
Imagem do site: http://www.exoticindiaart.com/product/sculptures/nirvana-buddha-under-tree-of-life-EL03/
Após o Sidarta ter abandonado os Sadhus e suas práticas penitentes, mergulhou profundamente em seu próprio Ser. Meditando, aprofundou-se nas raízes de seu Eu e de seu sofrimento, mergulhou em sua mente e nos mecanismos dela.
A tradição diz que ele não abandonou a meditação até ter alcançado as respostas que buscava. Novamente temos aqui uma metáfora, um simbolismo, pois conta-se que o Sidarta permaneceu quarenta dias em meditação contínua. Note a similaridade com outras crenças. O Evangelho diz que Cristo se retirou para o deserto e jejuou por quarenta dias também. Não sou especialista em simbologia, mas creio que há algum simbolismo forte nesse número.
De qualquer maneira, é impossível dizer quanto tempo Sidarta meditou e com que continuidade. Mas certamente não devem ter sido quarenta dias ininterruptos. Porém, qualquer que tenha sido o tempo de meditação, Sidarta alcançou finalmente a Iluminação. Num momento, num “insight” fulminante, o Mestre finalmente atingiu a Verdade, ou, como se diz em Sânscrito (antiga língua hindu) o Nirvana. Conta-se que, imediatamente ele abriu os olhos e disse: “É maravilhoso, é maravilhoso”. Nesse exato momento, Sidarta tornou-se um ser iluminado. Ou, como se diz em sânscrito, um Budha.
Para nós, fica porém a grande questão. O que é o Nirvana? O que sentiu o mestre? Para estas perguntas, não existem respostas. Isso porque o Nirvana é um estado de espírito incompreensível a quem não o vive e incomunicável por palavras. Para um iluminado, descrever o Nirvana seria o mesmo que tentar dizer o que é a cor para um cego de nascença. Assim, a única forma de conhecer o estado de iluminação é vivê-lo.
E isso é possível a todos nós. Todas as criaturas podem atingir a iluminação, tornando-se Budas.
Mas voltemos a Sidarta. Ao atingir a iluminação, o agora Buda, pela grande misericórdia a todas as criaturas que o seu novo estado gerou, passou a ensinar os princípios de seu caminho. Note-se que ele não ensinou, e nem pôde, o que é o Nirvana. E sim o caminho que trilhou para chegar a este estado. Tal caminho, que leva ao profundo auto-conhecimento antes de mais nada, foi exposto por Sidarta através de sermões e demonstrações. Para melhor passar os princípios, o Buda sistematizou suas percepções e descobertas através de alguns princípios filosóficos.
Há porém um ponto muito importante a ser colocado. O Senhor Buda nunca disse haver um só caminho ou impôs algo aos seus discípulos. Ao contrário, incentivou-os a experimentar. Embora alguns princípios sejam comuns e fundamentais, a forma de meditar e de se alcançar a iluminação varia de pessoa para pessoa. Para alguns se consegue melhores resultados meditando de forma passiva, sentado. Para outros a meditação pode ser dinâmica, através do movimento, do trabalho etc. Via de regra, podemos combinar ambas as formas. O mais importante é lembrar sempre que o Buda nunca disse “essa é a única forma”, mas, como já foi dito, incentivou a experimentação. É verdade que, para iniciar, ele propõe alguns princípios filosóficos fundamentais. Mas tais princípios devem ser compreendidos e não tornados dogmas. Em outras palavras, uma vez que entendamos tais princípios, não devemos fazer deles uma “camisa de força” que não suporta questionamentos. O Buda nos exorta a questionar mesmo as suas palavras para que experimentemos a realidade. Se o que ele ensina for correto, então absorveremos. Não existe a preocupação de impor nada a ninguém.
O primeiro desses princípios é o que chamamos de “As Quatro Nobres Verdades”. Ou seja, as quatro bases para o pensamento de um praticante, que devem ser aprendidas e aceitas para que ele comece o seu caminho para a iluminação. Num artigo próximo, falaremos mais sobre este primeiro princípio.
Anna Flávia Silva
23 de junho de 2012
Lindos os textos, Luís! Adorei os posts sobre o budismo.
Vou continuar acompanhando.
blogdoamstalden
25 de junho de 2012
Legal Anna. Tem mais quatro ainda. Depois eu escrevo um pouco sobre o Taoísmo. Bjs.