podem ver e ouvir em vários depoimentos no Youtube.
Se uma enxurrada de papéis preenchidos por advogados caríssimos que atrasam e impedem a ação da lei, como no caso do Maluf inocentado por decurso de prazo, que se mude a lei.
Qual a sugestão feita pelo juiz e seus auxiliares nesse sentido? Nenhuma!
Rememorando o episódio Collor, o nosso povo até hoje acredita que depôs o Collor. Foi inocentado de todos os crimes dos quais era acusado. Não que seja santo, não se provou nada contra ele, dentro da lei.
Então que se mudem as leis antes de um juiz tomar-se por ares messiânicos como o único capaz de fazer justiça, sem levar em conta que o japonês continua na Polícia Federal por força de um mandato de segurança conseguido após sua expulsão a bem do serviço público por corrupção, contrabando e outros crimes praticados à época em que servia em Foz do Iguaçu e o promotor que usa barbicha é responsável por esconder provas sobre o inquérito do BANESTADO, a tal ponto que causou constrangimentos no departamento de justiça dos EUA.
E o próprio inquérito do BANESTADO não deu em nada e era conduzido por esse mesmo juiz.
Eu particularmente acredito em duas hipóteses:
1 – A divulgação da mansão em Paraty, a perseguição sofrida pela fiscal do IBAMA que ousou multar a propriedade por invasão de área protegida e a exposição da neta de Roberto Marinho como sócia-proprietária da empresa Off Shore que é dona da casa e do helicóptero que serve a família, obrigou o juiz, que deve favores à Rede Globo, a tomar essa medida para desviar o foco;
2 – Um ato deliberado de uma corrente política que não tem votos e quer o poder guiado por interesses estrangeiros, para inflamar militantes dos dois lados, acirrar ânimos ainda e provocar conflitos nas ruas que obrigue os militares tomarem medidas extremas.
Essa segunda hipótese, me assusta e rezo para estar enganado.
Vivi 64, era garoto, vivi a violência nas escolas em que estudei, na Maria Antônia, no trabalho e no dia a dia dos anos que se seguiram.
A novela está chegando ao fim, concordo, espero que não termine com sangue.
Só um ponto mais, não houve prisão, houve um sequestro que terminaria em Curitiba, mas acredito que a reação popular em frente ao aeroporto abortou a operação.
Neste ponto me lembro do golpe que pôs fim a vida de Allende.
Poucas semanas antes, houve uma tentativa de golpe abortada pelo próprio Pinochet.
As forças de Pinochet testaram a reação do governo.
A presidente Dilma com seu republicanismo tosco, não reagiu à altura na sexta-feira passada!
Professor, acredito ter me feito entender ainda que não tenha respondido à todas suas colocações.
Antonio
7 de março de 2016
Complementando, não se apela nas cortes internacionais antes de serem esgotadas todas as instâncias no país.
Nunca fomos uma democracia, se fôssemos, todas as privatizações teriam passado por plebiscito ou referendum quando de qualquer eleição. As folhas de votação em outros países são enormes. Todos os pontos são aprovados ou reprovados pela maioria do povo.
Quanto a dizer, sou o mais honesto…etc, para mim é muito mais uma figura de retórica do que uma posição consciente de confrontação das instituições.
Lembro que Lula foi o governante que mais aparelhou os órgãos de controle do estado e em todos os casos que deveria definir o ocupante, sempre escolheu o primeiro da lista pouco se importando com sua preferência política, do escolhido, e hoje sofre por isso.
Prisões arbitrárias e ilegais ocorrem a toda hora, policiais a todo momento extrapolam suas funções, a tortura de presos ainda existe em qualquer delegacias, a diferença é que agora prenderam alguns políticos e empresários.
Regozijar-se com isso é uma temeridade.
Dou total razão ao Presidente Lula quando usou a frase: – Escolhem o criminoso e depois definem o crime.
Leo
7 de março de 2016
Olá, mestre!
