É com muita tristeza e indignação que vemos crescer cada vez mais no Brasil os cursos de graduação à distância.
Ora, se como estudante do 4º ano do Curso de Serviço Social (presencial), sei o quanto é difícil aprender tendo aulas cinco vezes por semana, imagino para aqueles, cujas aulas ocorrem uma ou duas vezes. Como fica o processo de aprendizagem? Os questionamentos, discussões criticas, reflexões acerca da prática profissional e das intervenções na questão social?
Apoiadas pelo MEC e incentivadas pelo capital como mercantilização do ensino superior, as “máfias” dos cursos à distância se tornaram uma preocupação dos Conselhos e dos órgãos de ensino e pesquisa, já que trazem perda na qualidade da formação e prejuízo do processo de politização dos formandos.
Alguns dirão que os cursos a distancia são mais baratos em relação aos presenciais e, portanto, uma maneira mais em conta de se cursar uma faculdade. Porém, vale a pena?
Outros são autodidatas e por isso podem assimilar muito bem o conteúdo estudado através de vídeo-aula e dos exercícios feitos “em casa”. Porém, somente exercícios teóricos não bastam para formar um profissional.
Ressalto que minha preocupação não é perder campo para outro profissional de graduação a distancia – precarizada e mascarada como ensino de qualidade. Se esses estudantes não conseguem avaliar o que é melhor para si no que se refere ao seu aprendizado e formação profissional, como farão análise critica da realidade que estarão inseridos?
Afinal, aprender a questionar para que se é de pessoas que “não ousam pensar fora da caixa” que o sistema capitalista quer e precisa?
Fábio Cristiano é estagiário de Serviço Social
blogdoamstalden
20 de junho de 2012
Fabio. A idéia do curso a distância é, na minha opinião, mais oportunista do que qualquer coisa. Os defensores afirmam, como você comentou, que barateia e “democratiza” o ensino. Não duvido que alguns bons alunos consigam fazer bom proveito de um curso assim. No entanto para um novato, alguém que inicia o estudo superior, é difícil ter disciplina e também prescindir do professor em sala. A minha experiência, inclusive, é de que os alunos tem vindo muito despreparados para a faculdade. Assim fico imaginando como um aluno nestas condições conseguirá fazer bom uso do curso não presencial. Torno a dizer que alguns, uma minoria, conseguirão. Mas a grande maioria eu duvido. Enfim, o tempo nos dirá.
Fábio Cristiano
21 de junho de 2012
Com certeza Luis, cada vez mais o sistema capitalista invade a educação e assim também passa a mercantilizá-la.
Também não tenho dúvida de que alguns alunos até poderão “sugar” algo de bom desses cursos, porém, como me disse uma professora “Esses alunos serão apenas informados e não formados, como ocorre nos cursos presenciais”.
Parabéns pelo Blog, Piracicaba precisava muito de um espaço de reflexão\discussão como este.
Anônimo
22 de junho de 2012
Parabéns Fernando e Fabio, estas reflexões precisam ser feitas e comentadas dentro do espaços universitários e nas Redes Sociais, pois educação não é “fast food”, que sacia temporariamente a fome, mas não sustenta. Afinal a educação serve para melhorararmos o mundo e os seres humanos, ou para atener interesses do mercado capitalista?.
Mara Prezotto – Profª Me. Serviço Social
blogdoamstalden
25 de junho de 2012
Infelizmente, Mara, hoje a educação está virando mercadoria mesmo. Marx já dizia que sob o capitalismo tudo se torna mercadoria, né? Se vc. quiser escrever sobre isso, fique a vontade para enviar ao Blog. Eu pretendo escrever também. Mas quanto mais discussão sobre o tema, melhor. Abraço e obrigado por comentar.
João Carlos
27 de junho de 2012
Sou um anonimo, um qualquer, a vida me levou por caminhos que ME PRIVARAM de oportunidades, independente dos motivos que me levaram por esses caminhos tão tortuosos sou vitima de mim mesmo e do sitema que nos torna alienados sem perceber.
Concordo com “quase” tudo isso que falam sobre os cursos a distancia, sou aluno do 5º semestre de Serviço Social da Anhanguera sinto na pela as dificuldades que essa modalidade tem. A questão é; Por que chegou a esse ponto?
