No último dia 7 de agosto, recebi um e-mail do Jornal de Piracicaba, que diga-se de passagem foi enviado a todos os colaboradores e articulistas, alertando para o fato de que alguns artigos ultrapassavam o limite máximo de caracteres e que isso fugia ao padrão do Jornal, retirando inclusive o espaço destinado à ilustração que deve acompanhar cada artigo. A mesma mensagem alertava para o fato de que novos artigos que ultrapassassem 2.800 caracteres não seriam mais publicados.
Entendo as razões do Jornal. A administração de seu espaço é fundamental. Também respeito muito o trabalho do pessoal de lá e imagino que seja frustrante ter que “apertar” textos ou mesmo ter que prescindir das ilustrações. Mas, por outro lado, revi os meus artigos anteriores e descobri, que desde o primeiro, em março do ano passado, nunca consegui escrever somente 2.800 caracteres contando os espaços (que é o padrão do JP relatado no e-mail). O primeiro artigo lá publicado (e recolocado no Blog) é “Mulheres a beira de um ataque de nervos” e contava com exatos 3.642 caracteres. Todos os demais giram em torno disso. Claro, em alguns me excedi, como no último, que acabou, junto com o do vereador Paiva, não deixando espaço para as ilustrações do Erasmo, mas via de regra, não consigo mesmo expressar o que quero com a quantidade de “toques” exigida pelo JP. Tanto que nunca o fiz. Quando comecei a escrever fui alertado sim, para um limite, mas não me lembro se era este de 2.800. Tenho a impressão de que eram mais, mas não posso garantir, logo devo estar errado.
A conclusão a que posso chegar é que até agora o JP tolerou minhas “transgressões” e foi paciente comigo. Mas que agora não mais o fará. De novo digo que entendo. Não sou uma sumidade (e muito menos uma unanimidade) e nem estou acima das regras. Logo nada mais justo que o Jornal deixe de publicar artigos que ultrapassam suas regras e inclusive os meus.
Porém confesso que fiquei chateado. Continuarei a publicar no Blog os mesmos textos (e outros mais) que publicava no JP, mas não há dúvidas de que meu alcance será menor. O número de pessoas que lê o jornal é maior dos que acessam a net e principalmente os que acessam blogs como o meu. Pior, pessoas mais velhas que não têm facilidade com computadores e nem mesmo, por vezes, computadores, não lerão mais meus artigos. Lamento mesmo. Até porque era muito agradável entrar em contato com tais leitores pessoalmente, por telefone ou até nas ruas e conversar sobre o que havia escrito.
Argumentei de minha dificuldade em me expressar com pouco e disse que poderia, sim, controlar minha mão e diminuir minha “tagarelice”, mas que achava difícil manter somente o número pedido de toques. O JP avisou porém que não poderia abrir exceções, coisa com a qual eu, de novo, concordo.
Restava a tentativa de diminuir mesmo meus textos. Tentar encurtar, enxugar. Mas isso me traria outro problema. A questão é por que eu escrevo? Não é por motivos financeiros, até porque nunca recebi um centavo pelos meus artigos. Devo dizer que tinha uma assinatura do JP como cortesia e que agora esta, logicamente, deverá ser suspensa, mas remuneração pelos escritos não recebia. Tampouco escrevo para fazer propaganda própria. Para quê? Não sou candidato a nada e nem presto serviços ou tenho empresa. Meus rendimentos vêm da docência e meus alunos estão lá com ou sem artigos. Vaidade não é o caso. Claro que sou humano e é sempre lisonjeiro receber um elogio pelos meus artigos. Mas isto sempre ocorreu de forma privada e em pequena quantidade, o que não justifica o esforço da escrita. Além do mais, estou “velho” o suficiente para saber que vaidade não é uma virtude e não nos leva a nada. Assim, mesmo que aprecie elogios como todo mundo, não é por eles que escrevo. Aliás, para ser bem franco, meus escritos me renderam mais desafetos do que amigos, logo, se fosse para obter ganhos seria melhor “pegar mais leve”, coisa que nunca fiz.
