1. Um flagelo para os que labutam sob o sol e para idosos, crianças, pessoas acamadas, cadeirantes, moradores de cortiços, favela, casinhas da EMDHAP. Bom para funcionários marajás e para quem tem casa arejada, ar condicionado, piscina e muito verde. Os bem situados, enfim. Falo do calor que chega facilmente aos 37°. Isso não é “privilégio” de Piracicaba. No entanto, a sensação térmica em nosso micro clima poderia ser bem menor se a administração local tivesse feito mais parques que avenidas. Ou dirão que os milhões de toneladas de concreto e asfalto, a impermeabilização de milhares de metros quadrados de áreas verdes e de infiltração pluvial, a derrubada de incontável número de frondosas árvores e a fumaça dos carros não interferem? Piracicaba é agora uma cidade moderna com direito à tempestades, ciclones, enchentes e raios aos milhares atraídos pela bolha de calor que o elevado nível “desenvolvimento” criou. Parabéns urbanistas de araque.
2. Falando nisso, além de feio é insalubre o Centro de Piracicaba; inóspito em alguns pontos. Perto das duas da tarde em dias quentes o clima é saariano. A poluição e o barulho acabam com a saúde de qualquer um. A Rua Governador, por exemplo, em vez agressiva como é, poderia ser um arborizado, florido e agradável bulevar; uma área de encontro, consumo, entretenimento, gastronomia, cultura e bem estar. È assim nas cidades onde as relações humanas são valorizadas. No entanto, predomina a mentalidade atrasada da maioria dos comerciantes, donos do pedaço. Progresso para eles é carro na rua. Ônibus não porque é coisa de pobre. Até a praça central a administração transformou num autorama para agradá-los.
3. Já sei como fazer uma Ciclofaixa. É só riscar no asfalto uma faixa com tinta vermelha, desenhar uma bicicletinha e escrever “ciclofaixa”, nem que ligue nada a lugar nenhum. Só para chinês ver. Sempre ouvi quem nunca andou de bicicleta dizer que a topografia piracicabana não comporta ciclovias. Lembro meu pai – falecido aos 97 anos – indo trabalhar todos os dias de bicicleta. Acontece que ciclista não rende votos; estorva a indústria do automóvel, do petróleo, da doença, dos acidentes e não interessa às empreiteiras que bancam campanhas eleitorais. Nessa cidade quem manda é o automóvel. Tanto que a atual administração foi buscar uma fábrica deles no outro lado do mundo insinuando que Piracicaba seria uma Detroit repaginada. Até agora o que vi foram greves e déficit na balança comercial local. Os caipiracicabanos – grosso modo – andam de ré. Enquanto o futuro das bikes promete, chegará o dia em que usar carros nas principais vias será proibido. O que vamos fazer então com tantas pontes e viadutos?
4. “O Orçamento foi aprovado sem alterações”. Sobre o assunto, foi o que li na imprensa nos últimos 7 anos. Os dois ou três vereadores que apresentaram emendas acabaram derrotados por seus pares, cuja maioria não legisla para o povo, mas para o prefeito e seu projeto seletivo. Por mais competente que seja uma equipe é impossível prever tudo; mesmo que fossem gênios, que não é o caso. Pior ainda quando não há debate e a participação popular é zero. Desalentadora a postura dos vereadores. Aliás, além do bom momento econômico do país e do apoio do empresariado, deu tudo certo para essa administração: sindicalistas a ela se aliaram, as organizações comunitárias que sobreviveram concordaram com tudo, a Igreja ficou na sacristia, pastores viraram políticos, a oposição se resumiu a oportunistas que botam a cara a cada 4 anos, o Poder Legislativo foi essa vergonha que está aí e o Judiciário parece que inexiste. “Quando todos pensam igual é porque ninguém está pensando”. Walter Lipmann.
Antônio Carlos Danelon é Assistente Social
Eduardo Stella
8 de dezembro de 2012
Totó … perfeita sua análise!
Tivemos 3 vereadores que apresentaram emendas mas foram solenemente ignorados.
As pessoas costumam dizer: “O trânsito está ruim e as “grandes” obras eram necessárias” … mas uma trave em seus olhos impedem de enxergar que quanto mais privilégios se dão ao automóvel, mais pessoas abandonarão o fracassado transporte público e em menos de 1 ano o “alívio” proporcionado pelas grandes obras não mais tem efeito, ou ainda, mais comum, o gargalo ser transferido para um ponto logo a frente.
Não defendo políticas de combate ao automóvel, como o pedágio urbano ou restrição de espaços para eles (pois em geral essas políticas não resolvem, só reservam as vias para uma determinada ‘casta’), mas políticas que incentivem o uso de meios coletivos ou alternativos.
