Coluna da Carla. TODOS JUNTOS SOMOS MAIS DE MIL. TODOS JUNTOS SOMOS UM.

Posted on 24 de junho de 2013 por

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pensamento parece coisa à toa

É com grande prazer que anuncio que agora, Carla Betta, tem sua própria coluna neste Blog. Uma vez por mês, às segundas, teremos a “Coluna da Carla”. Hoje ela nos escreve sobre a juventude, religião e sobre o ser coletivo. Aproveitem.

Caminhando certa manhã, em direção ao Pronto-Atendimento, com minha filhota, fui pensando e rezando e como “… o pensamento parece uma coisa à toa, mas como é que a gente voa quando começa a pensar…”, voei. Voei e me ajoelhei em um degrau muito especial, junto ao meu amigo-de-infância, meu JESUS querido.

Voei para casa de meus tios e avós, que moravam juntos, uma casa espaçosa, pois casas humildes eram espaçosas naqueles tempos. Casa sempre limpa e organizada pelas incansáveis vó e tia! Duas salas que eram duas de verdade, “cozinhona”, banheiro, adega improvisada e criativa debaixo da escada, que foi nosso esconderijo de tantas fantasias!,uma areazinha, onde meu tio tratava da unha encravada de minha avó. Da cozinha, saía uma insinuante escada para um pequeno quintal, mais duas saletas e a lavanderia. Encostado ao muro, nas curvas da escada, havia um mini-canteiro, de onde arrancava folhas de hortelã que comia escondida (para não precisar lavá-las) e as saboreava. De certeza que com vermes é mais gostoso (arghhh…!). No andar superior, três quartos e um banheiro com chuveiro a gás (que foram considerados perigosos, foram substituídos pelos elétricos e agora estão na moda de novo). No quarto da frente, uma “varandona” marcada pelos tiros de espingarda de meu tio. Mas, quando subíamos aos quartos pela escada de degraus largos, bem no meio da escada, lá estava ELE, com Seu olhar meigo, u’a mão que oferecia Seu coração e a outra mão pairava no ar com três dedos levantados, cujo gesto nunca entendi…. O degrau do meio que anunciava grande curva era mais largo e lá me ajoelhava em minhas orações infantis com preocupações legítimas, por vezes maduras e por vezes infantis como são as nossas preocupações de todos os tempos. Ajoelhei-me chorosa quando minha amiga morreu afogada; aflita nas muitas brigas de meus pais; e feliz em muitas ocasiões, quando apenas olhava para ELE e sorria-lhe, sem flexionar os joelhos, nem demorar-me. Na sala de todo inferior, eu e Cacau (minha prima que lá residia) brincávamos muito e também fazíamos nosso bailinhos à la Jovem Guarda (… parece que eu sabia… e amar demais, ser um bom rapaz…) Tempos de bons rapazes!!
No caminhar matutino daquela manhã, mais uma vez ajoelhei-me naquele degrau, defronte ao Mestre e repeti meus pedidos da noite anterior para que ELE iluminasse as idéias do/a médico/a que atendesse à minha filha! Momentos depois, agradeci a meu Mestre amado, aquele de minha infância, pois ela melhorou.

E fiquei pensando… JESUS foi meu ídolo e ainda O é. Além d’Ele, tive outros ídolos: sagazes, criativos em suas letras e melodias, esbanjando moral, ética e preocupações sociais; ídolos que enfatizaram o bem-estar comum; ídolos que matavam, mas ainda assim afirmavam: “Hay que endurecer, pero sin perder la ternura jamás.” Ídolos que questionavam as regras, que buscavam respostas e novas formas de viver.

Preocupo-me com esta nossa juventude de hoje, cujos ídolos, ou seja: modelos que buscamos seguir, enfatizam o poder material, a sexualização do relacionamento amoroso (que se intensifica sexualmente e se torna cada vez menos amoroso), o descartar das ligações afetivas, o consumismo e a acomodação ao “staus quo”. Li uma piada em quadrinhos, não me recordo onde, nem autor:

(adolescente): “Mãe, vou pintar meu cabelo de verde”

(mãe): “Para quê?”

(adolescente): “Para ficar diferente, é o “meu” jeito de ser”.

(mãe): com ar pensativo…

(adolescente): “Todo mundo está pintando”… … …

Este conflito eu X mundo; ser diferente da sociedade X ser igual à minha turma é próprio da adolescência e da juventude. Risível, mas se traduz em alvoroços internos e dói: a dor do crescimento, dor benfazeja e saudável.

Nesta fase, inicia-se a busca por referenciais externos como exemplos de comportamento, busca esta que se intensifica e afasta o jovem da família enquanto parâmetro de conduta. O núcleo familiar continua a exercer influência. Mas, a opção pelo modo de viver e o direcionamento do caminho do jovem passam a sofrer cada vez mais a interferência do grupo social no qual ele se insere, dos ídolos escolhidos e de suas amizades. O jovem vai se tornando mais permeável à sociedade e a família se vê dividindo a sua função orientadora. De corações e mentes abertos,os jovens são terreno propício para cultivarmos conceitos consoladores e renovadores; desde que não sejamos autoritários e/ou impositivos. Na busca e transformação de sua identidade vão ao encontro de exemplos de conduta, daqueles a quem elegerão seus ídolos. Descrevem os especialistas que esta transformação envolve o questionamento da realidade, dos referenciais morais aprendidos na escola e na família e a valorização da verdade. É preciso responder ao jovem genuinamente, derrubando mitos e atendo-se aos fatos.