Ocorre que eu escrevo porque existo, penso e sinto.Escrevo porque quero refletir com os leitores, sobre a realidade em que vivemos. Escrever é uma forma, uma maneira de me expressar a aos meus valores, frente ao mundo. E isso pode ser feito, talvez por alguém mais habilidoso, com menos palavras, mas não é meu caso. Se debato um tema ou teço uma crítica, quero ser claro, quero ser preciso, quero expor meus argumentos. Se critico ou proponho, quero ter alguma segurança de que estou contemplando mais de um lado da questão. E isso requer algo. Requer palavras, que por sua vez se transformam em “caracteres e toques” e estes, no meu caso, infelizmente, ultrapassam 2.800. Poderia tentar, mas não vou me aprisionar a isso. Logo não vou diminuir textos correndo o risco de perder o meu estilo, meu foco.
O Jornal tem o direito legítimo de colocar suas regras e suas condições. É uma entidade privada que divide seu espaço como quiser. Eu, porém, também tenho o direito de aceitar ou não estas regras. Como declaradamente não consigo me ater a esta em particular, encerro minha colaboração com o Jornal de Piracicaba. Agradeço a toda sua equipe pela paciência e tolerância que tiveram para comigo. Agradeço principalmente àqueles leitores que tiveram a paciência de ler meus longos textos. Peço desculpas por quaisquer incômodos que tenha causado e continuarei a publicar meus artigos através deste Blog.
Amanhã, quinta feira, dia 15 de agosto, publico o último que enviei ao JP e que não foi impresso. Depois disso continuarei a escrever normalmente por aqui nas quartas feiras.
Abraços a todos.
Amstalden.
Valéria Pisauro
14 de agosto de 2013
Amstalden, será a quantidade de caracteres ou de verdades?!
“Bora” conquistar outros espaços,
Abraços.
blogdoamstalden
14 de agosto de 2013
Valéria, leia o comentário do Eduardo Stella acima. Acho que não foram só os caracteres…
Anônimo
14 de agosto de 2013
Uma pena para o jornal e para a cidade. abraços
blogdoamstalden
14 de agosto de 2013
Muito Obrigado. Mas o blog continua
Evandro Mangueira
14 de agosto de 2013
Creio que o jornal perde, mas entendo que o número de carácteres as vezes é necessário para a organização do jornal. O jornal em papel é, ainda, muito lido, mas creio que o meio eletrônico logo substituirá-lo. Sucesso aqui no blog (que quem dita as regras é você)
Helena de Campos
14 de agosto de 2013
Sinto pena, muita pena mesmo. Tudo o que sinto vontade de expressar, acho nos seus textos. Sinto muito mesmo. Sou leitora assídua da sua coluna, mas quem sabe continuarei lendo-as em outro matutino.
blogdoamstalden
14 de agosto de 2013
Obrigado, Helena. Talvez sim, mas por enquanto vou me dedicar ao blog mesmo. Abs.
Camila Bahia
14 de agosto de 2013
Continuarei a acompanhar por aqui, como sempre!
blogdoamstalden
14 de agosto de 2013
Obrigado, Camila.
Carlos
14 de agosto de 2013
Realmente uma pena para todos nós. Vamos acompanha-lo pelo Blog
blogdoamstalden
14 de agosto de 2013
Obrigado Carlos
Elizabethe
14 de agosto de 2013
Continue com o blog, aqui não tem limite de caracteres, e continuaremos a prestigiar!!!
Anônimo
14 de agosto de 2013
já até mandei uma email para o jornal.
Valmir Rodrigues
14 de agosto de 2013
Não importa onde suas opiniões são mostradas, oque importa, é o alcance delas. O importante é continuar, afinal, barreiras estão sendo quebradas a cada dia.
blogdoamstalden
14 de agosto de 2013
Muito obrigado, meu amigo. Abs.
Carla Betta
14 de agosto de 2013
Lamento, mas sempre penso que quando se fecha uma porta, abre-se outra, otimista que sou.
Devo dizer que adorei a foto, parabéns à Juliana!
blogdoamstalden
14 de agosto de 2013
Valeu Carla. Bjs.
Hilario
14 de agosto de 2013
É uma pena pois eu sou um fã de carteirinha de seus artigos, mas continuarei a te acompanhar pelo blog.
blogdoamstalden
14 de agosto de 2013
Obrigado Hilário. Espero não o decepcionar.
