A defesa da tarifa abusiva de R$ 3,00 (no cartão TIP) e R$3,40 (sem o cartão) pelo ex-secretário de transporte de Piracicaba, o qual ainda desdenhou das manifestações populares contra o reajuste, demonstra que o atual governo não voltará atrás da medida. E para isso conta com a maioria na Câmara, os quais vergonhosamente já rejeitaram audiência pública sobre o assunto. Com isso fica cada vez mais evidente como muitos dos edis não gostam da participação popular, a não ser quando é de militante do partido governante (PSDB) que até nos jornais tenta defender o indefensável ou de jornalista chapa-branca e puxa-saco que destila o ódio sectário e partidário contra aqueles que contestam seus chefes.
O ex-secretário citou a área total de Piracicaba, que segundo o IBGE é de 1.378,501 km2, dando a impressão de que todo esse perímetro é coberto pelas linhas de ônibus. Mas o perímetro urbano, onde roda a maior parte da frota, é bem menor que isso, pois segundo a Wikipédia é de 31,5733 km².
O prefeito Gabriel Ferrato (PSDB) se reuniu com alguns representantes do movimento “Pula-Catraca” só para fazer pose de democrático, mas não cedeu em nada. Ele diz que o movimento passou dos limites e que é político e não técnico, mas todo movimento popular é político. É a política que passou dos limites e deixou o preço chegar nesse absurdo e fez o transporte público ser relegado das prioridades das políticas públicas da cidade. Isso que é praticamente o mesmo governo que está no terceiro mandato!
Até agora o tal “estudo” sobre as tarifas encomendado a USP não foi divulgado. Mas, quem é que está fazendo o tal “estudo” realmente?
O prefeito tem que entender que o problema da alta do transporte público não é somente técnico e político, mas também social. O preço dessa nova tarifa pesa muito no salário dos trabalhadores. Logicamente que Ferrato, seus secretários milionários e os abastados vereadores não sabem o que é isso. Por parte da sociedade piracicabana, há aqueles que não estão nem ai também, pois nunca sequer usaram o transporte público da cidade e por isso Ferrato e cia. os representa. Mas não representa a maioria que tem que usar o ônibus ruim, mal conservado, com horários esdrúxulos e mal feitos e muito caro.
A adesão aos protestos comandados pelo “pula-catraca” está tendo uma boa participação de estudantes, o que denota uma politização que é salutar para a democracia na cidade. Agora, principalmente depois dessa reunião, a prefeitura começará a “engrossar” contra o movimento e pode até apelar para a repressão. Aliás, a coerção já começou, pois a prefeitura fez banners e cartazes para orientar a população a não pular a catraca em tom até ameaçador e colocou a polícia para barrar os manifestantes na sexta-feira (05/04/2013).
É por isso que boa parte dos usuários de ônibus não toma partido e não se junta aos protestos. A maioria é contra o aumento e concorda com as reivindicações dos manifestantes, mas tem medo de protestar. Isso vem da cultura violenta de repressão a movimentos populares que se intensificou no Brasil no período da ditadura militar e que perdura até hoje. E a prefeitura ainda destaca no cartaz que é crime pular a catraca, inibindo mais ainda a participação do cidadão.
No Brasil, o povo (geralmente os pobres) que depende de serviços públicos essenciais como o transporte público tem que fazer manifestações e muito barulho para ser ouvido e chamar atenção para o problema. Já os ricos e poderosos não precisam disso, pois já possuem influência direta sobre a classe política e tem os grandes meios de comunicação como seus porta-vozes.
Aqui em Piracicaba não é diferente, mas felizmente está mudando e muitas pessoas estão perdendo esse medo de se expressar. Acredito que depois de quase 8 anos de letargia sob o “barjismo” a população começou a enxergar que a cidade não é aquele paraíso propagandeado através das “obras” de trânsito, os quais são direcionados para o transporte individual. O movimento Reaja Piracicaba teve um papel importante nisso e agora está havendo mais manifestações reivindicatórias na cidade. O “pula-catraca” é só mais um e espero que não pare por ai.
