O pior criminoso…

Posted on 24 de janeiro de 2019 por

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É o criminoso fardado. É aquele que se esconde por detrás de uma farda e trai a sociedade que o colocou em uma posição em que ele pode portar uma arma, usar de violência e em que deveria, em tese, defender essa mesma sociedade.
O bandido fardado tem menos honra do que um bandido assumido, que não se esconde por detrás da lei, não se vale dos meandros da burocracia e da corrupção institucionalizada para praticar seus crimes.
O bandido fardado é um verme que corrói a própria sociedade que deveria defender. É um câncer maligno que ataca as células sadias do corpo do qual faz parte. É a categoria de criminosos mais repulsiva que existe.
Mata, extorque, rouba, trafica, recebe suborno para “arredondar” delitos maiores ou menores de outros.
É um traidor que esfaqueia seu povo pelas costas e, sempre esteve organizado, seja pelas próprias relações de compadrio dentro das forças policiais, seja pela organização semiparalela que vem desde os esquadrões da morte até as modernas milícias.
E nós estamos, cada vez mais, entre essas duas forças. De um lado o crime organizado em facções e do outro os milicianos.
Queiroz, o amigo do peito e de longa data de Jair Bolsonaro, que mereceu inclusive um “empréstimo” do atual presidente, indicou a mãe e a esposa de milicianos para o gabinete de Flávio Bolsonaro.
Queiroz não sabia do envolvimento de suas indicações e amigos com as milícias? Bobagem, tenho experiência suficiente com policiais para saber que dentro da polícia sabe-se de quase tudo nos bastidores. E o mesmo vale para a política. Queiroz provavelmente sabia sim.
E Flávio Bolsonaro não sabia? Duvido muito, a meu ver, sabia sim e provavelmente cultivava relações mais estreitas com milicianos do que é tolerável para qualquer cidadão “de bem”. Aliás, no passado, já elogiou as milícias afirmando que ele próprio pagaria vinte ou quarenta reais para se ver seguro. Esqueceu-se de dizer se também pagaria por ligações clandestinas de internet, tv a cabo, água e eletricidade, além, claro, por terras e apartamentos “grilados” e mesmo por drogas.
Defendeu milícias, contratou gente ligada à elas e não sabia… Convence tanto quanto Lula à época do mensalão afirmando a mesma ignorância.
E Jair Bolsonaro, sabia? Eu aposto que sim. Ele é amigo de Queiroz há décadas e tem amplo trânsito entre policiais do RJ. Conhecendo as informações que sempre circulam entre policiais, a única forma de não saber seria sendo muito ingênuo, surdo ou burro. Bem, esse último item eu não vou comentar, mas Jair Bolsonaro não me parece ingênuo e nem surdo…
De qualquer modo, quem tem quase trinta anos de mandato pelo RJ e um discurso de matar, cercar, metralhar, parece-me que tem também muita informação e afinidade com tais grupos de vermes milicianos. Aliás, utilizar forças policiais de forma ilegal para torturar, perseguir e matar, são práticas antigas, inclusive na ditadura militar que Jair Bolsonaro defende. Na época, a Operação
Bandeirantes deu carta branca a policiais para fazerem isso e fizeram vistas grossas para suas extorsões e até tráfico de drogas pelos aliados das polícias. Afinal, “os fins justificavam os meios” para os militares e talvez ainda justifiquem para Jair Bolsonaro e filhos.
Milhões de brasileiros votaram nessa família. Votaram porque não queriam um governo de ladrões.
Posso entender esse desejo de um governo honesto. O que não posso entender é que o mesmo zelo não seja demonstrado, agora, em relação aos fatos dos últimos dias, inclusive em relação as histórias vazias dos depósitos nas contas de Flávio e ao não comparecimento de Queiroz e Bolsonaros para esclarecimentos
Alguns desses eleitores talvez tenham vergonha de seu voto. Outros eleitores, talvez fanáticos, preferem não acreditar nos fatos, mas acreditaram nas fake News, inclusive naquelas que atribuíam a Jean Willys a defesa da pedofilia, feita por alguém sem crédito intelectual e moral quanto Alexandre Frota (aliás já condenado em primeira instância por espalhar tais notícias falsa).
Porém o grupo que menos entendo, é o dos que se dizem cristãos e se calaram mesmo antes, quando Bolsonaro defendia a tortura. Não são cristãos os que agem assim. São adoradores de um outro deus, talvez Baal, que recebia sacrifícios humanos.
Na verdade, não entendo nenhum deles, porque não há escolhas entre o mal e o menos mal. Ou somos retos em tudo ou assumimos que nosso desejo de correção é relativo e nossa atitude é hipócrita.
Luis Fernando Amstalden

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