Creio que, pela forma como vc se refere aos pedalinhos, não tenha ficado clara a relevancia deles (que é minúscula, materialmente falando). Eles possuem os nomes dos netos do Lula, apesar de estarem localizados no sítio que Lula afirma ser “de um amigo”. Eis aí o motivo, principalmente, de piada, e não de revolta. O que revolta é o cinísmo.
Anônimo
7 de março de 2016
Quanto à parte do texto em que vc cita Mussolini, Hitler e Stalin e em que vc fala sobre teorias de conspiração… Bom… Já ouví mais de uma vez, de mais de um dos líderes do PT a frase: “estamos trabalhando em prol de um Brasil forte, voltado para o social, para a força do Estado e com independência e autonomia”… Bom… Acho que eu não preciso citar quais outras bocas já proferiram essas palavras ao longo da história… E convenhamos, quando se analisa por esse ângulo, as coisas começam a dar bastante medo.
Anônimo
7 de março de 2016
Principalmente se vc levar em consideração que a política brasileira nunca foi baseada no cumprimento de projetos e de planos de governo, e sim na manutenção do poder. Tanto PSDB quanto PT tem única e exclusivamente isso em mente: planos de poder.
Antonio
7 de março de 2016
Pena que não se identifique.
No governo Lula, a política externa capitaneada pelo Amorim resgatou nosso orgulho de cidadania. Vc viaja ao exterior? Se tivesse viajado naquela época poderia ter sentido.
Apesar dos erros e eles existem, esses governos tem trabalhado sim pela nossa soberania como país e como povo.
Esse seu argumento é o mesmo do que é usado por todos que estão querendo derrubar o atual governo.
Soberania plena de um país, eu acredito que poucos saibam o seu real significado.
Soberania em parte é não colocar o estado a serviço de uns poucos, mas acolher todos indistintamente.
Só assim seremos uma nação!
O caminho é longo e difícil.
Se não fosse essa política que critica com ironia, o Brasil não teria usado uma palavra cunhada por um economista para efetivar o BRICS e criar um Banco de Desenvolvimento com alcance mundial, o primeiro fora do controle americano ou europeu.
Se fosse uma política semelhante àquela adotada pelo FHC e antecessores, exceção feita ao General Ernesto Geisel, estaríamos atrelados a interesses que não trazem nenhum benefício ao país e ao povo em geral.
Não teríamos desenvolvido coisas como a mostrada no vídeo abaixo.
Para quem se interessar, vejam no YouTube os dois vídeos que seguem esse.
Alguns políticos servindo a interesses inconfessáveis estão fazendo o diabo para inviabilizar o governo, ainda que isso signifique inviabilizar o país porque querem no grito o poder que não recebem das urnas.
Não aprecio a literatura de Nelson Rodrigues, mas uma frase cunhada por ele é lapidar:
– A unanimidade é burra! Quando um arco de forças como esse se reúne com um único objetivo, alguma coisa errada e muito, está por trás.
Mariana
7 de março de 2016
Putz Luis. Apesar da tua verve, acho que o único argumento defensável do teu texto, desta vez, é: Antônio, Escreve pro blog.
Foi vc mesmo quem me ensinou que entorses ao estado de direito facilitam o retorno à lei do mais forte. E na lei do mais forte quem ganha nunca somos nós.
A prisão do Lula foi ilegal, e lembra muito o que foi feito com outros líderes antes de golpes (isso que ele é apenas candidato, mas va la).
Fiquei um tanto chocada e, devo dizer, desapontada ao ler você defender “esperteza” (leia-se ilegalidade) do juiz filiado ao partido rival (oi?). Como assim Luis?? Juiz não tem que usar “esperteza”, tem que ser legalista!
