O Fim de minha parceria com o Jornal de Piracicaba. Por Luis Fernando Amstalden

Posted on 14 de agosto de 2013 por

41



Foto de Juliana Machado Amstalden

Foto de Juliana Machado Amstalden

No último dia 7 de agosto, recebi um e-mail do Jornal de Piracicaba, que diga-se de passagem foi enviado a todos os colaboradores e articulistas, alertando para o fato de que alguns artigos ultrapassavam o limite máximo de caracteres e que isso fugia ao padrão do Jornal, retirando inclusive o espaço destinado à ilustração que deve acompanhar cada artigo. A mesma mensagem alertava para o fato de que novos artigos que ultrapassassem 2.800 caracteres não seriam mais publicados.

Entendo as razões do Jornal. A administração de seu espaço é fundamental. Também respeito muito o trabalho do pessoal de lá e imagino que seja frustrante ter que “apertar” textos ou mesmo ter que prescindir das ilustrações. Mas, por outro lado, revi os meus artigos anteriores e descobri, que desde o primeiro, em março do ano passado, nunca consegui escrever somente 2.800 caracteres contando os espaços (que é o padrão do JP relatado no e-mail). O primeiro artigo lá publicado (e recolocado no Blog) é “Mulheres a beira de um ataque de nervos” e contava com exatos 3.642 caracteres. Todos os demais giram em torno disso. Claro, em alguns me excedi, como no último, que acabou, junto com o do vereador Paiva, não deixando espaço para as ilustrações do Erasmo, mas via de regra, não consigo mesmo expressar o que quero com a quantidade de “toques” exigida pelo JP. Tanto que nunca o fiz. Quando comecei a escrever fui alertado sim, para um limite, mas não me lembro se era este de 2.800. Tenho a impressão de que eram mais, mas não posso garantir, logo devo estar errado.

A conclusão a que posso chegar é que até agora o JP tolerou minhas “transgressões” e foi paciente comigo. Mas que agora não mais o fará. De novo digo que entendo. Não sou uma sumidade (e muito menos uma unanimidade) e nem estou acima das regras. Logo nada mais justo que o Jornal deixe de publicar artigos que ultrapassam suas regras e inclusive os meus.

Porém confesso que fiquei chateado. Continuarei a publicar no Blog os mesmos textos (e outros mais) que publicava no JP, mas não há dúvidas de que meu alcance será menor. O número de pessoas que lê o jornal é maior dos que acessam a net e principalmente os que acessam blogs como o meu. Pior, pessoas mais velhas que não têm facilidade com computadores e nem mesmo, por vezes,  computadores, não lerão mais meus artigos. Lamento mesmo. Até porque era muito agradável entrar em contato com tais leitores pessoalmente, por telefone ou até nas ruas e conversar sobre o que havia escrito.

Argumentei de minha dificuldade em me expressar com pouco e disse que poderia, sim, controlar minha mão e diminuir minha “tagarelice”, mas que achava difícil manter somente o número pedido de toques. O JP avisou porém que não poderia abrir exceções, coisa com a qual eu, de novo, concordo.

Restava a tentativa de diminuir mesmo meus textos. Tentar encurtar, enxugar. Mas isso me traria outro problema. A questão é por que eu escrevo? Não é por motivos financeiros, até porque nunca recebi um centavo pelos meus artigos. Devo dizer que tinha uma assinatura do JP como cortesia e que agora esta, logicamente, deverá ser suspensa, mas remuneração pelos escritos não recebia. Tampouco escrevo para fazer propaganda própria. Para quê? Não sou candidato a nada e nem presto serviços ou tenho empresa. Meus rendimentos vêm da docência e meus alunos estão lá com ou sem artigos. Vaidade não é o caso. Claro que sou humano e é sempre lisonjeiro receber um elogio pelos meus artigos. Mas isto sempre ocorreu de forma privada e em pequena quantidade, o que não justifica o esforço da escrita. Além do mais, estou “velho” o suficiente para saber que vaidade não é uma virtude e não nos leva a nada. Assim, mesmo que aprecie elogios como todo mundo, não é por eles que escrevo. Aliás, para ser bem franco, meus escritos me renderam mais desafetos do que amigos, logo, se fosse para obter ganhos seria melhor “pegar mais leve”, coisa que nunca fiz.

Ocorre que eu escrevo porque existo, penso e sinto.Escrevo porque quero refletir com os leitores, sobre a realidade em que vivemos. Escrever é uma forma, uma maneira de me expressar a aos meus valores, frente ao mundo. E isso pode ser feito, talvez por alguém mais habilidoso, com menos palavras, mas não é meu caso. Se debato um  tema ou teço uma crítica, quero ser claro, quero ser preciso, quero expor meus argumentos. Se critico ou proponho, quero ter alguma segurança de que estou contemplando mais de um lado da questão. E isso requer algo. Requer palavras, que por sua vez se transformam em “caracteres e toques” e estes, no meu caso, infelizmente, ultrapassam 2.800. Poderia tentar, mas não vou me aprisionar a isso. Logo não vou diminuir textos correndo o risco de perder o meu estilo, meu foco.

O Jornal tem o direito legítimo de colocar suas regras e suas condições. É uma entidade privada que divide seu espaço como quiser. Eu, porém, também tenho o direito de aceitar ou não estas regras. Como declaradamente não consigo me ater a esta em particular, encerro minha colaboração com o Jornal de Piracicaba. Agradeço a toda sua equipe pela paciência e tolerância que tiveram para comigo. Agradeço principalmente àqueles leitores que tiveram a paciência de ler meus longos textos. Peço desculpas por quaisquer incômodos que tenha causado e continuarei a publicar meus artigos através deste Blog.

Amanhã, quinta feira,  dia 15 de agosto, publico o último que enviei ao JP e que não foi impresso. Depois disso continuarei a escrever normalmente por aqui nas quartas feiras.

Abraços a todos.

Amstalden.

Posted in: Artigos