É o criminoso fardado. É aquele que se esconde por detrás de uma farda e trai a sociedade que o colocou em uma posição em que ele pode portar uma arma, usar de violência e em que deveria, em tese, defender essa mesma sociedade.
O bandido fardado tem menos honra do que um bandido assumido, que não se esconde por detrás da lei, não se vale dos meandros da burocracia e da corrupção institucionalizada para praticar seus crimes.
O bandido fardado é um verme que corrói a própria sociedade que deveria defender. É um câncer maligno que ataca as células sadias do corpo do qual faz parte. É a categoria de criminosos mais repulsiva que existe.
Mata, extorque, rouba, trafica, recebe suborno para “arredondar” delitos maiores ou menores de outros.
É um traidor que esfaqueia seu povo pelas costas e, sempre esteve organizado, seja pelas próprias relações de compadrio dentro das forças policiais, seja pela organização semiparalela que vem desde os esquadrões da morte até as modernas milícias.
E nós estamos, cada vez mais, entre essas duas forças. De um lado o crime organizado em facções e do outro os milicianos.
Queiroz, o amigo do peito e de longa data de Jair Bolsonaro, que mereceu inclusive um “empréstimo” do atual presidente, indicou a mãe e a esposa de milicianos para o gabinete de Flávio Bolsonaro.
Queiroz não sabia do envolvimento de suas indicações e amigos com as milícias? Bobagem, tenho experiência suficiente com policiais para saber que dentro da polícia sabe-se de quase tudo nos bastidores. E o mesmo vale para a política. Queiroz provavelmente sabia sim.
E Flávio Bolsonaro não sabia? Duvido muito, a meu ver, sabia sim e provavelmente cultivava relações mais estreitas com milicianos do que é tolerável para qualquer cidadão “de bem”. Aliás, no passado, já elogiou as milícias afirmando que ele próprio pagaria vinte ou quarenta reais para se ver seguro. Esqueceu-se de dizer se também pagaria por ligações clandestinas de internet, tv a cabo, água e eletricidade, além, claro, por terras e apartamentos “grilados” e mesmo por drogas.
Defendeu milícias, contratou gente ligada à elas e não sabia… Convence tanto quanto Lula à época do mensalão afirmando a mesma ignorância.
E Jair Bolsonaro, sabia? Eu aposto que sim. Ele é amigo de Queiroz há décadas e tem amplo trânsito entre policiais do RJ. Conhecendo as informações que sempre circulam entre policiais, a única forma de não saber seria sendo muito ingênuo, surdo ou burro. Bem, esse último item eu não vou comentar, mas Jair Bolsonaro não me parece ingênuo e nem surdo…
De qualquer modo, quem tem quase trinta anos de mandato pelo RJ e um discurso de matar, cercar, metralhar, parece-me que tem também muita informação e afinidade com tais grupos de vermes milicianos. Aliás, utilizar forças policiais de forma ilegal para torturar, perseguir e matar, são práticas antigas, inclusive na ditadura militar que Jair Bolsonaro defende. Na época, a Operação
Bandeirantes deu carta branca a policiais para fazerem isso e fizeram vistas grossas para suas extorsões e até tráfico de drogas pelos aliados das polícias. Afinal, “os fins justificavam os meios” para os militares e talvez ainda justifiquem para Jair Bolsonaro e filhos.
Milhões de brasileiros votaram nessa família. Votaram porque não queriam um governo de ladrões.
Posso entender esse desejo de um governo honesto. O que não posso entender é que o mesmo zelo não seja demonstrado, agora, em relação aos fatos dos últimos dias, inclusive em relação as histórias vazias dos depósitos nas contas de Flávio e ao não comparecimento de Queiroz e Bolsonaros para esclarecimentos
Alguns desses eleitores talvez tenham vergonha de seu voto. Outros eleitores, talvez fanáticos, preferem não acreditar nos fatos, mas acreditaram nas fake News, inclusive naquelas que atribuíam a Jean Willys a defesa da pedofilia, feita por alguém sem crédito intelectual e moral quanto Alexandre Frota (aliás já condenado em primeira instância por espalhar tais notícias falsa).
Porém o grupo que menos entendo, é o dos que se dizem cristãos e se calaram mesmo antes, quando Bolsonaro defendia a tortura. Não são cristãos os que agem assim. São adoradores de um outro deus, talvez Baal, que recebia sacrifícios humanos.
Na verdade, não entendo nenhum deles, porque não há escolhas entre o mal e o menos mal. Ou somos retos em tudo ou assumimos que nosso desejo de correção é relativo e nossa atitude é hipócrita.
Luis Fernando Amstalden
O pior criminoso…
Posted on 24 de janeiro de 2019 por blogdoamstalden
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Eloisa de Mattos Hofling
26 de janeiro de 2019
Os textos de L.F. Amstalden,são sempre esclarecedores e nos apontam aspectos da realidade com uma incrivel e dolorida lucidez !
blogdoamstalden
26 de janeiro de 2019
Heloísa, essa não é a primeira vez que você e honra com um comentário. E, vindos de você, uma acadêmica que respeito como intelectual e gosto como amiga, é um elogio imenso. Abraço
Antonio
27 de janeiro de 2019
Terríveis são os dias que se avizinham.
Com a demonização do Lula, Dilma e os governos populares que culminaram com a ditadura civil do Temer e com Bolsonaro em ditadura militar escancarada.
Uma noite negra se abateu sobre esse país e o amanhecer vai tardar e muito.
Não acredito que eu possa ver o amanhecer que seguramente vira, ainda não sabemos quando e quanto cada um de nós irá pagar.
A esquerda completamente desestruturada. As organizações com sua “nomenklatura” tem nojo do povo e a única coisa que se vê é a luta intestina pelo protagonismo político.
O momento exige alguma reflexão quanto à responsabilidade de cada um na demonização do Lula e da Dilma.
Não fizeram ou não quiseram separar o governante do seu partido.
Todos, por inocência, ignorância ou interesses acreditaram na seriedade de um juiz e promotores sem honra.
Nenhum deles cumpriu o juramento de respeitar a constituição, feito quando assumiram seus cargos.
Deu no que deu! Uma ditadura militar fascista capitaneada pela pior safra de oficiais apalermados e igualmente boçais tal e qual o capitão covarde e fujão que hoje “lhes dá ordens”. Faz de conta que o capitão fujão e covarde dá as ordens.
Um país destruído, riquezas que poderiam financiar o desenvolvimento vendidas na bacia das almas.
Amigos e conhecidos que vivem na Europa têm me dito que não aguentam mais a chacota pelo “presidente” que logo após o discurso em DAVOS declara em entrevista que tinha acabado de fazer uma “Retrospectiva do Futuro”.
Com o golpe perdemos o segundo e “último bonde” para sermos um país, soberano, igualitário e respeitado pelas nações do mundo. Uma nação!
Seremos definitivamente uma colônia, um entreposto comercial explorado e vilipendiado com seu povo à míngua sem a menor possibilidade de ascensão humana e social.
Resta a cada um de nós avaliar até que ponto aceitamos demonizar os governos populares que por todos os erros que tenha cometido, e os cometeu, tinha dois objetivos, tornar esse país mais igualitário e ampliar nossa soberania e autodeterminação como país livre (que éramos).
Uma grande parte das pessoas esclarecidas demonizou os governos populares, aceitou que um juiz violasse a constituição, criminalizasse o que não era crime à época dos fatos, condenasse sem provas, leiam a sentença do juiz e dos desembargadores do TRF RS.
Quem sabe no futuro novas gerações não caiam em novo engodo, se ainda houver país.
Nação nunca fomos!