Leio nos jornais que uma pesquisa de opinião aponta, em Piracicaba, que 87% dos entrevistados estão satisfeitos com o funcionamento da Zona Azul, feito por parquímetros e administrado, mediante concessão, pela empresa Estapar. Pesquisas de opinião são sujeitas a falhas e enganos. Dependendo da metodologia e da amostragem é possível sim, ter-se um bom retrato de uma situação. Mas as possibilidades de erros também são grandes. Parto, porém, do princípio de que esta pesquisa está correta e de fato o número de usuários satisfeitos seja este, o de 87%. E assim sei que eu pertenço aos 13% que não estão satisfeitos. Não, eu não fui entrevistado, mas o resultado se dá por amostragem, logo, mesmo eu não tendo respondido à pesquisa, em tese estou representado pelo resultado. E sou a minoria da população, a que está insatisfeita.
O motivo é que nunca, na verdade, desde a implantação do sistema de parquímetros e da concessão, eu estive satisfeito. Em primeiro lugar porque logo ao se fazer esta transição, tivemos um aumento substancial na tarifa. O sistema antigo, por talões comprados no comércio, custava R$ 1,50 por duas horas. Ao se terceirizar, o valor subiu para R$2,00, em um aumento de 25% na tarifa. Achei desproporcional. Mas não foi só isto. O número de vagas demarcadas também cresceu, e se estendeu do centro para bairros como a Vila Rezende e o Bairro Alto. Também no centro outras ruas até então livres de cobrança, foram demarcadas. Não consegui, pelo menos não a tempo deste artigo, levantar o aumento de “novas vagas”, mas de uma coisa eu sei: na prática, mais vagas cobradas e um aumento no valor, geram um bom lucro para a empresa ao mesmo tempo em que oneram o cidadão que precisa estacionar. E eu não gostei de ser mais onerado, de ter que gastar mais.
Tanto a prefeitura quanto a Estapar argumentam que o sistema favorece a rotatividade e, portanto, facilita o estacionamento, já que, em tese, existe um limite máximo de duas horas nas quais o carro pode ocupar uma determinada vaga. Eu, no entanto, duvido que isto aconteça. E duvido porque não consigo imaginar por que método as moças que fiscalizam cada área fazem para controlar que carro está lá a mais do que o tempo permitido. Nunca as vi fazendo isto e confesso que eu mesmo já troquei o ticket sem mudar meu carro de vaga. Ninguém que eu conheça, ninguém, retirou o carro e o colocou em outro lugar após o vencimento. Apenas retirou outro ticket. Além disto, até onde sei, as moças tampouco podem multar. Isto é prerrogativa dos agentes da SEMUTRAN e de policiais. No entanto, desde que o novo sistema começou, é raro ver os agentes no centro, pelo menos. Tampouco senti diferença na oferta de vagas. Nos lugares mais concorridos, como a rua Governador, a situação não me parece diferente. Em áreas em que eu costumo estacionar, mais distantes das regiões mais concorridas, o tempo que levo para encontrar uma vaga é o mesmo. Varia apenas em função do horário.
E há mais motivos, vários, pelos quais eu não estou satisfeito. Máquinas quebradas, dificuldade de encontrar agentes para recarregar cartões ou reclamar de moedas engolidas sem ticket e outros. Meu espaço aqui não permite expor a todos, porém termino expondo uma contradição imensa. Se o objetivo do sistema de parquímetro e da concessão foi o de aumentar a disponibilidade, então qual a lógica de 30 minutos de estacionamento custarem R$ 1,00 e duas horas custarem R$ 2,00? Se a proporção fosse correta, meia hora deveria custar R$ 0,50, uma hora R$ 1,00, hora e meia R$ 1,50 e finalmente duas horas R$ 2,00. Pelas tarifas atuais, quanto mais tempo você ocupa a vaga, mais barato fica proporcionalmente. Logo o usuário é tentado a colocar de uma vez o máximo e garantir a ausência de avisos de regularização. Ele perde, os outros motoristas não tem a vaga liberada e ganha a empresa. A lógica não me parece ser a de otimizar nada, mas a de gerar lucro. Estes são meus motivos de descontentamento, mas, pelo menos para a pesquisa feita, eu faço parte de apenas 13% dos entrevistados. Uma curiosidade: você que me lê faz parte de qual dos grupos? Satisfeito ou insatisfeito?
Ninfa
27 de maio de 2014
Te respondendo, também faço parte da minoria, estou procurando alternativas para não ir mais ao centro da cidade.Sempre boas as suas reflexões pautadas no nosso cotidiano que, ultimamente, anda muito aborrecido.
Evandro Mangueira
28 de maio de 2014
As vezes, pergunto-me: Quanto pagaremos para viver? Pedágios nas rodovias, falam em pedágios dentro das cidades, zona azul, entre outros. Nas Próximas décadas teremos que sair de casa com quanto de dinheiro no bolso?
Daisy Costa
28 de maio de 2014
São os tentáculos do psdb se expandindo para assaltar mais ainda a população… Garanto que a MAIORIA não está satisfeita…
Eduardo Stella
28 de maio de 2014
Santa Terezinha e Paulicéia também agora são extorquidos.
Também faço parte dos 13%.