Chuva e frio podem ser condições boas para muita coisa. É bom para namorar, para assistir um bom filme, para descansar e para ler…
Num lugar sossegado, talvez com um café ou um chocolate, você pode passar algum tempo agradável lendo uma boa obra. Mas se você não tem o hábito de leitura, não adianta querer começar com os grandes clássicos da literatura mundial. Melhor começar por algo mais simples que o estimule a ir seguindo a trilha das letras até poder desfrutar de um “Grande Sertão Veredas” ou de um “Dom Quixote”.
E para começar, por que não com uma obra em quadrinhos? Eu sugiro uma que já é praticamente um clássico na área: “Maus – de Art Spiegelman” que relata a história real dos pais do autor, internos e sobreviventes do campo de concentração nazista de Auschwitz. O relato começa com o autor visitando o pai com quem não se dava muito bem e daí, em retrospecto, volta a Polônia pré II Guerra e, com retomadas ao momento em que o livro é escrito, vai contando a saga dos judeus poloneses durante a perseguição de Hitler.
O livro é rico em muitos aspectos. Um deles é o uso de figuras antropozoomórficas, os judeus são desenhados com corpo humano e cabeça de rato, os alemães, cabeça de gato e os poloneses de porco. Outro que destaco é o de como a perseguição se deu aos poucos, com medidas gradativas de retirada de direitos dos judeus até chegar-se ao extremo, o campo de extermínio. O antisemitismo era comum na Europa, mas se você prestar bem a atenção, verá que muita gente que nada tinha contra os judeus deixou de fazer algo, deixou de defender os que eram oprimidos. Isso é tão comum… Temos o maldito hábito de achar que se algo Injusto não nos persegue diretamente, nada temos com isso. Que sairemos ilesos. A História mostrou que não foi bem assim. Ao final da guerra não somente os judeus haviam sido massacrados, mas também os poloneses e mesmo os alemães pagaram um alto preço. Varsóvia, Berlin, Dresden e tantas outras cidades cheias de “arianos” foram praticamente destruídas. Creio que há uma lição fantástica nisso. Não é porque a injustiça recai sobre o outro que ela não chegará até nós. Ao contrário: ela vai se espalhar, crescer e banalizar, daí chega a todos.
Mas voltando ao livro, outro ponto genial é que o personagem principal, o pai do autor, não é idealizado. Ele também tem seus defeitos e qualidades, tais como traços racistas e uma marca indestrutível do campo que o alterou para o restante da vida. Mesmo assim, seu amor por sua mulher nunca acabou. Ao contrário, mesmo que ambos tivessem sido marcados na alma como foram tatuados no braço e isso tenha afetado a todos, o amor entre eles, as vezes tenso, persistiu. Isso me lembrou de outro sobrevivente dos campos, Victor Frankel, psicólogo que disse ter sobrevivido porque tinha objetivos, sentidos na sua vida. Um deles era a vontade de rever sua esposa a quem ele tanto amava.
Como se vê, é uma obra de muitos aspectos, inclusive o da História. Você pode aproveitar todos. Boa leitura.
Anônimo
8 de junho de 2012
Uma das HQs top 5 em todos os tempos em minha opinião. Obra-prima.
blogdoamstalden
9 de junho de 2012
Puxa, seria legal se vc. nos disesse quais considera as outras quatro. Serviria como sugestão. Que tal?