João Humberto Venturini é Biólogo, professor e blogueiro.
Evandro
16 de abril de 2013
Como usuário do transporte público, sei o quanto pesa essa tarifa, uma viagem de ida e volta chega a casa dos sete reais. Valor maior do que o preço de minha refeições.
Sem falar na qualidade dos ônibus! Ao sair da faculdade as 22:40, o ônibus do Vila Sônia sequer para no ponto, porque vem lotado, transbordando de gente, tenho que esperar pelo ônibus das 23:00, todos os dias a mesma coisa. Quando de sexta-feira, nem o das 23:00 para, pelo mesmo motivo, cabendo esperar e esperar. Com esse valor de tarifa, quase compensa pegar um transporte privado. Lamentável uma cidade como Piracicaba não possuir um meio de transporte público descente, barato, confortável e viável!
Eduardo Stella
16 de abril de 2013
Camarada Venturini,
Concordo com seu texto, mas me permita discordar levemente numa questão temporal do verbo ter.
O Reaja não TEVE um papel importante nessa mudança. Ele ainda TEM esse papel!
Estamos em nosso trabalho de formiguinha, longe dos holofotes, mas nas ruas, dentro do possível. E vamos continuar na luta!!!
Do resto, concordo com tudo o que disseste!
João Humberto Venturini
16 de abril de 2013
Evandro: sei o q é isso, pois fazia estágio no centro e tinha q pegar o expressa direto até o pisca e ainda no horário de pico. Lembro q pra sair do ônibus qdo chegava no terminal só faltava ter q pular em cima das pessoas tipo “surfing crowd” q acontece em alguns shows d rock! Ano retrasado qdo dava aulas no Jupiá levava quase 1 hora pra chegar na escola, isso qdo o ônibus, q era ruim, não quebrava. Mas tudo isso, meu caro, só sabe quem usa e sente na pele esse problema. A maioria acho q acostumou, mas a insatisfação é clara. O resto da população q ñ quer nem saber disso é pq ñ tem um pingo de noção do q é depender do transporte público. E nesse resto pode incluir toda a classe política piracicabana e o “nobre” prefeito.
Eduardo: Com ctza o Reaja ainda tem esse papel, mas no texto está mais o significado d ter começado algo q, eu por exemplo, nunca tinha visto na cidade. Isso é ótimo e apoio e torço pra q continue.
Eduardo Stella
16 de abril de 2013
João … vale lembrar que o “grande” desafio para 2013 da câmara, segundo seu presidente, é a ampliação do estacionamento do local. Pois agora tem que abrigar carros pra mais vereadores.
Por isso não estão nem aí com o busão.
Antonio
20 de abril de 2013
Me perdoem todos.
Quem elegeu este prefeito?
Ele não foi eleito pela maioria dos votos de todos que compareceram ás urnas?
Sim!
Então que sofram, quem votou a favor e quem votou contra.
Estamos em uma democracia e na democracia a maioria prevalece.
Se neste estado estamos sendo infelicitados há quase vinte anos e a maioria do povo continua elegendo e reelegendo sacatrapas como os que nos governam, resta a mim ficar calado e tentar sobreviver.
Perda de tempo igual a esses movimentos hipócritas, Sou da Paz etc.
Bobagem!
João Humberto Venturini
21 de abril de 2013
Democracia compreende o direito d se manifestar contrariamente aqueles q foram eleitos tb. Quem não quer fazer parte, tudo bem. Mas é estranho se calar contra as autoridades mas não se calar contra aqueles q questionam e reivindicam. Vi d perto o Pula-Catraca, por exemplo, e ñ é hipócrita ser contra e se organizar contra um aumento absurdo da tarifa. O movimento serve pra mostrar a face anti-povo do governo q a maioria escolheu.
Pra ir contra o movimento popular ai sujeito se manifesta né? Isso é hipocrisia.