Minha carta aberta ao Ministro Sérgio Moro. . Por Luis Fernando Amstalden

Posted on 12 de março de 2019 por

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Fonte da imagem, internet


Sr. Ministro.
Envio-lhe essa mensagem porque no passado recente o Sr. alcançou a fama de ser um grande líder contra a corrupção. De fato, suas atitudes na condenação do ex-presidente Lula, foram de um grande rigor e um grande zelo, o que o elevou junto aos olhos da população. Parte deste zelo e deste rigor, são, ainda, objetos de controvérsia., mas este não é o foco desta mensagem.
O que eu não consigo entender, Sr. Ministro, é coo o Sr. pôde aceitar um cargo nesse governo abrindo mão de seu papel como juiz.
E não entendo, exatamente pelo rigor e zelo que demonstrou enquanto estava no ministério público.
Como, agora, o Sr. pode fazer parte de um governo que tem pelo menos oito ministros e muitos outros membros, envolvidos em processos e suspeitas gravíssimos. Tome-se, por exemplo, o caso do filho do presidente, cujo assessor parece ter mais ligações com as milícias, uma forma de crime organizado violento e que, aparentemente recebeu de volta parte dos salários dos seus outros assessores. Estar em uma posição de ministro, significa que o senhor está ao lado de alguém que, possivelmente, tem mais relações com o crime organizado do que manda o senso de ética e honestidade que cidadãos “de bem” deveriam ter. E lembro que o senhor, no passado recente, condenou o crime organizado veementemente….
Claro que à Flávio Bolsonaro e à Queiroz, cabe o benefício da dúvida. Mas, durante a sua atuação nos processos da “Lava a jato”, o Sr. foi bastante arguto para “ligar os pontos” no caso do Triplex e do Sítio de Atibaia. Agora parece que tal argúcia se esvaiu e aparentemente, desta vez, se faltam provas, também falta a convicção, que levou a outras condenações.
Note-se que citei apenas um caso, existindo outros, tais como os de caixa dois, dos “laranjas” do PSL, que custaram o cargo de um ministro mais não de outro, ainda seu colega. E, infelizmente, ainda há mais.
Outro aspecto, é o de que o senhor foi aclamado com um homem inteligente e com boa formação acadêmica, reconhecido, inclusive, no exterior. Como pode assistir impassível as coisas estúpidas ditas por Damaris Alves, por exemplo, nos humilhou no passado dizendo que os holandeses masturbam suas crianças e mentiu sobre sua formação acadêmica? Ou ainda de um Vélez Rodrigues, que fez o mesmo chamando-nos de canibais e ladrões, além de, ignorando a situação de milhões de estudantes pobres, ter cobrado exercícios de patriotismo de miseráveis?
Sem esgotar o arsenal de descalabros, ministro (até porque isso seria difícil em uma mensagem apenas), o seu “chefe”, o presidente, disse, na semana passada, que “democracia e liberdade só existem se a (sic) sua força armada assim o quer”. Oras, Sr. ministro, como juiz o senhor foi um guardião da constituição e, como homem culto, deve saber que as forças armadas não têm o direito de negar ou permitir a liberdade e a democracia a ninguém. A elas cabe, no máximo, zelar para que estas coisas existam, mas esse é o seu dever, até porque é a população que paga para manter tais forças armadas. Qual seria o sentido de se pagar para er seus direitos suprimidos? Não, ministro, a democracia não é concessão de militares, é direito do povo.
Ministro, eu penso que todos podemos nos enganar e, as vezes juntarmo-nos a um grupo na esperança de fazermos o bem e tornarmos o mundo mais justo e perfeito. Mas com sua argúcia e “capacidade de convicção”, imagino que o senhor já deve ter percebido que esse grupo no qual está agora, tem mais a explicar do que a apresentar em termos de perfeição e justiça.
Caso o senhor tenha se enganado ao aceitar o cargo de ministro, penso que ainda há tempo de se afastar antes de acumular grandes frustrações.
Mas se entrou para aumentar seu prestígio a fim de concorrer às próximas elições presidenciais, como pareceu sugerir sua esposa em uma rede social, então devo dizer que está jogando alto e arriscado.
E, se isso for verdade, o meu voto o Sr. não terá.
Aliás, dificilmente o teria de qualquer forma. Eu não acredito em grandes líderes, sejam ex-presidentes, atuais presidentes ou ex-juízes.
Eu acredito em projetos que de fato atendam a população.

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