Fim das eleições, fim da campanha. Tenho certeza de que para muita gente a questão política agora só vai ser retomada daqui dois anos, quando ocorrerem novas eleições. Em termos municipais, só será retomada daqui a quatro anos, quando chegar a hora de escolher novamente o prefeito e os vereadores. De resto, a maioria vai voltar a sua rotina e até agradecer por não ter que ouvir falsas promessas, pedidos de votos de parentes, vizinhos e amigos ou de amigos dos amigos de parentes e vizinhos. A maioria vai ficar feliz pelo fato da novela voltar ao seu horário normal, sem propaganda política. Feliz pelo fato de seu computador não ser invadido o tempo todo por candidatos nas redes sociais ou por mensagens eletrônicas. Feliz também (e aí eu devo dizer que até me incluo) por não “tropeçar” em milhares de “santinhos”, cavaletes e outras propagandas impressas. A cidadania foi exercida nas urnas, mas agora, infelizmente, será esquecida por muitos.
A maioria das pessoas vai esquecer em que vereador votou. E muitos vão até esquecer em que candidato a prefeito votaram. Para a maioria dos nossos cidadãos, a administração pública vai voltar para sua “torre de marfim” e lá ficar, ocupada nos “misteriosos” exercícios de governo.
Já para uma minoria de “eleitores diferenciados”, aqueles que financiaram as campanhas ou que atuaram, sob pagamento, como cabos eleitorais, é hora do acerto de contas. No momento em que escrevo, já estão ocorrendo as primeiras negociações. Quem vai levar o quê dentro da administração pública. Para os menores, os “cabos eleitorais assalariados”, é hora de negociar aquele empreguinho comissionado na Prefeitura ou na Câmara dos Vereadores, aquele cargo para seu filho, sua filha, seu parente, ou, na pior das hipóteses, a continuidade de um pagamento extra oficial para que eles não se desmobilizem e mantenham os “currais eleitorais”.
Para os que financiaram as campanhas, oficialmente ou extra oficialmente, é hora de dividir o bolo das obras e prestação de serviços. O que será construído ou prestado em serviços (limpeza, merenda e outros) pelos próximos quatro anos, já está sendo negociado. A mesma negociação também vai ocorrer, aliás, já está ocorrendo, entre aqueles outros “eleitores diferenciados”. Os líderes de partido, os candidatos a vereador eleitos (em muitos casos, “re, re e reeleitos”) e os outros “pequenos caciques” políticos que agora já estão discutindo e negociando entre si as diferentes chefias, secretarias e outros cargos maiores.
É assim que é. E é assim no Brasil todo, menos naquelas cidades onde haverá segundo turno e a campanha continua, mas será assim depois deste segundo turno. E você quer saber? É por isso que temos tanta corrupção neste país. É por isso que as eternas promessas de melhoria da saúde, da educação e da segurança, continuam, salvo raras exceções, apenas promessas eternas.
Mas sabe por que é assim? Exatamente porque para a maioria a questão política só será retomada daqui a dois e quatro anos. Porque até lá a maioria dos eleitores vai se esquecer de seu voto e, principalmente, de cobrar a boa atuação dos eleitos. Você quer que seja diferente? Bem, talvez não. Talvez você prefira não pensar muito no assunto e este é um direito seu. Mas o fato é que pensando ou não, você vai sofrer os efeitos das negociações que estão acontecendo agora. Será o seu dinheiro e o seu futuro, o seu bem estar e de seus filhos que estarão sendo afetados.
Pode ser diferente? Pode! Como? Mantenha-se informado do que eles farão. Exija o cumprimento das promessas. Avalie, questione, discuta e cobre o que eles prometeram. Educação melhor? Nós queremos e é agora. Saúde melhor, transito melhor, meio ambiente melhor? Queremos tudo isso e não é só no papel. Nós votamos, nós demos o direito de algumas pessoas nos representarem e governarem. Agora queremos o que nos pertence, nossa vida e nosso bem estar. Tenha o seu candidato ganho ou perdido, agora todos os eleitos são os seus delegados. Faça-os assim. Faça-os delegados e não os veja acima de você. Não seja um cidadão apenas na hora de votar, não deixe que a cidadania acabe após as eleições. Mantenha-se um cidadão pleno, participando, acompanhando, avaliando e cobrando. A democracia no Brasil é jovem, mais jovem do que eu. Ainda a estamos construindo. Continue a construir neste período até as próximas eleições. Ou então não vá se espantar por ver que nada terá mudado daqui a quatro anos.
Daisy Costa
11 de outubro de 2012
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