Responder a uma crítica ou a um questionamento é um direito democrático de todos. Tenho visto, nas páginas dos jornais piracicabanos, várias críticas à atuação da prefeitura e, por sua vez, várias respostas às mesmas. Na maioria das vezes são respostas dadas por secretários ou outros cidadãos envolvidos ou não com o poder público. A minha crítica a nova passarela do rio Piracicaba, no entanto, foi respondida pelo próprio prefeito, o que muito me honrou. Quando um chefe do poder público responde diretamente como o fez, além de exercer seu direito de resposta democrática, está demonstrando respeito por quem o questionou. Agradeço ao prefeito Barjas Negri por tal respeito e digo que a recíproca é verdadeira. Eu lhe tenho o mesmo respeito que o senhor tem por mim.
Também agradeço pelo adjetivo “importante sociólogo” que me atribuiu. Mas mesmo grato, devo dizer que minha importância está no fato de ser um cidadão, como milhões de outros, e não na minha atividade profissional.
Em relação a sua resposta, tenho algumas considerações a fazer. A primeira é de elogio. Parabéns por investir mais na Educação e Saúde do que em Obras. Creio que é isso que se espera dos governos no Brasil, sempre tão pródigos em estradas e tão avaros em preocupações sociais.
Como segunda consideração, devo dizer que realmente sei que o maior gasto é em custeio e pessoal envolvidos nas áreas sociais. Mas creio que gastar bem e bastante neste custeio é fundamental para a qualidade do atendimento. Penso que pagar bem, na verdade o melhor possível, a um professor, um médico e cabe acrescentar, aos policiais civis que trabalham na segurança, são maneiras de garantir a excelência que desejamos em tais serviços. Note também que uma boa remuneração é uma forma de cobrar destes profissionais, o empenho na qualidade. O sociólogo André Gorz, afirma em sua obra “Adeus ao Proletariado” que uma reação dos trabalhadores a salários ruins é devolver um serviço ruim ao empregador. Não afirmo, porque não sei os valores, que pague mal aos profissionais citados, mas sim que deve-se pagar o máximo possível.
E daí vem a terceira consideração: obras são importantes, não há dúvida, mas sua utilidade tem que ser ponderada em relação aos benefícios trazidos ao conjunto da população. De fato precisávamos de pontes novas uma vez que o fluxo de trânsito aumentou. Porém a passarela, pelos motivos que citei no primeiro artigo, não está dando vazão a fluxo, ou pelo menos não a um fluxo de importância. Logo, gastar com ela (e, diga-se de passagem, com as estaias e o elevador panorâmico da nova ponte do Mirante) me parece menos importante do que investir este mesmo dinheiro na melhoria dos vencimentos de médicos, professores, policiais e, de quebra, outros servidores públicos. Eu diria que, quando já tivermos atingido a excelência (reafirmo que a excelência e não a média ou a superioridade da média no Brasil, uma vez que nossos índices são sofríveis), aí talvez possamos gastar com o supérfluo como o elevador ou as estaias decorativas.
Como quarta consideração, senti falta de sua resposta em relação aos pontos que enumerei. Não há nada sobre a adequação ambiental, econômica, histórica e mesmo social da passarela a que me referi diretamente. Se estas adequações não existem, então realmente o dinheiro gasto nela deveria ser usado para áreas mais relevantes. Sinceramente não vejo a passarela ligando “área gastronômica” ao Engenho. A maioria dos restaurantes está abaixo. Naquela altura da Avenida Beira Rio há bem poucos. Quantos e beneficiam então?
Como última consideração, devo dizer que espero que o senhor continue a dialogar com os cidadãos assim como o fez comigo. Calar, perseguir ou ignorar questionamentos sempre foi prática no Brasil, que por sua vez teve poucos períodos democráticos na sua História. Ao dialogarmos, o senhor e eu estamos contribuindo um pouco para mudar isso.
De minha parte posso lhe garantir que sempre questionarei aquilo com que não concordar, seja em relação a sua administração seja em relação a próxima e seja ela de quem for. Este é um dos meus papéis enquanto sociólogo e professor.
