Educação: até onde iremos ? Por José Luiz Mossolino

Posted on 21 de janeiro de 2013 por

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Zé Luis Mossolino

Escrever sobre Educação é relativamente fácil para alguém que, como eu, militou por quase 40 anos no Magistério Público e Privado. Hoje fora, por conta da minha aposentadoria, vejo tristemente o caminho que a Educação tomou. Longe de querer comparar o que foi e o que é o ensino nos dias de hoje (os tempos e os valores da sociedade mudam) esses extremos são abissais.

O países que hoje lideram a corrida tecnológica industrial tem na Educação do seu povo seus alicerces básicos. Só para citar um exemplo, países como a Coréia do Sul, antes uma “paisinho” perdido no fim do mundo asiático, hoje é exportador de tecnologia. Centenas de alunos brasileiros já lá estão para aprender e desenvolver novas tecnologias para todas as atividades industriais. Não se consegue isto de uma hora para outra. Os grandes cérebros que dirigem a sociedade da cultura coreana hoje, foram formadas pelo MIT, Harvard, Berkeley e outras  Universidades americanas de ponta e trabalharam nos EUA por décadas até consolidar seu total domínio sobre as áreas em que entraram de cabeça. O governo coreano repatriou todo esse arsenal de conhecimentos e, a preço de ouro delegou a eles a responsabilidade de colocar a Coréia do Sul no lugar que ela ostenta hoje. Não faltam outros exemplos. Japão, China, Taiwam e Singapura estão nesta mesma linha.

No Brasil, entretanto, entra governo e sai governo e a mesmice perdura. Temos que rever todo nosso sistema de ensino e criar núcleos de excelência para a exploração de nossos talentos. As verbas destinadas à Educação, tanto em nível estadual quanto federal, não atende as necessidades das nossas escolas. Material didático de qualidade duvidosa, escolas sem materiais e sem  laboratórios para experiências práticas, professores que seguem os cadernos de disciplinas que são produzidos pela Secretaria de Educação e assim tolhem a criatividade daqueles que tem seus métodos e que criaram seus próprios materiais de ensino.

Há estudos que mostram que as pessoas que se dedicam ao Magistério são aqueles que não lograriam êxito se tentassem a aprovação em vestibulares de Medicina ou de Engenharia em todas as suas diversidades, só para ficar em dois exemplos. Um mísero percentual se candidata à carreira de professor por vocação. Os salários não atraem as melhores cabeças e assim se perdem grandes oportunidades de garantir para o ensino aqueles que seriam realmente os melhores. Os governos tem conhecimento deste fato mas não movem uma palha para corrigir esta situação. O governo do Estado de São Paulo tenta atrair vestibulandos para os cursos do magistério oferecendo vantagens como isenção da taxa de inscrição nas Faculdades Públicas de Educação. Percebe assim que as políticas para a Educação estão erradas mas não muda o seu olhar para o caminho correto que é o de valorizar a profissão não só com salários melhores mas também com a dignidade que o cargo de professor exige. A desvalorização do professor está matando a Educação. É bastante comum nossas escolas iniciarem o ano letivo com seu quadro de professores incompletos. Já não existem professores para preencher as vagas que as aposentadorias, falecimentos, promoções e as desistências dos profissionais abrem e quebra-se o galho com enfermeiros, advogados, agrônomos e outros bacharéis. Todos sem cursos de didática, psicologia da aprendizagem, estágios e outros requisitos que os formandos para o magistério são obrigados a ter e saber. Ensinar não é apenas armar-se de um giz e apagador e ir para a frente de uma turma e “vomitar” matéria. Ensinar é ter uma forma adequada de se abordar os assuntos a serem ensinados, a ter um ritmo de exposição, é ter uma pausa para o aluno respirar, é fazê-lo participar da aula via questionamentos e ter a percepção de que o que está sendo dito está sendo assimilado, é fazer o educando sorver o conhecimento e desejar mais, e falar a sua linguagem da melhor maneira que ele se sinta participante do número. Sem o adequado preparo nenhum profissional realiza a contento o seu trabalho. Colocar um profissional despreparado e sem comprometimento à frente de uma classe só para preencher um horário vago é uma atitude irresponsável, um total desrespeito ao aluno e à sua família. Lamentavelmente a população que necessita dos serviços do estado  não exerce a sua cidadania e assim não cobra o que lhe é de direito. E asi  la nave va.

A cada ano estamos perdendo o trem da história e nos recolhendo à nossa insignificância. Investimos em Educação menos que Chile, Uruguai, Bolívia e outros países que não tem comparativos com o Brasil. Sempre temos os piores resultados em quaisquer torneios mundiais em educação que participamos. Assumimos definitivamente nossa condição de vira-latas, como diria Nelson Rodrigues (nos anos cinquenta). Enquanto nossos governantes enxergarem a Educação como despesa e não como investimentos, estamos fadados a concordar com a nossa condição de terceiro mundo. É de doer.

José Luiz Mossolino

jlmossol@terra.com.br