Quem estuda Ciências Sociais sabe que toda instituição, seja de que tipo for, está sujeita à corrupção e corruptos. Pode ser uma igreja, um partido, um clube social, um clube de serviços, uma empresa privada, uma escola, o que for, em todas sempre haverá quem tente se aproveitar dos recursos, das atribuições e da estrutura institucional para obter vantagens para si ou para o grupo, a despeito da função da instituição. Nos partidos é a mesma coisa. Cite, se você conhecer, um partido ou grupo político que não tenha abrigado corruptos e não tenha, em algum momento, se envolvido em estruturas mais ou menos organizadas ou mais ou menos amplas de corrupção. Eu não conheço nenhum, nem agora e nem no passado. Historicamente você pode confirmar esse fenômeno, esta constante em grupos e partidos e todas as demais organizações humanas.
De uma maneira mais simplificada, podemos afirmar que isso ocorre porque as instituições, ao obterem algum grau de sucesso em sua organização, passam a exercer relações de poder e gerenciar capitais, sejam financeiros ou de outro tipo. E então, os membros da instituição que a gerenciam, passam a depender destes capitais e da continuidade da instituição. Neste caso, a manutenção do grupo passa a ser, para os seus gestores, mais importante do que os seus objetivos declarados. Uma igreja, por exemplo, tem como princípios a divulgação e a prática de preceitos religiosos. No entanto, na medida em que ela se torna organizada, a tendência de auto preservação do grupo faz com que a manutenção, a permanência daquela instituição seja mais importante do que os seus próprios preceitos e leva à distorção ou à negação do que seriam os princípios básicos. Uma igreja que, exemplificando ainda, pregue o desapego material, pode contradizer este princípio ao acumular bens e manter, com eles, seu corpo de sacerdotes e funcionários. Ela passa a atuar, portanto, contra o desapego que prega, mas geralmente vai “justificar” isso por um argumento distorcido: o de que os “bens” não são da igreja, mas de Deus.
Com os partidos ocorre o mesmo. Eles podem defender causas, princípios ou bandeiras, mas na medida em que alçam o poder, formam estruturas que giram em torno de si próprias. Os membros de um partido que se elegem ou obtém cargos de confiança, passam a depender integralmente daquela função. Daí seu interesse em que o grupo se mantenha no poder a qualquer custo, mesmo que seja em troca do sacrifício de suas propostas ou através de sistemas de corrupção que mantenham verba para as eleições ou até para manter os membros em uma zona de conforto.
Diante disso, será que estamos condenados a viver sob a corrupção e os corruptos? A resposta é não, não estamos. Podemos controlar isso e manter as instituições e partidos dentro deste controle. Mas como? Através de vários mecanismos de cidadania. Temos a lei, a possibilidade de denunciar, pedir abertura de inquéritos e informações; através da cobrança pelos meios eletrônicos, de protestos. Sim, protestos. Em 2013 pode apostar que muita gente tremeu nas cadeiras do poder. Só não tremeu mais porque a violência (espontânea ou infiltrada) intimidou os manifestantes e porque faltavam pautas mais uniformes. Mas se tivéssemos mais destes movimentos, se criarmos, acima de tudo, uma cultura de cobrança e controle social sobre os partidos e os políticos, pode apostar que vamos diminuir em muito a corrupção e prender os corruptos. O problema é que não temos. Que somos omissos ou apenas “terceirizamos” a honestidade, votando naqueles que prometem “acabar com a corrupção”. Claro que existem políticos honestos, mas sem a ajuda popular, sem o controle popular, eles serão engolidos pelos outros e pelas estruturas corruptas. Aliás, falemos sinceramente, é difícil até saber quem realmente é honesto, já que a honestidade é um item de propaganda política.
No próximo domingo, vote no grupo que tem as propostas com as quais você mais concorda. E depois, cobre vigorosamente deles o que prometeram. Deles e daqueles em que você não votou, cobre sempre a honestidade, por que via tiver, mas não se iluda achando que um candidato vai ser mais honesto que o outro se você nunca mais interferir além do voto. Eu poderia citar centenas de políticos que prometeram acabar com a corrupção e fazer um governo honesto, mas depois foram terríveis nos seus atos porque poucos os questionaram. Cito apenas um, que cresceu politicamente denunciando a podridão de seu país: Adolf Hitler.
Daisy Costa
22 de outubro de 2014
É isso aí, Amstalden!!!
Marlene Pitarello
23 de outubro de 2014
Luis, quando PT foi criado na década de 80 lutávamos contra os corruptos da época: Maluf, Sarney, etc. etc., Collor depois….o PT propôs uma cruzada contra a corrupção que é um câncer em nossa sociedade…..essa proposta foi agregadora…lutávamos por um novo jeito de fazer política…uma nova visão de cidadania……então eu penso que o único partido que não poderia se corromper era o PT! Qualquer outro partido poderia fazê-lo menos o PT! Foi essa bandeira que agregou e é essa profunda contradição do PT hoje, entre outras. Então eu não consigo mais confiar neste partido que caiu na vala comum. É igual aos outros! E o que é mais triste ainda, é assistir os vídeos de “argumentos” para a militância petista, feitos por Marilena Chauí, que dá como argumentação o fato de que a corrupção existe em todos os partidos e lugares! Esse discurso está na boca da militância… titia disse – então vamos seguir. Chega a ser ofensivo para mim um discurso destes…. sou uma cidadã que busca valores e é honesta! A boba sou eu agora….estou fora da brincadeira e da roda…só brincam os bacanas! Nossa…eu não quero mesmo brincar disso!
André Tietz
23 de outubro de 2014
Então podemos dizer que enquanto não mudarmos a postura das pessoas, nada mudará. Sejam as pessoas eleitas, de boa fé, boa índole, honestas, etc e, principalmente, despertar nos cidadãos a vontade de fiscalizar, cobrar, acompanhar o seu candidato, claro se ele for o eleito, mas também acompanhar os demais que nos governam e legislam a nosso favor, não em benefício próprio. Infelizmente, a democracia pode ter como resultado o governo da maioria mas não pode ser considerado o governo de todos.
Carla Betta
29 de outubro de 2014
Não é só fiscalizando, mas principalmente criando mecanismos reguladores como leis e sanções.
É isto que precisamos: leis limitadoras à corrupção.