Os jovens são a força renovadora e revolucionária dos costumes, por todo caminho percorrido pela humanidade em sua história. Direcionando esta energia rumo ao amor, à solidariedade, à fraternidade e à caridade contribuímos para a evolução de um mundo melhor. Este caminho se inicia no amor próprio. Cultivando a autoestima, florescerão as boas emoções.

Estando inseridos em uma cultura que apela aos valores materiais, ao consumismo e a valorização da supérflua aparência, premiando o ter e não o ser, precisamos fortalecer a esperançana construção de um mundo mais evoluído e harmonioso. O jovem, assim, pode acreditar no futuro e percebera importância de sua participação na humanidade. São necessários, creio eu: estímulo ao autoconhecimento e motivação à descoberta de seus próprios valores; fortalecimento da confiança e da autoestima; uso de exemplos de personagens reais que possam servir de parâmetro para as verdadeiras virtudes; mostrarao jovema personalidade e os ensinamentos de ídolos identificáveis com virtudes e atitudes saudáveis e altruístas, tendo em vista que a força renovadora dos costumes que o jovem carrega pode ser direcionada para a maior revolução de todos os tempos: a revolução do AMOR que o nosso Amigo e Mestre implantou em seus dias na Terra e que tantas outras filosofias, muitas delas religiosas, se alinham em pensamento e atitudes.

Quando o Luis Fernando Amstalden expõe aos seus alunos daturma “Águia” da Guarda Municipal de Piracicaba: “Quando eu me desanimo, me sinto sozinho e cansado de buscar o que é certo e ético, lembro-me de que antes de mim, milhões de homens e mulheres foram corretos e a luta destas pessoas, famosas ou anônimas, fez a diferença. Lembro-me que há pouco mais de cem anos, tínhamos escravidão neste país. Lembro-me de que há quinhentos anos, era considerado justo matar um homem sob tortura porque ele não tinha a mesma fé que aqueles que estavam no poder. Lembro-me que na História, o assassinato em massa de inimigos já foi considerado digno de poemas. Isso mudou. Não temos nem de longe uma sociedade justa. Mas ela é mais justa, mais evoluída do que há cem, duzentos, trezentos anos atrás. E não é a mudança que é lenta, mas nossa vida que passa rápido demais. E por passar tão rápido, não temos tempo de protelar a escolha. Devemos, acredito eu, escolher a busca da correção e da justiça o tempo todo e rapidamente. O curto tempo de nossa existência nesta terra não nos dará a oportunidade de vivermos os frutos plenos de nossa busca, mas assim como eu pude gozar de uma liberdade maior do que a daqueles que vieram antes de mim, talvez no futuro outros possam viver melhor graças ao que eu fui nesta vida. Assim eu agradeço e honro aqueles que me proporcionaram mais liberdade, mantendo a construção disto para o futuro”; oferece um novo referencial em contraposição a atitudes tão antiéticas com as quais nos deparamos e, portanto, é “esfregada” na “cara” dos jovens qual esponja contaminada por germes. Cabe a nós oferecer outras perspectivas!

Que possamos divulgar, estimular e seguir a máxima que o Mestre JESUS nos deixou:

“BRILHE A VOSSA LUZ!”

Acredito que em todos nós exista a certeza interna de nossas virtudes adormecidas e rogo para que possamos acordá-las em nós e, como príncipes, que as beijemos e as despertemos do sono paralisante nos jovens de nosso convívio, de nossa sociedade!

Assim como o professor Luis Fernando Amstalden há oportunidades que se nos aparecem e podemos aproveitá-las. Mas, também nos é possível criar oportunidades, criar projetos ou participar de projetos já existentes em nossa sociedade: comunidades religiosas, ONGs, Casas de Abrigo, etc. Nenhum trabalho é desmerecedor de nossa atenção. Aqueles que protegem e cuidam dos animais; que oferecem alimentos aos famintos;que defendem a homossexualidade; as mulheres; que lutam pela preservação dos nossos bens naturais (oriundos da natureza) e tantos outros. Graças a DEUS somos muitos e diversos em seus dons e habilidades, podemos dar conta de tudo, porque TODOS JUNTOS SOMOS MAIS DE MIL. TODOS JUNTOS SOMOS UM. (slogan copiado das turmas de mocidade da Aliança Espírita Evangélica). Portanto, podemos somar nossos esforços e transmitir aos nossos herdeiros deste mundo a melhor das heranças: a bússola do AMOR em sua acepção mais ampla e exemplos de conduta.

Como dizem por aí: “ ‘Bora lá?!”

P.S.: Escrevi este artigo muito antes dessas atuais manifestações! Reforça meu conceito de que os jovens são os grandes motores das mudanças na história da humanidade. Continuando com esta metáfora, o motor explode para andar, mas precisa de direcionamento! O que tem sido uma grande preocupação de cabeças pensantes que temem a volta do autoritarismo, conforme o que se deu no passado com a equação: “manifestações + insegurança (temor ao comunismo) = melhor a ditadura” e que (as cabeças pensantes) também ficam apreensivas quanto ao esvaziamento da energia gerada pelo movimento em virtude de não haver um foco lógico e organizador de futuras ações e negociações.

JUNTOS SOMOS MAIS DE MIL. TODOS JUNTOS SOMOS UM. Mas, esta unidade se faz na coerência de reivindicações pontuais que abranjam os anseios e necessidades prementes de nossa sociedade. E a partir daí, continuamos a caminhar.

Nascida com o nome Carla Ramos Bettarello, adota o Betta e assume-se como Carla Betta, pela invenção de um amigo. Mais tarde, descobre que seu pai era conhecido assim em seu tempo de faculdade. Mãe coruja assumida de um casal maravilhoso e lindo de filhos. Conta e se encanta com as histórias: objeto de estudo e prática artística.