O Império do Sol
J. C. Ballard. Ed. Record, 2007
É mais divulgada a ação dos nazistas na II Guerra Mundial do que a dos japoneses. No entanto, as tropas nipônicas foram responsáveis por atrocidades tão grandes quanto aquelas praticadas por nazistas e fascistas na Europa. Ocorre que sabemos menos destes fatos do que dos ocorridos no solo europeu. Estima-se que só na China, que os foi invadida a partir de 1931 pelos japoneses, morreram aproximadamente vinte milhões de chineses na ocupação.
Existem, no entanto, alguns livros e filmes, principalmente filmes mais modernos, que cobrem, em parte, esta lacuna de conhecimento nosso. Um deles é o excelente Império do Sol, de J. C. Ballard, transformado em um filme também genial de Steve Spielberg, estrelado pelo então adolescente Christian Bale e John Malkovich. O filme, que aliás tem uma trilha sonora maravilhosa, é mais poético, mas o livro é mais preciso, mais realista e cru. Em 1941 Xangai é ocupada pelos japoneses, e centenas de moradores ocidentais, oriundos de países com os quais o Japão estava em guerra (principalmente ingleses) são aprisionados e confinados a campos de concentração. Um garoto inglês, que vivia no luxuoso enclave ocidental, perde-se de seus pais que fogem da guerra e acaba sozinho. Faminto e perdido, acaba preso pelos japoneses e interno em um campo. Lá encontra pessoas em situação limite, face a morte onipresente, mal alimentadas e buscando sobreviver a qualquer custo. O garoto sofre dois choques brutais, o da guerra em si e aquele da maturidade, da descoberta de que o mundo não era o ninho seguro no qual ele era luxuosamente mimado.
Ocorre ainda uma ambigüidade. O garoto desenvolve sinais da “síndrome de Estocolmo”, uma relação de “quase afeto” com seus captores japoneses, na medida em que estes são sua “chance de sobrevivência”. Transita também entre grupos diferentes de prisioneiros, tanto aqueles que buscam preservar alguns valores éticos quanto aqueles que são egoístas e fazem qualquer tipo de negócio para sobreviver. Em determinados momentos, é ele que faz a “ponte” entre tais grupos e ainda os japoneses. Outro ponto notável são as sutis interpretações pré adolescentes do personagem, submetido a uma situação de realidade cruel e insana. Se você gosta de temas da II Guerra e de drama, está aqui uma ótima sugestão. O filme também é maravilhoso, mas são duas interpretações quase que distintas do mesmo fenômeno. Enfim, aproveite os dois.
Palavras chave: China, II Guerra, Adolescência. Campo de Concentração. Sobrevivência. Drama
Evandro Mangueira
11 de maio de 2013
Vou ver se assisto hoje. Adoro esse tema. Não vi quase nada relacionado aos Japoneses.
blogdoamstalden
11 de maio de 2013
Procure, depois, Flores do Oriente. Maravilhoso e também com Christian Bale. Abs.
Anônimo
11 de maio de 2013
Excelente dica! O filme é maravilhoso.
Carla Betta
12 de maio de 2013
Assisti o filme, há muito, muito tempo atrás!! Lembro que chorei bastante. Mais interessante que os aspectos históricos (importantes também), o que me impressionou foi a sensibilidade em tratar as relações naquela situação trágica e caótica. Não li o livro, mas adorei o filme. Bela dica!
Kokada
1 de agosto de 2014
Filme de Oscar! Bela trilha sonora, fotografia linda e bons atores. Filme memorável dos anos 80!
blogdoamstalden
3 de agosto de 2014
De fato, Kokada, eu havia esquecido de falar da trilha sonora.