Agora, na Coréia do Sul, tão admirada pelo seu crescimento econômico e seu poderio industrial, começa uma greve contra a privatização do sistema ferroviário e, de quebra, também contra as acusações de manipulação das eleições presidenciais. Os acontecimentos relembram as manifestações na Turquia e no Brasil, ambas neste ano de 2013. Milhares de manifestantes estão nas ruas e cantam a música “Do you hear the people sing?”, famosa no musical “Os Miseráveis”
É cedo para dizer o que acontecerá na Coréia e também nos demais países. Será só um movimento relâmpago sem mais implicações, como parece ter sido o daqui? Ou será um início de movimentação maior, como espero que ainda seja aqui?
O fato é que esta mobilização coreana faz refletir alguns pontos importantes:
O primeiro é o de que a questão do público e do privado não é só uma discussão do “atrasado” Brasil. Também nos países mais ricos há quem (e parece muito mais gente do que se imagina) que não quer a privatização de todos os serviços e patrimônios estatais.
O segundo é o de que o centralismo político, que acaba sendo “eficiente” para o crescimento econômico, não promove necessariamente a justiça social e nem substitui o desejo de participação democrática. Tanto na Coréia, Turquia quanto no Brasil, no final das contas o que os manifestantes querem é serem ouvidos, serem cidadãos.
O terceiro ponto a refletir é mais local. Piracicaba (e seus políticos) brindou a vinda de empresas coreanas para a cidade. Aliás, fizeram de tudo para que elas viessem para cá, crentes num desenvolvimento relativo. Convém lembrar que os coreanos não trouxeram somente aspectos tradicionais de sua cultura, mas também aspectos duros de seu ritmo de trabalho e de suas relações trabalhistas, o que tem, desde já, gerado muito descontentamento entre funcionários das mesmas. Conheço, pessoalmente, pelo menos quatro pessoas (duas delas filhos de coreanos nascidos no Brasil) que se revoltaram contra a forma com que os funcionários são tratados. Todos pediram demissão e processaram as empresas. Esta maneira de tratar os trabalhadores não é tradicional. Ela veio na esteira do pós guerra e da ditadura Sul Coreana que diminuiu direitos trabalhistas e tolerou o tratamento de funcionários de forma quase militar. Este sistema vai funcionar aqui? É o que queremos? Vamos ver isto em breve. Mas de antemão eu digo que, tanto na Coréia do Sul quanto aqui, não é só o desenvolvimento econômico que está em jogo, mas também a qualidade de vida, a participação democrática e QUE TIPO DE DESENVOLVIMENTO QUEREMOS.
De quebra, segue o vídeo com a cena do filme e a música traduzida.
PS: por favor, não confundam minha análise sobre a Coréia do Sul com apoio a Coréia do Norte. Infelizmente este recado é necessário aos que confundem crítica e análise com alinhamento geopolítico. Este NÃO é o meu caso..
Eduardo Stella
29 de dezembro de 2013
Excelente artigo Luis … aliás, se não fosse a Internet não iríamos saber disso … Estou hoje em casa, numa sessão de “cossação” e procurando uns jogos pra jogar e estou notando alguma coisa tosca: Raramente há jogos de campanha sobre a guerra do Vietnã. Fácil é achar da 2ª guerra, das guerras do Iraque … do Vietnã nada … só alguns títulos do estilo “Rambo” … nada real …
Manipulação?
E nada temos a comemorar … Dilma acaba de sancionar uma Lei que dá uma fechadinha a mais na Internet … agora notícias dos políticos são exclusividade da grande mídia novamente … é lamentável!
Daisy Costa
30 de dezembro de 2013
Amstalden! Obrigada pela preciosa informação. Fiquei emocionada com seu artigo e os vídeos!
Parabéns!
Carla Betta
31 de dezembro de 2013
QTA GENTE JOVEM!! ISTO ME ENCANTA!!