Que a arte me aponte uma resposta
Mesmo que ela mesma não saiba
E que ninguém a tente complicar
Pois é preciso simplicidade pra fazê-la florescer
Pois metade de mim é plateia
A outra metade é canção
Que a minha loucura seja perdoada
Pois metade de mim é amor
E a outra metade também
Oswaldo Montenegro poetizou ao compor a música metade. Transportou ao amor, mesmo que a letra por inteira seja auto-reflexão, tornou-a um louvor ao amor. E que todo loucura seja perdoada!
Essa, quase, intransferível necessidade do outro, que temos.
O amor é condição existencial, não há pessoa sem esse sentimento, às vezes ele ganha novos nomes: Caridade, solidariedade, compaixão, apreciação, admiração, respeito, ciúmes e ódio.
Entre todos, o ódio é o mais próximo do amor. Com base naquele fenômeno matemático, aquele que ao multiplicar por menos um (-1) toda equação fica invertida.
Exemplo: 49x-25>64 (-1) = -49x+25<-64.
Essa é a relação do amor e ódio: Quando multiplicamos por -1 o amor, temos o ódio. O que se contrapõe ao amor é a indiferença.
Ao sentir raiva de alguém, Ama-se multiplicado por -1. Um amor invertido que jaz em nossa cabeça, ocupa nosso tempo, habita em nossos planos, definem nossas atitudes. Alguém duvida de que são iguais o amor e o ódio, apenas com o valor semântico invertido?
Primeira situação hipotética, Maria ama Rafael, Maria decide ir à praia, no entanto Rafael não pode ir, resultado: Maria escolhe outra data para ir à praia.
Segunda situação hipotética, Maria odeia Rafael, Maria decide ir à praia, no entanto Rafael vai junto, resultado: Maria escolhe outra data para ir à praia.
A equação é matemática, simples assim, a oposição ao amor é a indiferença, pois se Maria fosse indiferente a Rafael, tão pouco importava se ele iria ou não a praia, ela escolheria a data sem pensar nele.
O amor nos torna melhor, ou não. É por amor que se abre mão de certos caprichos para que o outro esteja bem, mas o amor pode ser obsessivo, daí, anula-se para dar vida ao outro, e nesse caso sufoca-o. Essa é a relação de ciúmes, tão bem interpretada por Elza Soares na música Dor de Cotovelo, composta por Caetano Veloso e Gilberto Gil:
O ciúme dói nos cotovelos,
na raiz dos cabelos,
gela a sola dos pés.
Faz os músculos ficarem moles,
e o estômago vão e sem fome.
Dói da flor da pele ao pó do osso.
Rói do cóccix até o pescoço
Acende uma luz branca em seu umbigo,
Você ama o inimigo e se torna inimigo do amor.
O ciúme dói do leito à margem,
dói pra fora na paisagem,
arde ao sol do fim do dia.
Corre pelas veias na ramagem,
atravessa a voz e a melodia.
As pessoas estão por perto porque de alguma forma nos completa, é por isso que devemos deixá-las livres, fica ao nosso lado somente quem tem algo a aprender ou a ensinar, é uma troca. O ciúme é só vaidade como disse Raul seixas:
Amor só dura em liberdade
O ciúme é só vaidade
Sofro, mas eu vou te libertar
Não devemos ser ciumentos, e alguns perguntam o porquê. A reposta é simples: Quem fica conosco é porque quer, é porque gosta, esse é o amor incondicional. O mundo oferece tudo de interessante, mas a pessoa prefere a simplicidade de nos fazer sorrir.
Filipe Catto canta, em Juro por Deus, a história de uma mulher que ao sentir ciúmes pensa no suicídio, mas troca a corda no varal por um vestido com decote até o umbigo, vale lembrar que o amor ao outro deve sempre ser menor do que o amor próprio, mas não muito menor, para não virar soberba.
Juro por Deus, já olhei tantas vezes
Pro quintal
Um nó bem dado bem na corda do varal
Pra te punir ou não, quem vai saber?
