O Papa João Paulo I disse uma vez, durante o seu breve pontificado, que Deus, além de Pai é também Mãe, pois os amores se assemelham. Não falo, aqui, dessa criançada que matou a própria adolescência para brincar de maternidade tendo filhos sem pai, sem lar e muito antes da hora. E nem de quem terceiriza os cuidados dos filhos, pois uma mãe que não os viu crescer não pode ter esse nome. Falo da mulher que, necessitando trabalhar fora, assume a maternidade com responsabilidade e daquela que escolhe ficar mesmo passando aperto enquanto os filhos dela precisam.
Mãe de verdade põe disciplina em casa. Tem hora para sair e horário para voltar. Procura conhecer os amigos dos filhos e lhes abre os olhos quanto às companhias. Não aceita mentiras e nem chantagens. Seu sim é sim. Seu não é não. Não assume responsabilidade que é do companheiro ou filhos, porém faz questão de ouvi-los. Vigia e protege a prole como uma águia. Ensina, pune e corrige; disfarça a tristeza na hora da partida; esconde o medo e acredita na recuperação do filho ou da filha quando erra. Aceita com certo orgulho quando dizem que venceram, mesmo sabendo que quase tudo dependeu dela; e é capaz de compreender cada um no seu jeito único de ser.
Mãe que é mãe quer família em volta da mesa e não na frente da televisão. Distribui o serviço e cada um que assuma sua parte. Toda criança deve ter tarefas em casa. O trabalho educa e forma o caráter. A melhor maneira de tornar a vida dos filhos difícil é facilitar as coisas para eles, por isso, não admite desperdício e procura vida modesta. Dar tudo o que o filho quer é próprio de mães fracas. ‘Compram’ respeito e admiração, aumentando assim sua dívida com eles. Ninguém gosta de mãe fraca. Usa e dela abusa esperando que reaja. Mãe que toma partido do filho contra vizinhos, professores e autoridades faz isso para não ver erros na educação que deu e que a farão chorar mais tarde.
Muitos jovens varam noites bebendo, quebrando, fumando e brincando de sexo porque seus lares são tristes, frios e vazios. Não têm nada a perder, e assim se comportam como espécie de desforra pelo descaso em que vivem. Adolescente valorizado, amado e respeitado não troca sonhos por gravidez precoce e nem cai na lábia de asquerosos traficantes. Pode até experimentar, como é próprio da idade, mas logo volta ao seu centro.
Mãe resolvida conversa sobre sexo de modo claro e sem receio. Não faz concessões e nem abre mão de valores nos quais acredita. Em vez de dar ao filho uma camisinha e à filha a pílula do dia seguinte, procura mostra-lhes o valor da castidade e como é prazeroso o sexo feito com a consciência tranqüila na idade certa, na hora certa e oxalá com a pessoa certa. Ensina-lhes que o amor humano mais que paixão e posse é camaradagem, respeito, admiração e, resumindo tudo, uma profunda amizade onde cada um se veja através do outro e assuma a responsabilidade de seu próprio ser. Isso requer maturidade
Finalmente, uma mãe de verdade reúne os filhos para louvar e agradecer ao Senhor todos os dias, pois sabe que “nem só de pão vive o homem”, e mostra-lhes mais com exemplo que com palavras que a fé só se fortalece na vida em comunidade, afinal Deus é também Mãe.
Antônio Carlos Danelon é Assistente Social. totodanelon@ig.com.br
Carla Betta
9 de maio de 2014
Tem mesmo que disfarçar na hora da partida? …
Não sei se esta é a mãe de verdade, mas, com certeza, é a mãe ideal.
Mesmo querendo, não conseguimos ser tudo isto. Ainda que seja também o nosso ideal, como seres humanos, titubeamos. Erramos muito sem querer e erramos muito por crenças equivocadas.
Não somos deusas, somos feitas de carne, osso, defeitos e neuroses.
Mas, esta mãe ideal que você descreve, Totó, e todas as mães que assim desejam sê-lo, além de todas as mães abnegadas pelos seus filhos têm em comum o AMOR, o IMENSO AMOR incondicional que nos aproxima de nossa MÃE MAIOR, a amorosa MARIA, mãe de Jesus e de todos nós.
Anônimo
10 de maio de 2014
Carla, obrigado pelo comentário. Quem sou eu para dizer o que uma mãe deve fazer? Acho que viajei demais. Mas que você tem muito disso que disse tem. E mais ainda, os pés bem plantados no chão. Parabéns aos seus pela mãe que têm.
Graça Ribeiro
9 de maio de 2014
Poxa, estava quase me encaixando nessa “mãe ideal”, mas perdi pontos na hora da castidade…desde muito cedo, ensinei meus filhos que sexo é prazeroso, e fica divino quando feito com amor, mas se os instintos falarem mais alto, a camisinha impede a gravidez indesejada e a AIDS e DST.
Ah! Sou voluntária numa comunidade carente e conheço um bom número de mães adolescentes, elas podem se assustar num primeiro momento, mas salvo raras exceções, são “mãezonas” como todas nós.
Um abraço
Graça Ribeiro
Anônimo
10 de maio de 2014
Valeu, Graça. Perdeu pontos não, porque a realidade não é nem um conto de fadas. Quanto às adolescentes carentes, trabalhei como assistente social na perferia por muitos anos. Nas reuniões com gestantes, o número de adolescentes aumentava a cada encontro. Sei da garra delas, porém durante as conversas a maioria dizia que – embora não se arrependesse – se pudesse voltaria atrás porque não queria deixar os estudos e o sonho de uma profissão decente. De qualquer modo, aprendi a respeitá-las e compreendê-las porque para muitas, gravidez funcionava como autoafirmação perante os pais e a sociedade.
Anônimo
10 de maio de 2014
E parabéns pela data, Graça. Principalmente pela “mãe real”, muito mais difícil que “mãe ideal”.