1. O Estado quando não cumpre sua obrigação de criar meios para que todos sem distinção tenham acesso a condições dignas de vida, torna-se o maior gerador de violência. As prisões retratam bem isso. A maioria dos condenados é feita de pobres, doentes mentais, mestiços e uma legião de deserdados – não excluídos por que nunca foram incluídos. Por isso nasceram as facções; para proteger o preso e sua família da truculência oficial, que se não aceita a pena capital é porque acredita na reabilitação, mas não é o que acontece. Tanto que o próprio ministro da Justiça preferiria “se matar a cumprir pena em nossos presídios”. Governantes mais lúcidos teriam puxado para si essas facções, que poderiam se transformar em parceiras na criação de um sistema prisional mais humano, pois mais que elas ninguém conhece o avesso da vida. Mas, arrogância e interesses suplantaram o bom senso fazendo aflorar os mais perversos sentimentos humanos. Mais de 300 assassinatos até agora. Imaginemos trezentos corpos enfileirados no chão. Quem responderá por isso? Um governador que vê sua policia matar e diz que “quem não reagiu está vivo” usa o mesmo método da bandidagem.
2. Falando nisso, quem inventou o revolver deve estar no mais fundo do inferno; os que vendem e compram também. Arma de fogo serve para ferir e matar pessoas e animais, mais nada. Dá poder a vagabundos para tirar tudo o que seu semelhante ajuntou honestamente. Empresta coragem a covardes para cometerem latrocínios, assaltos, sequestros, estupros e todo tipo de violência. Empoderam escravocratas, exploradores, traficantes de drogas, de gente e de animais; meliantes, políticos e policiais corruptos e demais tipos de fracassados, que sem armas são de nada. E o que dizer da produção em massa de armamentos para alimentar a indústria da guerra segundo interesses econômicos, políticos e de hegemonia? Os ingênuos, medrosos e devedores da própria consciência se sentem protegidos tendo uma. Quem leva vida honrada, honesta e respeita seu semelhante nunca dela vai precisar.
3. Aquela geringonça agressiva e imprópria que estão erguendo dentro da calha do Rio Piracicaba vai ser passarela para gente ou para elefantes? Logo acima temos sim uma passarela de verdade. Graciosa, românica, alegre, plenamente integrada ao ambiente; certamente mais barata apesar de esnobar engenharia. Está esquecida e mal cuidada para todos “verem” que a de concreto é melhor? A grotesca obra ficará como marco da hora em que a cidade optou por um modelo de progresso ultrapassado, imposto por uma administração que, apesar da grande dívida social e ambiental que deixa, foi aprovada por 95% de alienados por opção. Em vez de mais uma ponte, essa gestão que finalmente se encerra, poderia dar uma grande festa para esse povo, cujo lazer é ver televisão e visitar o zoológico. Afinal, cidade boa é povo unido, amigo e festeiro. O resto é papo furado.
4. O Juiz da Vara da Fazenda Pública de Piracicaba negou liminar para suspender aumento de 66% no vencimento dos vereadores. Segundo ele, o valor fixado está conforme determina o artigo 29 da Constituição Federal. Aproveito a ocasião para perguntar aos dois poderes se o salário mínimo – 622 reais – está conforme o artigo 7, que no inciso quarto diz que o mesmo deve ser capaz de atender as necessidades vitais básicas do trabalhador e sua família com moradia, alimentação, educação, saúde, lazer…
Antônio Carlos Danelon é Assistente Social.
Anônimo
1 de dezembro de 2012
é amigo Danelon. Mesmo a Constituição blindou os mais favorecidos, Lembra quem as redigiu?