Não me surpreenderia
Tua alegria mórbida ao amanhecer
Foi quando o samba chorou outra vez
E o nó pesado esquecido no peito desfez
E eu me banhei, eu me perfumei
E então decidi
Usar o decote mais abusado que existir
E eu vou abrir a fenda até o meu umbigo
E eu vou dormir com
Aquele teu melhor amigo
E me matar de ciúme por ti?
Ah! Por favor!
Se é pra morrer
Que morra você, meu amor
Existe uma clara diferença entre amor, paixão e sexo. A paixão é devastadora, nos transporta a um mundo selvagem, confuso, cheio de sensações, cores e frustrações, os apaixonados não têm limites, enquanto a acepção de amor e sexo, deixo por conta de Rita Lee que em composição com Roberto de Carvalho apresentam uma excelente definição na música “amor e sexo”:
Amor sem sexo
É amizade
Sexo sem amor
É vontade
Amor é um
Sexo é dois
Sexo antes
Amor depois
Sexo vem dos outros
E vai embora
Amor vem de nós
E demora
Sexo sem amor é vontade, Sexo vem dos outros e vai embora, essas três linhas representam o lado selvagem do amor, o puro instinto. Há quem diga que exista diferença entre transar e fazer amor, eu mesmo nunca notei tal diferença, mas existem os que de tanto ceder ao capricho alheio, de tanto se submeter às vontades vãs dos outros, nunca conheceram o amor. O sexo vem dos outros, o desejo é alheio, e seu é apenas o corpo, sensação descrita em o Tango de Nancy de Chico Buarque e Edu Lobo:
Quem sou eu para falar de amor
Se de tanto me entregar nunca fui minha
O amor jamais foi meu
Mas o que é o amor senão a caridade, a entrega completa ao outro, a dedicação e o compromisso. O amor é o desejo de fazer o bem, de agradar, de realizar coisas e de satisfazer, entre todos os tipos de amor, o respeito é o mais adequado, quando se respeita, enxerga-se no outro o semelhante. É com base no respeito que se percebe no outro a si próprio, e sem amor nada seríamos, como tão bem cantou Renato Russo na canção Monte Castelo:
Ainda que eu falasse
A língua dos homens
E falasse a língua dos anjos
Sem amor eu nada seria
Entre todas as definições de amor, existe essa que impressiona, cantada por Renato Russo, mas que na verdade encontra-se em 1º Coríntios Capítulo 13, versículos 1-2-3:
1 – Ainda que eu falasse as línguas dos homens e dos anjos, e não tivesse amor, seria como o metal que soa ou como o sino que tine.
2 – E ainda que tivesse o dom de profecia, e conhecesse todos os mistérios e toda a ciência, e ainda que tivesse toda a fé, de maneira tal que transportasse os montes, e não tivesse amor, nada seria.
3 – E ainda que distribuísse toda a minha fortuna para sustento dos pobres, e ainda que entregasse o meu corpo para ser queimado, e não tivesse amor, nada disso me aproveitaria.
Metade – Oswaldo Montenegro
Dor de Cotovelo – Caetano Veloso / Gilberto Gil:
Maça – Paulo Coelho / Raul Seixas
Juro Por Deus – Filipe Catto
Amor e Sexo – Rita Lee / Roberto de Carvalho
Tango de Nancy – Luiza Possi – Chico Buarque / Edu Lobo
Monte Castelo – Renato Russo
Soraya Kassouf Perina
3 de abril de 2014
Bom!
Anônimo
3 de abril de 2014
Obrigado Soraya!
Evandro Mangueira
3 de abril de 2014
Obrigado Soraya
Carla Betta
3 de abril de 2014
“Qualquer maneira de amor vale a pena!” “Qualquer maneira de amor valerá!”
Evandro Mangueira
4 de abril de 2014
É mesmo Carla, o Amor é válido em qualquer momento!
Valéria Pisauro
4 de abril de 2014
Adorei! Parabéns.
Tenho uma música que fala sobre CIÚME, vou te mandar. Abraços.
Evandro Mangueira
4 de abril de 2014
Valéria, obrigado!!! Quero sim conhecer a música!