Acompanhando os trabalhos na câmara eu posso dizer que o título da casa, exceto por dois ou três valorosos combatentes (não vou citar nomes mas eu já disse isso a eles pessoalmente), a casa deveria mudar o nome para “Câmara de Aprovadores de Piracicaba”.
blogdoamstalden
10 de dezembro de 2012
Eduardo, boa sugestão a de Câmara dos Aprovadores. Poderia ser também algo como “salinha anexa do executivo”…
Anônimo
8 de dezembro de 2012
Meu amigo Antônio Carlos Danelon – Totó. Voce tem razão sim, essa sua reflexão está correta já ha alguns anos não temos uma política contestada, debatida, questionada. O que vemos e falcatrua em todos os cantos e parece que em nossa cidade tudo está maravilhoso. Penso que Piracicaba é previlegiada, não tem problemas, seus governantes são honestos e de moral ilibada, enfim, não somos desse mundo. Será! eu ouso perguntar será que é porque aqui é o PSDB, partido composto por extra terrestres de moral ilibada ou pouco vigiada porque não tem ninguém disposto em fazê-lo. Precisamos conversar meu amigo… talvez tenhamos figurinhas para trocar….Um grande abraço.
Fischer.
Eduardo Stella
8 de dezembro de 2012
Correção: Tivemos 2 vereadores que apresentaram emendas. E foram aprovadas por 4.
Antonio Carlos Danelon
14 de dezembro de 2012
Valeu, gente1! Sei o quanto vocês também sofrem por ver tanto desatino. Mas como diz Santa Tereza “a verdade padece mas não perece”. Um dia tudo ficará claro como a luz do sol e cada um receberá de acordo com suas obras. Enquanto isso continuemos gritando se não ficaremos iguais a todo mundo, ou melhor viraremos massa. As anchentes de ontem apontam as cagadas que a administração fez para agradar o povão sem cérebro e ganhar seu voto.
sprlha a nossa realidade, infelizmente
15 de dezembro de 2012
Gostei da Vamara de Aprovadores sugerida aqui.
sprlha a nossa realidade, infelizmente
15 de dezembro de 2012
Dias destes, domingo, na porta do mercado quando se coletavam assinaturas do Reaja Piracicaba, presenciei um fato interessante: me parece que seria Godoi – aquele que foi presidente da EMDHAP. O cidadão o convidou a assinar os abaixo assinados que mudam a Lei Orgânica do Município para impedir que a Camara de Aprovadores, lelislem em benefício próprio e outro da Revogação da Lei que aprovou o aumento dos subsídios dos Aprovadores em 66%. O Godoi passava por ali e, convidado, se aproximou da mesa. O cidadão disse pra ele: voce deveria assinar os dois projetos de Lei. Ele perguntou: por que você acha que eu deveria assinar? Respondeu o cidadão: porque eu conheço você e seu que você é envolvido em políticas públicas. Não assinou, claro. O cidadão respondeu: Eu sei porque você não vai assinar: porque você tem o rabo preso. Feio isso não ? Vai ver que tem,será ? Amadeu
sprlha a nossa realidade, infelizmente
15 de dezembro de 2012
Caso ciclo faixas: O projeto Beira Rio mostra a caca de quem fez o projeto e de quem aprovou. Em lugares onde se estimula o uso de bykes, a clclovia fica em local seguro para o ciclista, fora do leito carroçável, principalmente onde há espaço de sobra. E aqui há. Só que fizeram a ciclovia entre o leito carroçável e o estacionamento de veículos. Claro, priorizaram os veículos. Os ciclistas que se ferrem com carros cruzando a cilcovia para estacionarem e sairem. E olha que não são poucos carros. A coclovia deveria ser construída ao lado do passeio público, fora do alcance dos veículos. Mais segurança para os pedestres e ciclistas. Não. fizeram o mais fácil, o mais barato, correndo, porque tinha que ser inaugurado tudo, antes das eleições. Ficou uma porcaria. As cidades onde a administração e engenharia são mais inteligentes e voltadas para o social, as obras são feitas de forma a proporcionar o bem estar de todos de forma correta e moderna – com Engenharia, claro. Ah: Observem que em Alguns lugares, o entorno do projeto Beira Rio, a ciclovia tem mão única para os ciclistas. Isso é uma piada. E por tudo o que foi dito aqui, as existentes em Piracicaba, a coisa mais fácil é veiculos invadirem e transitarem nos espaços da bicicletas. Se esses espaços fossem elevadors e protegidos por guias intermitentes, isso não aconteceria. Coisa nada voltada para a segurança, para o social. Amadeu
Eloah Margoni
15 de dezembro de 2012
Mais uma vez artigo maravilhoso deste cara idealista, inteligente e íntegro que é Antônio Carlos Danelon! Eloah Margoni
Antonio Carlos
17 de dezembro de 2012
Assim você me mata, Eloah, companheira de sonhos e lutas. O que vocês acharam dos dois tratores na Praça José Bonifácio? Não são a cara da administração?