E os chavões!! Hoje uma pessoa muito cara me presenteou com o famoso: “são todos farinhas do mesmo saco”, não são, claro quenão são. E agora leio você dizer que todos devem ser investigados. Ah deveriam, claro!! Num mundo ideal. Com vc eu concordo. Mas serão? Você sabe muito bem (ou pelo menos disse isso no teu texto) da parcialidade do juiz. Qual a condição de igualdade num jogo democrático em que apenas um lado tem juízes filiados ao seu partido? Ninguém (nem você, pelo que escreveu) acredita nisto.
Então por poder pagar advogados o PT não pode ser perseguido? Difícil concordar com isso, e olha que em mim vc tem uma platéia naturalmente confiante.
Então é certo bater só no Chico?
Isso me lembra um filme do Daniel Auteuil e da Juliette Binoche chamado “Caché”. Recomendo.
blogdoamstalden
8 de março de 2016
Olá Mariana.
Eu pretendia responder depois, mas não aguentei a curiosidade. Li e resolvi responder agora.
Bem, eu também gosto muito dos comentários do Antônio e o convido faz tempo. Logo, que bom que concordamos neste ponto.
Sim, fui eu que ensinei isso a você, embora talvez não tenha sido o único.
E acontece, Mariana, que na minha visão o PT deixou há muito tempo de ser um grupo defensor da democracia para ser um partido de práticas “comuns” no Brasil, o que não é nada bom, se é que você entende.
Logo, ele tem mecanismos de usar a lei do estado de direito burguês e o usou, muitas vezes. Eu poderia citar vários casos para você, inclusive aqui em Piracicaba. No ano retrasado, eu disse isso a eles no seu seu próprio diretório e não fui contestado (!). E, se já usa, se já se rendeu a muito do que criticou antes, então que o faça agora. Se Maluf consegue ficar solto até hoje, o PT, que aliás se aliou a ele, também vai conseguir livrar Lula. Minha citação da contratação de advogados tinha muito de ironia. Acho que não consegui expressar bem isto, no entanto.
Mariana eu não vou expor tudo o que me dá a tranquilidade para dizer isso acima porque eu, apesar de muito franco, nunca fui “burro” a ponto de me sujeitar a um processo por dizer aquilo que não posso provar com documentos. Mas pode acreditar que eu perdi a muito, muito tempo, as ilusões com o Partido. Não desconheço o linchamento na imprensa. Não desconheço o ódio cego de fascistas que não se assumem como tal, tem pelo PT e pelo Lula. Tenho repulsa por tais fascistas e pela imprensa parcial. Mas não vejo nem o PT e nem o Lula como expoentes da esquerda agora.
E, mesmo que visse, Mariana, eu ainda quero a lisura. Apesar de tudo o que Moro é, filiado, filho de fundador, etc, o fato é que o mensalão, os desvios na Petrobras, o tráfico de influência e tantas outras coisas mais, ocorreram. Ou você acha que não?
E se ocorreram, o que devemos fazer? Argumentar, como muitos fazem, que os “fins justificam os meios”? O argumento de mau necessário, que já ouvi de alguns, não me convence, Mariana. Nem em termos de alianças e trocas e muito menos em termos de desvios. Se tudo foi uma mentira, se a Petrobras não foi lesada, se o mensalão não existiu, então o PT teve e terá a chance de provar e se redimir. Mas se não, que assuma as consequências.Da forma que você fala, tenho a sensação de que todo o Judiciário “armou” contra o PT e o Lula. Isso não me parece muito real. Parece mais uma posição de obediência militante, como a de muitos. Eu não creio que isso seja o seu caso. Mas é o de muitos agora que parecem ver demônios czaristas debaixo da cama assim como outros vêm demônios judaico comunistas… Triste polarização.
Para concordar em algo, devo dizer que a minha fala sobre “esperteza” do juiz não foi lá grande coisa mesmo. Mas não é esse também o mecanismo que se usou antes para protelar o depoimento? Não foi também uma manobra de “esperteza”?
Por último, devo dizer que esta história de golpe também me parece chavão. E, não, Mariana, nada justifica bater no Chico. E isso não faz parte da discussão. A discussão é sobre irregularidades ou não. Só