Coluna do Evandro. Casamento Igualitário – Parte 02

Posted on 3 de junho de 2013 por

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evandro

Os gays sempre viveram a transgressão sexual e por que agora querem casar-se. Uma instituição falida até mesmo para os heterossexuais?

Já ouvi esse questionamento diversas vezes, e a questão é mais ampla. Em dado momento histórico, era desejo desse grupo a garantia de sua liberdade sexual, o que já foi, de certa forma, conquistado. O que falta, agora, é a garantia plena para os que desejam constituir família, juntar patrimônio.

Ao exemplificarmos um heterossexual na mesma posição, esse possui o direito de casar-se e ver os seus direitos como pessoa que mantêm união estável, garantidos, sem prejuízo. Tais garantias não o obrigam a casar-se, no entanto lhe fiança todos os direitos previstos se ele optar por tal escolha, e é isso que se almeja no caso das relações homoafetivas.

Presenciei, diversas vezes, pessoas falarem que têm amigos gays, que os adora, mas que não acham certo vê-los se beijando, ou que não apóiam o casamento homoafetivo.

Essas pessoas não aceitam a afetividade existente nessas relações, é quase uma repulsa do amor que envolve esse tipo de relação.

Enquanto os “amigos” são transgressores sexuais, aceitam-lhes, porque os vêem como sendo uma conduta, algo mutável, ou se não mutável, mas como escolha. No momento que se fala da afetividade, do amor e do casamento, traz para muito próximo tal comportamento, criando a normalidade do fato.

O casamento igualitário desconforta os que são a favor de fachada. Lembro-me de um episódio, quando comemorávamos o aniversário de uma amiga, e tarde da noite, as meninas presentes resolveram ir a uma balada GLS, ao chegar e presenciar os beijos (Essa era uma boate que proíbe, inclusive, ficar sem camiseta), o que as meninas presenciaram, foi a típica dança do acasalamento que existe em qualquer balada, pessoas bêbadas se beijando.

Resolveram ir embora, e no dia seguinte ouvi de uma delas: “Fomos embora porque achamos estranho tudo aquilo, as pessoas se pegando, um lugar escuro.”

Não respondi nada, achei a colocação miserável, uma vez que todas as baladas hétero que frequento, são escuras e as pessoas bebem, dançam e se “pegam”. Mas entendi o espanto delas, a imagem que algumas pessoas têm de gays é colorida, como em uma parada. O contato que se tem é o dos cabeleireiros, dos maquiadores, dos estilistas e afins. Uma personagem na verdade.

Aceitam o gay como uma personagem quase folclórica: um humorista de TV, um comediante de “stand up”, ou aquele amigo confidente que é sensível, companheiro, compreensivo e ainda te dar opiniões sobre cabelos, maquiagem e sobrancelhas, e não como um ser humano, cheio de desejos, amores e anseios. Sabe aqueles pais que tem conhecimento que seus filhos fazem sexo, mas preferem acreditar que não fazem? É a mesma relação aqui.

O casamento igualitário é importante nesse momento não só para igualar os setenta direitos negados a quem vivência tal relação, como também trazer para a sociedade o convívio com essa realidade, tirando a imagem de um personagem, da caricatura de uma atração circense que a sociedade cria das pessoas com tal orientação sexual, e o colocando como ser humano capaz de constituir família. Excluindo principalmente a imagem de pessoas sexuais, que buscam apenas prazer sem vínculo algum com a afetividade.

Lembrando que o casamento igualitário é civil, não confundir com o religioso, além disso, não será obrigatório. As pessoas terão os seus direitos garantidos, mas somente aquelas que os desejarem.

Recentemente a Daniela Mercury anunciou o seu relacionamento com outra mulher, e também a regulamentação civil de sua união, isso a trouxe as mídias e pessoas questionaram se não era um golpe de propagada, se o que ela desejava era aparecer nos veículos de comunicação. Pode até ser verdade, embora não creia nisso.

Tem momentos que a história nos obriga posicionamentos, às vezes o silêncio se faz necessário, às vezes o grito é que se faz.

Em um tempo, onde tem pessoas decidindo contra os nossos direitos básicos é preciso gritar que existimos, e que não aceitamos tais condições e acho que foi isso que Daniela fez!

casamento02

 

Vi, durante esses meus trinta e três anos, uma crescente mobilização contra a união homoafetiva, e isso se deu justamente no período em que os direitos começaram a ser conquistados, provando que a homofobia sempre existiu, mas que se encontrava oculta e que hoje se torna declarada. Aqueles que são contra começaram a mostra o rosto.

 

Deixo um vídeo que considero esclarecedor:

Deixo aqui, um link com respostas as diversas perguntas que surgem a respeito do assunto:

http://casamentociviligualitario.com.br/questoes-e-respostas/

E também um link de apoio ao PEC que modifica o artigo 226º da constituição, incluindo nesse artigo o casamento igualitário:

http://casamentociviligualitario.com.br/abaixo-assinado/

Evandro Mangueira, Nascido em 1979 na cidade de Cajazeiras, que tem por título “A cidade que ensinou a Paraíba a ler.” Atualmente mora em Piracicaba-SP, cidade que adotou como sendo sua também. Tem por formação Gestão Financeira, mas encontra-se nas letras tanto quanto se encontra nos números.

Autor do livro: Arcanjo Gabriel