Uns meses atrás, assisti a um programa de reportagens que falava sobre estrangeiros que vinham residir na cidade de São Paulo. Havia africanos, latino americanos, norte americanos e europeus.
Dentre estes últimos, havia um casal escandinavo que acabara de chegar ao país. Ele é executivo de uma grande empresa e foi transferido. Ambos buscavam um apartamento de alto padrão para alugar. Nenhum dos dois falava uma palavra de português, mas a esposa sabia de cor (e acreditem, com pouco sotaque) a “musiquinha” do Teló: “ai se eu te pego”. Esta “perola” de letra e melodia é um dos nossos produtos culturais de exportação no mundo globalizado.
Confesso que fiquei triste. O que raios esta porcaria de música diz? Que tipo de mundo tão medíocre temos que até os membros das classes mais altas e, teoricamente mais educada, conhecem e gostam desta porcaria a ponto de decorar a letra de uma língua que não conhecem.?
Triste, muito triste. Hoje temos todas as facilidades para acessarmos a cultura de países diferentes. Nunca foi tão fácil ouvir boa música, ler bons textos, conhecer boas ideias e culturas estrangeiras. No entanto é Michel Teló que se populariza. E pensar que Marx acreditava que o capitalismo traria a evolução cultural ao proletariado. Não trouxe. Comercializa e vulgariza o banal, o não pensante, o irreflexivo e o simplório, como a letra e a melodia do “ai se eu te pego”… Ao invés de educar os mais pobres, emburrece os mais ricos.
Mas nem tudo é assim, embora a maioria seja. Meu amigo Rocco Caputo enviou um vídeo mostrando que existe mais do que porcarias na globalização. Na Coréia do Sul, um grupo de jovens descobriu outras músicas brasileiras. Descobriu, traduziu e toca usando até alguns instrumentos tradicionais coreanos. E vejam só. Asa Branca, de Luiz Gonzaga!
Eu achei fantástico e tirou um pouco o gosto da mediocridade de minha boca.
Não entendo o idioma, mas confesso que fiquei arrepiado ouvindo.
Julgue por você mesmo.
Abraço.
ellengarcez
13 de novembro de 2012
Adorei o vídeo. Também me arrepiei.
Anônimo
14 de novembro de 2012
sensacional
Francisco
16 de novembro de 2012
Sempre achei “Asa Branca” umas das músicas mais representativas da música nordestina e brasileira. Sou músico e não foram rara as vezes em que me emocionei ao interpretá-la. Não sei o que os coreanos entenderam da letra, mas como a música tem a capacidade de transmitir sentimentos universais, eles, com certeza, entenderam um pouco do espirito brasileiro. Acho que Luiz Gonzaga está feliz.
blogdoamstalden
18 de novembro de 2012
Francisco. Creio que os coreanos deste conjunto sentem a mesma emoção que você ao tocá-la. No rosto e no corpo deles, há prazer, sorrisos e embalo. Isso é uma das coisas que mais gosto no vídeo. Esta emoção ao tocar. Não sei se a letra é coerente. Mas vou tentar ver com amigos coreanos. Abraço.
heloisa angeli
18 de novembro de 2012
Fernando
A análise que vc faz PROCEDE em todos os sentidos. É lamentável, com certeza, levar tanto lixo para fora das nossas fronteiras, como vc bem o descreve na primeira parte do artigo. No entanto, a RIQUEZA desse vídeo coreano é simplesmente FANTÁSTICA. Tomara que seja compensador!!!
Alexandre
19 de novembro de 2012
Ate chorei ao ouvir. Lindissimo!