Ilmo. Sr. Deputado Antônio Carlos Mendes Thame.
No dia 25 de Abril de 2012, ocorreu na Câmara dos Deputados a votação do novo Código Florestal que havia sido apreciado pelo Senado. É certo que o Código como proposto pelo Senado não era perfeito, no entanto a versão aprovada, com o seu voto, significou retrocessos sérios em termos ambientais.
Com as alterações do relator Paulo Piau (PMDB – MG) e aprovadas também pelo seu voto, o Código Florestal não restringe, como o fazia no texto do Senado, o crédito agrícola para quem desmatou, além de diminuir a proteção em torno de nascentes e anistiar desmatamentos em topos de morros e mangues.
Vejo nestes pontos, e em outros mais que não caberiam nesta mensagem, uma vitória dos que, no passado, derrubaram matas e agora se veem livres de sansões e de penalizações, como a restrição ao crédito. Pior, vejo a possibilidade de estes mesmos proprietários continuarem a derrubar matas, incentivados pela “anistia” e confiantes da impunidade futura.
Sinceramente, eu não entendo o seu voto. O senhor tem um programa de televisão aos domingos, que versa sobre sustentabilidade; o senhor milita pela preservação da Bacia do Rio Piracicaba e tem na questão ambiental um dos focos de seu mandato. Sendo assim, porque votou contra o texto do Senado? A preservação dos mananciais não está ligada a questão das bacias fluviais? Preservar a vegetação em mangues e topos de morros não está ligado a sustentabilidade? E evitar o desmatamento também não é quesito para o desenvolvimento sustentável?
Além disso, não entendo o seu silêncio sobre o assunto. Desde o dia 25 até hoje, dia 01 de Maio, acessei continuamente seu site oficial na esperança de que o senhor fizesse algum comentário a respeito da sua posição em relação ao Código Florestal. Não achei nada. Nesta semana, ainda, vi uma reportagem na qual o senhor aparece junto com sua esposa no Jornal de Piracicaba. A edição trazia, a exemplo de muitos outros jornais, uma charge ironizando o novo Código referendado também pelo senhor, mas na matéria falava-se de outro assunto totalmente alheio.
Deputado, numa democracia representativa, o senhor nos representa e, portanto, advoga nossos interesses no Congresso. Um assunto tão importante como este deveria ter, de sua parte, pelo menos alguma explicação que justifique sua postura e demonstre que o senhor defende realmente os interesses de quem lhe delega a representação. Assim, creio que teria sido mais do que oportuno, na verdade teria sido uma obrigação, que o senhor utilizasse dos meios que têm disponíveis, inclusive seu programa de televisão, seu site e seu acesso aos jornais para nos explicar sua postura.
Talvez, deputado, nós não saibamos toda a realidade. Talvez o Código tivesse erros muito profundos e ocultos que nos fugiram, distantes que estamos de Brasília e dos sutis detalhes da legislação. E é exatamente por isso que o senhor deveria nos mostrar a realidade e explicar o seu voto que, pelo menos por enquanto, se aparenta tão contrário aos interesses de uma sociedade preocupada com o Meio Ambiente e com a sua postura pública de defensor deste mesmo Meio.
Não sei por que ainda não o fez, talvez por algum problema de agenda, mas na esperança de que o senhor nos responda, fechando esta lacuna, envio-lhe este mail que publico também em meu blog e aguardo, junto com milhares de outros, a sua resposta.
Atenciosamente.
Luis Fernando Amstalden
Cidadão.
Jean-Louis Buffet
1 de maio de 2012
Bom-dia, Luís Fernando,
Acabei de ler o email que você enviou ao deputado Mendes Thame, que me pareceu bem escrito e fundamentado. A meu ver, os deputados que lá estão e que, por obrigação, deveriam defender nossos interesses (vai parecer lugar-comum, mas nem por isso deixa de ser verdade), estão pouco se importando com o futuro da nação e de seu povo, estando, sim, empenhados em defender unicamente os interesses dos industriais… e dos grandes produtores agropecuários (para eles, mata é terra inutilmente ocupada; no modo de pensar destes senhores, uma árvore em pé é inútil…). Receio que teu email fique sem resposta, até porque o único argumento que o deputado poderia apresentar em defesa de sua posição seria econômico…
Abraços e continue escrevendo no blog!
Jean-Louis
blogdoamstalden
1 de maio de 2012
Jean. Concordo em gênero, número e grau com as suas considerações. Só espero que não fiquemos sem resposta no mail, uma vez que, penso eu, a função de um deputado é também a de informar seus representados sobre o que e como está sendo feito no Congresso. Agradeço muito seu comentário, muito bem escrito por sinal, e espero contar sempre com suas visitas e participações. Abraço, meu Amigo.