Anônimo
3 de maio de 2012
Bom finalmente entrei e li esse primeiro artigo, parabéns Luis pelo blog.
Realmente em Piracicaba a muito reclamo e observo que há um excessivo dinheiro sendo gasto em obras, a cidade inteira virou um canteiro de obras o que sempre gera a questão: “São todas necessárias?” ou talvez “Quanto estava previsto gastar e quanto ficou?” . Em relação a essa última a nova (e bonita) biblioteca custou o dobro do que deveria ter custado. Não poderia manter a antiga e construir mais uma e ter duas? Com talvez menos dinheiro?…Enfim são só questionamentos que vivem me atormentando….
Anônimo
3 de maio de 2012
Esqueci de por meu nome: Samuel…kkkkk
blogdoamstalden
4 de maio de 2012
Taanami San? Obrigado por comentar, meu Amigo.
Em Piracicaba e no Brasil você pode observar os fenômenos que citou: prioridades questionáveis, verbas extras para obras originalmente mais baratas, beneficiamento de poucos em detrimento da maioria e por aí vai. Mas penso que o grande responsável por isso, afinal, somos nós mesmos. Nosso desinteresse, nossa apatia, nossa falta de coragem de cobrar e nosso individualismo são so fatores que permitem aos governos disporem das obras públicas para interesses nem tão públicos. Não dá para se iludir. A situação só muda quando realmente resolvermos acompanhar, questionar e cobrar. Se não começarmos a fazer isso, tudo continuará igual. A boa notícia é que nunca houve tanta facilidade de questionarmos e cobrarmos como hoje. A internet é uma das ferramentas fantásticas disso. Por ela, podemos nos mobilizar, opinar, discutir e definir. Está na hora de transformar a web numa grande rede democrática.
Abraços
Eduardo Stella
4 de maio de 2012
Luis,
Gostaria que passasse na avenida do carrefour (Terras) e observasse: 1ª ponte para uso do Terras já era desnecessária, já que tinha uma ponte lá na frente. Agora, fizeram outra ponte no meio dessas duas pontes.
Qual a necessidade dessa ponte? Vide e observai tal disparate a nossa reles inteligência, ou assim a julga nosso poder público (com razão, vide os 83%). Gostaria de saber o porque de 3 pontes em 200m com movimento pequeno. Também, aproveitando pra falar da área, nossa digníssima administração asfaltou a estrada do pátio de veículos até um futuro condomínimo de luxo.
Senhores, tirem as cartas da manga e façam suas apostas: A quem beneficia isso?
blogdoamstalden
4 de maio de 2012
Bom Dia Eduardo.
Obrigado pelo seu comentário. Infelizmente (ou será felizmente?) eu não vi esta ponte do Terras, mas muita gente a tem mencionado. Não sei qual a necessidade de mais esta obra. O que sei é que existem prioridades. Ocorre que nem sempre a prioridade é o interesse da maioria, mas sim de poucos.
Alguém sempre ganha com uma obra. Seja uma minoria de pessoas ou de empresas, seja o grosso da sociedade. Creio que a grande mudança necessária é a verdadeira democratização: obras e serviços para a maioria do povo. Não para poucos.
Que tal você ou outros leitores fotografarem esta ponte e me enviarem?
Abraço.
Anônimo
4 de maio de 2012
Ouvi dizer que as obras da ponte do mirante estariam sendo ”atrasadas”, supostamente para que a entrega ocorra próximo as eleições. É um absurdo a quantidade de pontes na cidade, e como ja foi dito, ela beneficia uma parcela muito pequena da população….muito pertinente o assunto! Tomara que esse blog gere bastante debate!
Bom vou fazer aqui o meu jabá. Sou o ilustrador que criou o trabalho que vocês veem no topo desta reportagem. Para quem gostou vou postar links para outros trabalhos meus e meu e-mail. Abraços!
http://joaobaptistella.deviantart.com/
email: jpaulobaptistella@gmail.com