O que sinto também é que somos discriminados e pré julgados pelo sistema que estamos inceridos e aqueles ou as figuras que deveriam nos conduzir a dignidade reforçam o coro de “Não presta” ou “Não Serve”, muitas vezes somos rebaixados ao “nivel” dos cursos que estamos matriculados, sumariamente retirados do contexto da vida por conta de estarmos vinculados a essas instituições, no contexto atual uma pessoa com meu perfil, ou seja, pai de familia, com filhos pequenos, com casa para cuidar, contas para pagar com “viravolta” da economia, dificilmente faria uma faculdade se não fosse nesses moldes. Muito bem vamos falar do PROUNI, voce não paga a faculdade, mas o transporte os livros as copias e assim vai. Sei que para tudo que “falei” há os “porém(s)”, toda a discurssão é valida, o que quero é dignidade e respeito, gostaria de ser avaliado como qualquer outro aluno de graduação, independente de como me formei ou vou me formar, quem faz o profissional somos nós, mesmo os cursos presenciais tem suas dificuldades. Em 2010 quando procurei em Piracicaba o Curso de Serviço Social na FIMI descobri que não teria para aquele ano e não terá para nenhum ano “e agora Jose” ou “e agora João”. Quem tiver interesse em ser Assistente Socil e não tem como dispor de recursos e tempo para viajar (curso mais proximo é na “Faculdades Claretinas” de Rio Claro) tem como unica saida o EAD. Se a Assistencia Social seguir o rumo que está tomando em breve teremos um colapso de mão de obra (otimismo), e todos os profissionais que ataurão na cidade serão formados em entidades fora de Piracicaba e não vão dar conta de formar profissionais o suficiente para atendre a demanda( Otimismo ).
Amo o Serviço Social e desejo que essa função alcance o prestigio que merece.
Luciana Silva
12 de julho de 2012
Gostaria de fazer algumas perguntas: se no passado (não muito distante) foi tão bom por que estamos com esse “presente”? Onde estão aqueles que fizeram suas graduações, as pós, os doutorados presenciais que com todo conhecimento permitiram chegar onde chegamos? Por favor, me entendam, não estou desmerecendo este ou aquele. Mas falamos muitos sobre as conseqüências e pouco falamos sobre as causas. Ainda temos dentro de nós aquela idéia que é mais fácil trocar os baldes em dia de chuva do que arrumar o telhado em dias de sol.
Um forte abraço!!!
blogdoamstalden
13 de julho de 2012
Luciana, não acredito que, em termos de democracia e cidadania, o passado tenha sido tão bom. A democracia é uma construção, um processo. Se vc. fizer as contas, verá que direitos plenos de voto, por exemplo, tem menos de cinquenta anos no Brasil se descontarmos os períodos de ditadura. OU seja, não acabamos, temos muito o que fazer. Dê uma olhada no artigo “Nós e a Democracia” aqui no Blog. Por outro lado, educação formal não significa caráter. Eu pessoalmente conheço vários doutores e pós doutores que são absolutos canalhas. Aliás, conheço muitos outros canalhas que não tem doutorado mas querem ser chamados de “Doutor”…
Abraço.
Fábio Cristiano
30 de julho de 2012
João, claro que é possível compreender a sua situação, porém, em nenhum momento o referido texto teve a intenção de “atacar” os estudantes de EAD e sim, levarmo-nos a reflexão quanto à situação de tais cursos.
Sei que a FIMI não terá mais curso de Serviço Social. Pelo que entendi, a mesma irá fechar e vender o Campus de Piracicaba, pois lá também é uma empresa capitalista, a faculdade é privada e quando não lucra, fecha. Para o tamanho de Piracicaba isso é no mínimo vergonhoso. Alguns dizem que são os cursos de EAD que causaram isto, não sei. A própria UNIMEP teve um número bem reduzido de alunos nos últimos anos.
Quanto ao Serviço Social, o CFESS tem se posicionado totalmente contra o EAD, pois isto traz um prejuízo enorme para o futuro da profissão, existem várias discussões realizadas com o MEC sobre isso. Segundo o CFESS, o Serviço Social é o curso que mais teve adesão ao ensino à distância, tem um artigo sobre isso.
Também sei que é o profissional que irá fazer a profissão, conheço profissionais de ensino presencial que não são nenhum exemplo de aprendizagem, mas nem por isso, devemos pactuar ou aceitar tal situação dos EAD.
Também amo o Serviço Social, a sociedade não tem nem idéia da importância da profissão para evitar uma “barbárie social”, como diz Marcelo Garcia. Porém, é por amar o Serviço Social que continuo me posicionando totalmente contra o EAD.