Quantas vezes já assisti ao abuso da violência por parte daqueles que deveriam coibi-la? O ser humano, ao vestir um uniforme, parece adotar uma postura de poder absoluto, irreflexivo, através do qual descarrega suas próprias frustrações e/ou seu sadismo.
Foi o que aconteceu na Europa (faz algum tempo, verdade) em um jogo entre o Benfica, time de futebol português, e um time suíço. Ao final da partida, um torcedor português invadiu o campo carregando um cartaz com uma mensagem da família do árbitro, que é português e vive na Suíça. Ele não agrediu nem tumultuou, era apenas alguém querendo mostrar para as câmeras de TV a saudação da família do árbitro.
Porém quatro seguranças o interceptaram. Até aí, sua função. Mas depois de derrubá-lo, o espancaram com cassetete até deixá-lo desacordado. Foi então que ocorreu o momento de defesa coletiva. Os torcedores portugueses e até alguns jogadores, entraram em campo para defender o espancado. Quem se deu mal foram os seguranças.
Tomara que os seguranças tenham aprendido a lição de que não se abusa dos fracos sem causar a revolta da maioria.
Tomara que todos os policiais, seguranças, militares e autoridades do mundo todo entendam isso antes que tenham que colher, eles próprios, o fruto de suas ações, como os seguranças suíços colheram.
Veja o vídeo em duas versões.
E
Evandro Mangueira
7 de julho de 2013
Quanta violência, meu Deus! Esses acontecimentos ainda tem o poder de me chocarem!
Carla Betta
7 de julho de 2013
É o uniforme que os torna violentos e condescendentes com a violência de seus companheiros? Ou escolhem esta profissão por já serem violentos? …. …. …
blogdoamstalden
7 de julho de 2013
Carla, eu conheço muitos policiais. E posso dizer o seguinte: a maioria daqueles a quem conheço entrou na profissão por ser um emprego público, estável e com alguma garantia de assistência e aposentadoria que o serviço privado não lhes dá. Alguns são, sim, violentos por natureza, mas tenho a impressão de que não são a maioria. O grande problema é que depois de entrar são submetidos a uma cultura de violência, tanto interna (à polícia) quanto externa (das ruas) que os torna violentos e alguns, mais violentos. O desafio consiste em preparar melhor e dar as melhores condições possíveis para que os policiais evitem a “contaminação” por uma cultura violenta e saibam dosar a sua. Acho que este tem sido o trabalho de formação para muitos policiais hoje. Agora, quanto aos seguranças particulares, como no caso do vídeo, eu não posso dizer. Mas penso que é um fenômeno similar.
Abs.
Daisy Costa
8 de julho de 2013
Os violentos são bandidos fardados, iguais aos psicopatas que viram assassinos…
Carla Betta
8 de julho de 2013
Amstalden, na verdade, a gente poderia fechar o Brasil e realizar treinamentos e mais treinamentos, antes de reinaugurar o país. É um mal generalizado com as nuances próprias de cada profissão. No caso de policiais, bombeiros (a gente se esquece deles), guardas municipais e soldados não há falta de treinamento, mas sim inadequação, pois -como vc mesmo afirmou- valoriza-se a violência em detrimento da proteção às pessoas, da defesa à civilidade. Mas, penso que deva haver também uma seleção que coibisse a entrada de profissionais com o perfil de agressividade. De fato, o que priorizam os concursos nesta área?