
Fonte da imagem: https://epoca.globo.com/vida/copa-do-mundo-2014/noticia/2014/07/pior-derrota-do-brasil-bna-historia-das-copasb.html
É, perdemos a copa de 2018…
Mas o que perdemos de fato?
Claro alguns perderem dinheiro, seja em apostas seja em investimentos em propaganda ou venda de bebidas que agora não vão ser tão rentáveis. Mas, e o restante de nós?
Eu penso que o que de fato perdemos, foi a potência que nunca tivemos. Desde muito, desde o início, fomos uma promessa, um território grande, com recursos naturais abundantes, com população variada que poderia ter se desenvolvido, poderia ter alcançado um estado de bem estar coletivo, mas nunca conseguimos.
Desde o início, fomos e somos um país de poucos donos. Ontem de senhores de escravos, hoje quase isso. Um país em que a grande maioria não tem renda decente, não tem segurança, seja física seja social, não tem acesso a medicina básica, muito menos avançada. Um país em que a maioria do povo não tem poder. Em que a maioria é impotente.
E agora, com um governo fantoche, cuja maior preocupação é não ser preso, talvez esteja tudo pior. Os abutres do poder, velhos políticos ou novos ricos, assalariados dos interesses das grandes corporações ou donos de grandes propriedades, demonstram ainda mais nossa impotência. Leis trabalhistas afrouxadas à espera de mais empregos que não virão, posto que máquinas são mais lucrativas. Perdão de bilhões em dívidas de empresas para com a previdência social e ao mesmo tempo a proposta de mudanças na aposentadoria. Dívidas de bilhões por crimes ambientais perdoadas e, de quebra, uma “modernização” (termo cínico) nas leis que regulam o uso de agrotóxicos, pode liberar produtos cancerígenos a mais. Políticos presos de acordo com o perigo que podem representar para os poderosos e não de acordo com a lei, até porque se fosse por ela, outros, muitos outros estariam presos. Tudo isso e muito mais ressalta a nossa impotência.
Sempre foi assim. Nunca tivemos o poder, nunca tivemos a cidadania. Essa só aos grandes proprietários. E o futebol, há, o futebol, sempre nos eu essa outra “potência”. A sensação de que em alguma coisa somos bons, em alguma coisa somos unidos. De que de alguma coisa podemos nos orgulhar. Sim, somos pentacampeões. E, sim, os jogadores, na maioria, vem as classes pobres e subiram na vida.
São os “ex pobres” vindos de bairros populares e as vezes até de favelas. Eles conquistaram o respeito, a segurança e a fama que queremos, mas não temos. Eles cuja biografia foi largamente cultivada pelas redes de TV e mídia em geral, são, ao contrário, o exemplo do que se mostra, o exemplo da exclusão social, porque demonstram que para os pobres a melhor e talvez uma das pouquíssimas formas de ascensão, é ser “bom de bola”.
Mas mesmo eles são a minoria da minoria. Milhões de crianças e jovens jogam futebol, com bolas de verdade ou de meia, em chão batido ou pequenos campos, e muito poucos ascendem.
No fundo eles demonstram a impotência do povo, mas são “construídos” de forma contrária.
E agora eles perderam. Nós, na verdade, perdemos.
Perdemos a pequena ilusão eufórica de sermos bons em algo, de vermos nossa fraqueza real transformada em força midiática.
Agora, talvez, muitos em busca dessa “potência” perdida se voltem para a dura realidade e, em busca de algo a que se agarrar, votem em um candidato fascista, que como todos os fascistas, prometem o poder pela força, pela violência.
Mas, se isso ocorrer, será uma solução falsa, como sempre é o fascismo. O poder continuará nas mãos de poucos e aqueles que já o tem, se apressarão em fazer alianças com o candidato fascista, que além de tudo é notoriamente burro, e vão tornalo um marionete, como o governo atual.
E nós teremos perdido outra vez. Teremos perdido algo muito mais importante: a chance de termos um poder real, que de fato faça diferença em nossas vidas.
Somos pentacampeões de futebol, mas nunca ganhamos a taça da democracia e da cidadania reais.
E vamos continuar sem ganha-las até o dia em que percebermos que o poder que queremos e precisamos está na união, na nossa união.
Porque o “time” dos que agora tem esse poder, é bem mais unido do que percebemos.
Posted in: Artigos
Posted on 6 de julho de 2018 por blogdoamstalden
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