Se… Por Alexandre Diniz

Se dissermos que alguém possui 20 imóveis, e eu não possuo nenhum imóvel, estatisticamente falando, possuimos 10 imóveis cada.

Se dissermos que um empresário lucrou 3 milhoes de reais à mais no ano passado, e meu salário subiu 30 reais, estatisticamente falando, a renda do piracicabano aumentou.

Se dissermos que alguém conseguiu comprar uma casa própria, com parcelas que perpetuarão por 30 anos, comprometendo mais da metade da renda dessa pessoa, e a outra metade é para pagar as prestações do carro… diremos que o poder aquisitivo do brasileiro aumentou.

Se dissermos que a população de Piracicaba cresceu nos últimos anos, incluindo mais violência, preços exorbitantes de imóveis, com trânsito caótico… chamaremos isso de progresso.

Se dissermos que em Serviço Municipal de Água e Esgoto de Piracicaba, recebeu prêmio de melhor serviço de seneamento básico do Brasil, e que hoje, para beneficiar grandes empresários, este serviço municipal tende a ser privatizado, chamaremos isso de concessão.

Se questionarmos para onde foi o dinheiro da venda do Telesp, Banespa, Vale do Rio Doce… seremos chamados de esquerda.

Se… se não fosse o “se…”, mas fosse o “era uma vez”, poderiamos terminar esse texto com “E eles viveram felizes para sempre”. Mas ao perceber que alguns possuem muito e outros possuem absolutamente nada, e que somos devorados com a propaganda do progresso que pouco a pouco mutila nosso fôlego de vida, fica difícil crer em um conto de fadas. Que as palavras do filósofo Jean-Paul Sartre possam nos dar um fôlego de vida “Não importa o que fizeram de nós. Importa o que faremos com o que fizeram de nós.”

Alexandre Diniz
Estudante de Filosofia