Anônimo
14 de agosto de 2013
Peço que o Jornal repense… vamos sentir falta das palavras do amigo Luís. abraço querido amigo.
Avelino Estevam Filho
14 de agosto de 2013
Meu querido amigo Fernando, discordo de vc qto ao fato de que somente com o blog o numero de “seguidores” será menor, tenho comentários de pessoas de outras cidades que adoram seu blog, tanto pelos assuntos abordados qto pela qualidade dos mesmos, sei que sou suspeito, mas é verdade, Não fica chateado, somos seus fãs de carteirinha. Um fraterno abraço, a propósito, vc e Ju ( na intimidade) ainda estão me devendo um café…rsrs. A Paz Profunda.
blogdoamstalden
14 de agosto de 2013
Muito obrigado, Avelino. Vamos marcar sim. E, você tem razão. Tenho leitores em todo o Brasil e fora dele também. “Bora” cultivar isso. Abs.
Eduardo Stella
14 de agosto de 2013
Luis… você sabe como eu gosto dos números e resolvi checar …
uma outra colunista que estava em seu lugar usou bem mais de 4000 caracteres (o numero exato está no meu PC).
Não quero dizer nada …. só enriquecer os fatos com números ….
blogdoamstalden
14 de agosto de 2013
Eduardo, conferi e você tem razão. Agora eu fiquei realmente chateado. Será que esta história de número de toques é real? Será que o de hoje, da outra colunista, “passou por acidente” ou esta história foi inventada para me dispensar? SE foi, então eu pergunto, precisava disto? Não bastava dizer que os artigos não são lidos ou não estão de acordo com a linha do JP? Eu teria ficado chateado mas aceitado. Agora eu fiquei realmente desapontado. Não esperava esta falta de franqueza. Valeu por comentar. Abs.
helio rocha
14 de agosto de 2013
Luis, tudo (ou quase) foi dito acima. Mas eu gostaria de acrescentar que seus artigos -ao contrário do que vc pensa – angariou muitos amigos e digo-lhe: amigos verdadeiros daqueles que amam a ética, a transparência, a dignidade, o caráter!! Se seus escritos incomodaram e “alguns” poucos não gostavam do que vc escrevia é pq não partilhavam daquilo que é mais sagrado: A VERDADE !!! Continuaremos a te “seguir” onde quer que vá
ou escreva. Sua decisão será respeitada sempre e contamos com vc para engrandecer o nosso espírito de lealdade!!
abr fraterno
helio de almeida rocha
blogdoamstalden
14 de agosto de 2013
Muitíssimo obrigado, Helio, eu não mereço tanto, mas fico feliz em saber que o que escrevo é apreciado. Abração.
Luiz
14 de agosto de 2013
Realmente você é prolixo … não consegui sequer ler todo o artigo, hoje em dia é preciso ser sucinto, caso contrario …
blogdoamstalden
14 de agosto de 2013
Luiz, obrigado por ser a voz discordante. Assim fico seguro de que o blog não é lido só por quem gosta de mim ou de meus artigos, afinal não sou o único a escrever aqui. Quanto a ser prolixo, esta é uma percepção sua que pode estar correta. Ninguém é bom juiz de si mesmo e eu tampouco. Mas independente da qualidade dos meus textos (ser prolixo é um defeito e isso é diferente de ser “extenso”) eu não acredito nesta “fast information” de hoje. Penso que isso retira não só o estilo quanto a profundidade dos textos. Assim, meu amigo, penso que não serei mais sucinto por opção, mas posso rever para ver se sou realmente “prolixo”. Por outro lado, o artigo de hoje que me substituiu tem, como o Eduardo Stella me alertou, mais de quatro mil caracteres. Como eu disse acima, para a Daisy, o JP convida a escrever quem ele quiser, mas franqueza e educação vão bem a todo mundo, inclusive a um jornal.
