“Apenas quatro dos 23 vereadores apresentaram propostas à Lei Orçamentária Municipal mostrando, com isso, um legislativo da situação, que prefere se calar diante do Executivo ao invés de propor e auxiliar o governo na escolha de prioridades. Na votação já é esperado que todas elas sejam derrubadas seguindo a cartilha do Executivo”. (Editorial do JP de 23.11.13). Não deu outra. Notícia do dia 28 diz que a Câmara aprovou o Orçamento 2014 sem emendas, seguindo a mesma toada dos últimos oito anos. As 87 apresentadas pela oposição foram rejeitadas pela base governista.
Tenho a impressão que pagamos 23 vereadores, mas, na prática, temos seis: os dezoito da base aliada, que representam um só voto; quatro da oposição e um, que se diz autônomo. Estaria nosso Legislativo respeitando a Constituição quando diz que, apesar de harmônicos, os poderes são independentes?
Exceto interesseiros, cidadãos não conferem mandato parlamentar a alguém para que apóie governos por mais certos que sejam, mas para – aliado ou não – fiscalizá-los, apresentar propostas, corrigir sua postura; até porque, segundo Rui Barbosa, “… amigo é aquele que nos faz melhor do que somos”. Um aliado que não questiona, nem pra inimigo serve, quanto menos para amigo. Ao que parece, nosso prefeito está cercado de concordinos, e se depender deles poderá cometer erros. Enquanto estadistas primam por qualidade na base aliada – por isso querem e respeitam a oposição -, governos medíocres investem na quantidade porque suas propostas nem sempre resistem à crítica.
Sendo assim, pergunto à ‘base aliada’ se é ouvida e se analisa matérias do governo ou o pacote vem pronto para ser aprovado? Nesse mesmo sentido, matérias vindas da oposição são avaliadas ou a ‘ordem’ é para derrubá-las todas? Faço essas perguntas porque nunca vi 18 pessoas tão diferentes e tão bem sincronizadas.
De qualquer maneira, se os parlamentares da base aliada – grosso modo – votam em bloco, provavelmente nem da situação e menos ainda da oposição precisem ler e estudar as matérias. Basta obedecer à batuta do líder, que – referindo-se a administração passada, nessa perpetuada – declarou ao jornal A Tribuna (10.04.10): “Sou do mesmo partido do prefeito e o Legislativo tem ajudado muito na administração da cidade. Sempre demos respaldo ao prefeito em todos os seus projetos. Ele nunca perdeu um projeto, por mais polêmico que fosse, e todos os seus vetos foram acatados.” Se não precisam pensar e nem ler, se ocupam com o quê no dia-dia? Ora, “Se – como disse o cineasta americano Darryl F. Zanuck – dois homens no mesmo trabalho concordam o tempo todo, um deles é demais”, temos vereadores demais.
Infelizmente, senhores da base aliada, com essa postura vocês prejudicam a coletividade já que “Quando todos pensam igual é porque ninguém está pensando”. (Walter Lippman). É seu dever diante de Deus – já que lêem a Bíblia em todas as sessões – e da sociedade questionar se os rumos que impuseram a esta cidade são sustentáveis e visam o bem estar de todos, ou estamos à mercê da voragem do setor imobiliário, da cobiça do poder econômico, de interesses corporativos e projetos político-partidários. Violenta como agora Piracicaba nunca foi, o que indica uma cidade doente. E vocês, por atos ou omissões, não são também responsáveis por isso?
Segundo Honoré de Balzac “a gente respeita um homem que se respeita a si mesmo”. Os senhores têm se respeitado? É preciso coragem para honrar o próprio nome e ser o que se é em qualquer lugar. Nesse sentido, por que se calaram ante a exoneração de Antonio Oswaldo Storel – um dos parlamentares mais íntegros que essa Casa conheceu – do cargo de chefe de gabinete do vereador Paulo Camolesi após ter publicado texto onde discorre sobre as verdadeiras atribuições do vereador?
