Eu Candidato. Por Luis Fernando Amstalden

Posted on 31 de maio de 2012 por

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Foto de Juliana Machado Amstalden

Comecei a escrever para o Jornal de Piracicaba em março passado. Em abril iniciei as atividades do Blog. No entanto minha colaboração com a imprensa é bem mais antiga, tanto no JP quanto em outros jornais da região, além de rádio e TV. O fato de ter iniciado a colaboração mais frequente num ano eleitoral, fez com que eu descobrisse que sou “candidato”.

Não sei por qual partido (não sou filiado a nenhum) e, para ser franco, nem para que cargo. Ouvi dizer que é para vereador, mas há quem diga que é para as eleições de 2014, quando então serei candidato a deputado estadual. De qualquer modo, esta não é minha “primeira candidatura”. Quando estive muito envolvido numa campanha para que um assassino de mulheres fosse punido, também ouvi falar de minhas próprias pretensões à carreira política. É sempre assim, candidatos vão em busca da visibilidade em ano eleitoral. Daí quando alguém se expõe, principalmente pela mídia, costuma ser confundido com candidatos.

Enfim, se você de alguma maneira pensa em votar em mim, devo informar-lhe que não sou candidato a nenhum cargo eletivo. Não que eu despreze a política. Muito pelo contrário, acho até que participamos menos do que deveríamos. Acontece que o que eu não consigo fazer, e daí não ser candidato a nada, são algumas coisas que acabam por ser parte do quotidiano de um candidato.

“Puxar saco”, por exemplo, eu não consigo. Procuro tratar as pessoas bem, ser educado etc. Nem sempre consigo, às vezes porque também tenho “dias ruins”, às vezes porque erro e outras tantas porque tem gente que não sabe ser gentil, então acaba por não merecer o mesmo. Se uma pessoa tem dinheiro ou um cargo de poder, isso não a faz nada especial para mim. Se ela tem caráter, sabedoria, humildade, honestidade, honra, então sim, passa a ser especial. Porém não sou do tipo que aperta mãos e diz palavras doces, baseado no poder financeiro, status social ou cargo político de alguém. Também não saio por aí bajulando qualquer um que encontre, seja conhecido ou não. Aliás, tem gente que conheço que faço questão de não cumprimentar. Antipático? Talvez, mas não hipócrita. Logo acho que numa eleição, eu não teria muito apoio dos mais poderosos e perderia outros tantos votos por não bancar o populista.

Outra coisa que não consigo é fazer barganhas. Eu não daria cargos a ninguém em troca de apoio. Daria por competência, por acreditar que uma pessoa pode ser eficiente no cargo. Mas não em troca de tantas centenas de votos. Não nomearia a parentes também. Aliás, como costumamos saber mais de nossa família do que de outros, confesso que a uns tantos eu até demitiria se fosse o caso. Foram-se então mais umas centenas ou talvez milhares de votos por não nomear incompetentes.

E alianças? Esta é outra coisa em que eu teria muita dificuldade. Se eu estivesse em um partido que foi contra a ditadura, por exemplo, não teria “estômago” para compor com velhas figuras políticas que apoiaram os militares. Jamais conseguiria ficar ao lado de Paulo Maluf, Fernando Collor ou José Sarney. Tampouco comporia com um partido que foi, no passado, a antiga ARENA, fantoche da ditadura. Sim, eu sei que não é possível governar sem apoio, mas de qualquer modo, eu não conseguiria. Prefiro ainda trocar de calçada quando encontro estes antigos mandatários. Perdi mais votos, não?

Por último (a fim de não alongar o artigo), eu não conseguiria fazer contratos com grandes empresas ou negociar obras que beneficiassem mais a grupos econômicos específicos do que a grande maioria da população. Logo, não teria muitas doações de campanha e não conseguiria dinheiro para contratar profissionais de propaganda a fim de me “moldar” para ser eleito. E falando em população, eu também não distribuiria jogos de camisa de futebol, caronas em carros públicos, verbas para churrasco. Tampouco pagaria contas atrasadas de luz e água a quem viesse me pedir. Pronto! Perdi a eleição de vez. Não faria o jogo do clientelismo com os mais pobres.

Agora, pense bem. Se eu fizesse tudo isso você votaria em mim? Se votaria, paciência, vamos demorar um pouco mais para ver as coisas melhorarem. Se não votaria, então porque votar em quem faz?

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