Daisy Costa
14 de agosto de 2013
Uma grande perda para os leitores… Estes dias estive a pensar que o JP deveria fazer uma pesquisa sobre quem lê alguns artigos de certa forma impostos diariamente: ‘Há 30 anos’, de F Losso Neto ( com todo respeito, o JP deveria somente citar um resumo dos artigos dele e o texto, na íntegra, quem quisesse acessaria o site). Outro artigo que diariamente nada diz de peso é o do Jaime Leitão (também com todo respeito, se ele escrevesse eventualmente talvez fosse melhor aproveitado). Portanto, é uma pena não termos você para fazer a diferença junto ao escritores oficiais do JP. Mas jamais deixaremos de acompanhar e compartilhar este Blog.
blogdoamstalden
14 de agosto de 2013
Muitíssimo obrigado, Daisy. Agora o que me deixou mais chateado é que vi o comentário do Eduardo Stella e resolvi checar. De fato, pelo meu computador o artigo de hoje que substituiu o meu tem 4.786 caracteres contando o espaço. Tudo bem, o JP coloca para escrever quem ele quiser, mas poderiam ter sido mais francos, né?
Anônimo
14 de agosto de 2013
É realmente não entendo isso, mas enfim… prefiro deixar aqui expressa minha admiração por você, e dizer que seus artigos farão falta, um abraço!
Anônimo
14 de agosto de 2013
Fernando, é uma pena (para mim, inclusive, pois era mais cômodo ler no “Jornal” que na internet), mas continuarei lendo. É uma pena que menos pessoas terão acesso a seus artigos, sempre muito bem escritos, claros, e até didáticos. Seus artigos não devem nada a outros, publicados em grandes jornais e revistas. Logo surgirá outro espaço, continue!
.
Anônimo
14 de agosto de 2013
O “anônimo” aí de cima, sou eu: Paulo Bastos, só depois de postado percebi que não me identifiquei. Abraços!
Anônimo
14 de agosto de 2013
O “anônimo” aí em cima, sou eu, Paulo Bastos. Só depois de postado percebi que não me identifiquei. Abraços!
Heloisa Angeli
15 de agosto de 2013
Fernando, saiba que lamento muitíssimo tanta ignorância e pobreza de espírito do JP.
Grande abraço!
Anônimo
15 de agosto de 2013
Essa é a gestão atual do JP. Uma gestão que não tem coragem de dizer a verdade a articulistas, colaboradores e funcionários e que vem se perdendo e perdendo grandes profissionais, remunerados ou não.
Antonio Carlos Danelon
15 de agosto de 2013
Luiz, bola pra frente. Boas Idéias caminham pelo ar.
“Você corta um verso, eu escrevo outro.
Você me prende vivo, eu escapo morto.
De repente olha eu de novo”. (Maurício Tapajós e Paulo Sérgio Pinheiro).
Antonio Carlos Danelon
17 de agosto de 2013
Mesmo quando longos, seus textos são pedagógicos e com enredo interessante. Nenhuma frase é supérflua. O duro é aguentar os escritos insossos do Thame e ególatras do Barjas. Aliás, políticos deveriam falar menos e ouvir mais. Por isso, a prioridade de todos os jonais deveria ser a voz dos profetas do povo.
Tais
15 de agosto de 2013
Olá Luis Fernando, em nome do Cecílio Elias Netto, convido você a enviar seus artigos para a Província (www.aprovincia.com.br) também, se for de seu interesse!
E-mail: redacao@aprovincia.com.br
Gleison
16 de agosto de 2013
Luis, acho que você deveria procurar outros periódicos, como a gazeta e a tribuna, além da provincia, como sugeriu a autora do tópico acima. Azar do JP e sorte dos outros. Procure também o jornal “Folha Cidade”, fale com o Paulo Camolesi sobre isso.
Abraços!
Anônimo
17 de agosto de 2013
Luis, que pena, escrevi duas cartas na seção Leitor do JP elogiando seus artigos. Desde quando começou a escrever no Jornal passei a admirar a forma que trata a questão da ética, da cidadania. Hoje (17/08) percebi que os artigos do Barjas e do Paiva estavam bem menores do que normalmente acontece, até estranhei, agora estou entendendo o tal de 2.800 toques. Sei que os seus textos são longos, mas, convenhamos, deixar de escrever em um jornal como o JP é desperdiçar uma oportunidade única de expor suas ideias. Não seria mais prudente rever sua posição e tentar se adaptar? O Brasil passa por um momento único, o povo despertou, as manifestações de rua provaram isso. Creio que o piracicabano precisa de um articulista como você. Com todo respeito, reveja sua posição, caro Luis.
abraços. Francisco Cella