Antônio Carlos Danelon é Assistente Social
Gleison
6 de dezembro de 2013
Totó, sempre mandando muito bem!
Eduardo
6 de dezembro de 2013
A tal base faz uma confusão semântica e acha que o povo tá sempre com BASEADO na cabeça ….
talvez tenham tido razão até agora …
Fernanda
6 de dezembro de 2013
Perfeito Totó, obrigada por dar voz aos pensamentos de muitos..
ninfa
6 de dezembro de 2013
Queiram ou não atualmente as políticas públicas estão em baixa e a qualidade delas dependem do legislativo, sem dúvida,que a base é forte, a preocupação é com o poder da continuidade. Os que se dizem da oposição não tem se atentado para isso, apenas alguns como vc mesmo escreve, mas que não há união suficiente entre eles para que em conjunto com a sociedade cobre-se uma política de qualidade. O artigo do Storel falava sobre isso, da qualidade delas e do ouvir-se mais a população de modo geral. Bom texto Totó.
Eduardo
6 de dezembro de 2013
Curioso é ver eles esperneando aos berros e exigindo respeito a eles próprios. Que eu me lembre, na minha vida, nunca precisei mendigar pedidos de respeito para com minha pessoa ou impor à “fórceps” mediante ameaças ou gritarias. Sempre me dei ao respeito e quando alguém me desrespeita, significa que precisa crescer moralmente e apenas tenho piedade de uma mente tão tacanha.
Agora, não respeitar o erário público é destruir a classe política. Aí vão lá e fazem aqueles discursos de “fascistas” e etc … bla bla bla … Na verdade, todos acreditamos que a política é NECESSÁRIA e gostamos de POLÍTICA e nunca pregamos o FIM da política ou do legislativo. Quem está propiciando esse fim são os que não respeitam o que dizem fazer!
Na minha modesta opinião, não se faz política naquela casa, salvo raras exceções … e mesmo essas raras exceções precisam se libertar do corporativismo. Eu me lembro muito bem quando um vereador iria brigar pelo fim do aquário e abriu mão em nome de uma boa política … ah … o resultado é que ficamos com o aquário e sem o PL do Nepotismo …
Eduardo Stella
6 de dezembro de 2013
Escrevi sobre isso no início de Agosto também …
https://blogdoamstalden.com/2013/08/13/resposta-aos-veredores-sobre-a-sessao-de-segunda-dia-50813-por-eduardo-stella/
Amadeu Provenzano Filho
6 de dezembro de 2013
Ditadura pura, travestida de autoritarismo barato. É uma autoridade que se impõe, quando se não a tem. É um respeito que exige, quando não respeita. A Casa é um local onde não são permitidas manifestações populares, qualquer gesticulação é vista como ameaça, e membro dela é agressivo, não dá o menor respeito, grita, é entediante, ameaçador, agressivo, enquanto o resto, é um túmbalo – silêncio mortal. Oxalá enxergassem e discutissem os projetos, as emendas, os orçamentos da mesma forma como vigiam os que frequentam a Casa. Ah aí seria diferente, muito !
Daisy Costa
9 de dezembro de 2013
Psssiiuuuu, gente!!! Não podemos criticá-los!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!
Senão…já sabem…
Antonio Carlos Danelon
10 de dezembro de 2013
Obrigado, gente pela leitura e pelos comentários.
Anônimo
10 de dezembro de 2013
Mas tem um vereador, desses que fica vermelho quando fica bravo – está sempre bravo – que agora deu de meter o pau na PASCA. Todo dia é a mesma coisa. Já encheu o o saco. Pelo jeito sabe nada da entidade, que faz há décadas o que é obrigação do município.Será que não tem o que fazer? Ele já conversou com as famílias dos adolescentes atendidos pela PASCA para ver o que ela faz? Não vou me identificar porque ele é cheio de esculachar e perseguir quem dele discorda. Só queria que tivesse mais bom senso e pare de atacar quem trabalha sério.