Coluna do Totó: A MENTIRA DOS RURALISTAS

Posted on 1 de março de 2013 por

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Vultosos e de pouco retorno os gastos públicos no combate ao mosquito da dengue; Piracicaba passou de três mil casos no ano passado. O carrapato estrela também fez estrago – aqui a febre maculosa matou oito. Depois vêm gripe H1N1, morcego contaminado, leptospirose, doença dos pombos, escorpiões e etc. Isso indica desequilíbrio ambiental, cujas consequências serão cada vez mais graves.

A monocultura e as cidades invadem descontroladamente o espaço dos animais, que procuram os aglomerados urbanos como a pedir socorro. “Onças voltam a habitar região de canaviais do Estado. Espécies ameaçadas reaparecerem. Há casos de atropelamento de animais em rodovia. (Folha 29.05.11).

De outro lado, alheios a essa tragédia, parlamentares ruralistas, defensores dos latifundiários, dos usineiros, dos fazendeiros e das gigantes do agronegócio fazem de tudo para modificar a seu favor um já por demais permissivo Código Florestal. Mentem dizendo defender a produção de alimentos. Se entendessem realmente de produção agrícola e de equilíbrio ambiental deveriam ser os primeiros a exigir leis cada vez mais rígidas. No entanto, se parecem com frequentadores de rodeios ou com as esdrúxulas duplas sertanejas de hoje, que apesar da bota, do chapelão não sabem distinguir um pé de cana dum de milho e estão tão por fora quanto suas grotescas músicas.

Entre outros absurdos, querem que áreas de preservação permanente e matas ciliares se reduzam ao mínimo para dar espaço à agricultura. Só um néscio ou uma administração vendida aos interesses econômicos não se abalam com as tragédias causadas pela ocupação dessas áreas. Gente que pensa assim é mais nefasta que o bando do mensalão e a maioria dos presos das penitenciárias. “O Brasil tem mais terra, água e floresta per capta do que qualquer outro país, então deveria estar investindo, não destruindo. O país pode ser ‘melhor que a Suécia’ se investir em uso sustentável” (Vind Thomas, diretor do BIRD. Folha 24.05.09).

Esses parlamentares mentem ao tentar conflitar áreas de preservação com áreas cultiváveis. Para eles terra representa poder. É isso que querem e não melhorar nas mesmas áreas a produtividade. Temos territórios imensos ocupados por meia dúzia de cabeças de gado e pela monocultura. Mesmo assim, os supermercados estão abarrotados de alimentos; o desperdício é vergonhoso e a obesidade se tornou o flagelo do século. Mais da metade da comida produzida vai para o lixo, constatou uma pesquisa inglesa. Responsabilidade e justiça social é que faltam; solidariedade, igualdade no acesso; qualquer coisa menos comida.

Ora, não somos somente nós os habitantes desse planeta. E um governo não governa só para os humanos, mas também para os animais, que por serem frágeis e vulneráveis precisam de proteção e defesa. “Se todos os animais se fossem o homem morreria de uma grande solidão do espírito. Pois o que ocorre com os animais, breve acontece com o homem. Há uma ligação em tudo”. (Chefe Seattle 1854).

Segundo a imprensa, Piracicaba preservou só 3% de sua mata nativa, 80% das suas nascentes estão degradadas e no ano passado a bacia do Piracicaba mais uma vez liderou a mortandade de peixes. Portanto como resultado dessa política inconsequente, tome mosquito, morcego, pernilongo, escorpiões, ratos e cobras.

Como disse Albert Schweitzer: “O mundo se tornou perigoso porque os seres humanos aprenderam a dominar a natureza antes de dominar a si mesmos”.