Quando Sidarta Gautama, que viria a ser o Buda mais famoso, deixou os palácios de seu pai em busca de respostas aos sofrimentos da vida, procurou primeiro os Sadhus, que nós conhecemos no ocidente pelo nome árabe: Faquires.
Estes homens, em geral cultuadores do deus indiano Shiva, sempre se destacaram por uma vida de sacrifícios. Procurando renunciar o mundo e alcançar a paz, afastavam-se da sociedade, das suas famílias e buscavam as florestas. Submetiam-se a duros tormentos, acreditando que isso os afastaria das ilusões do mundo e os levaria ao desapego da vida, tão transitória. Assim, jejuns intermináveis, auto-flagelação, auto-mutilação, abstinência de água, exposição longa ao sol etc, acompanhados de exercícios de várias correntes de Yoga, faziam parte da vida quotidiana dos Sadhus, aos quais Sidarta de juntou.
Historicamente, não se sabe ao certo quanto tempo Sidarta permaneceu com eles, seguindo suas práticas. Alguns textos falam em 3 anos, outros em sete. Mas em geral são metáforas ou especulações.
O Fato é que o mestre permaneceu e praticou com os ensinamentos e princípios dos Sadhus com grande auto disciplina. Flagelou seu corpo e jejuou. Absteve-se de água e do contato com a sociedade. Mas, embora usasse toda sua força e disciplina, não encontrava a Paz que tanto perseguia.
Foi então que se deu o rompimento de Sidarta com as práticas duras e penitentes. Existem também várias versões de como isso aconteceu. A maioria delas são metáforas poéticas. A que coloco aqui, é uma das mais famosas, e também bonitas.
Diz-se que, Sidarta, um dia, muito combalido pelas penitências e flagelações, sentou-se a beira de um rio para meditar. Nesse momento estaria passando pelo rio um barco, transportando um tocador de cítara e seu discípulo. No meio de seus devaneios, Sidarta pôde ouvir o músico dizer ao aluno: “Você tem que ter um cuidado todo especial ao afinar o instrumento. Se deixar as cordas frouxas demais, ele não toca. Porém, se deixa-las muito esticadas, tensas, elas arrebentam, e também não terá música…”
Aquelas palavras penetraram na mente do Mestre como uma flecha. Num “estalo”, ele compreendeu que, a sua vida anterior, nos palácios de seu pai, podia ser comparada com as cordas soltas da cítara. Mas a atual, entre os Sadhus, era como as cordas tensas e correndo o risco de se romper.
Levantou-se então, do lugar onde meditava, e procurou um grupo de pastores que estava por ali. Pediu-lhes algum alimento que tomou. E depois, arrumou um pequeno leito de palha onde dormiu por algumas horas. Acordou revigorado, sentindo-se muito bem. Mas, seus companheiros o condenaram. Abominaram a sua quebra da disciplina, comendo e dormindo. Sidarta, levando em conta suas experiências, resolve que era o momento de abandonar também os Sadhus. Ainda não havia encontrado a Paz, é verdade, mas tinha aprendido que a flagelação e a busca do sofrimento não eram respostas ao próprio sofrimento. Isola-se então até mesmo dos Sadhus, e começa um longo mergulho interior que o levaria finalmente à Iluminação. Meditando novamente, dessa vez com mais condescendência por seu próprio corpo, passa a investigar profundamente o seu interior. E dessa investigação surgiria a Iluminação e o Justo Caminho do Meio, um dos nomes poéticos do Budismo.
Tainá Moura
12 de junho de 2012
Está ficando cada vez mais interessante! Muito bom!
Anônimo
13 de fevereiro de 2013
Obudismo é resposta para muitos problemas que aflige nossa sociedade.