Um Policial na Alemanha Nazista. Por Luis Fernando Amstalden

Posted on 23 de fevereiro de 2013 por

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Se você gosta de histórias policiais e/ou gosta de História, aqui vai uma dica de livros legais. Aliás, é uma dica boa também para quem está querendo gostar de ler. O escritor escocês, Philip Kerr, criou um personagem que é um detetive na Alemanha nazista e vive, em três livros, o que o autor chama da “Trilogia Berlim Noir”. O personagem, Bernie Gunther é, no primeiro livro (Violetas de Março), um membro da KRIPO, a polícia criminal alemã no início do governo nazista. Investiga crimes ocorridos na época da Olimpíada de Berlim, momento em que os nazistas queriam demonstrar a pretensa superioridade da raça ariana.

Violetas de março

No segundo volume, (O Assassino Branco) Gunther trabalha como detetive particular, tendo abandonado a polícia por discordar do regime nazista, mas para desvendar alguns misteriosos desaparecimentos, acaba por voltar a polícia. Finalmente, no terceiro volume (Réquiem Alemão), desmobilizado do exército para o qual fora convocado, Gunther tenta sobreviver, ainda como detetive particular, na cidade de Berlim que está ocupada pelos vencedores da guerra e em tensão, de um lado estão os franceses, ingleses e americanos, do outro, os russos e as relações entre eles todos está a beira de uma explosão.

Assassino Branco

Em cada livro, cada aventura, Gunther se relaciona com personagens históricos reais, chefões nazistas e também vivencia momentos concretos da História do nazismo, como por exemplo, a “Noite dos Cristais”, um dos primeiros ataques em massa aos judeus. O autor demonstra também os inúmeros tipos da Alemanha nazista, os empresários que enriquecem com a política de Hitler, os jovens entusiasmados e obsecados pela ideologia, os marginais que ora se opõem ora colaboram com o governo e, principalmente, o cidadão comum alemão que, por um lado não é totalmente favorável as ideias dos nazistas, mas por outro acomoda-se a relativa estabilidade econômica que Hitler criou. No livro final estes mesmos cidadãos lutam para sobreviver e, agora, sabem o que o nazismo realmente significou.

Requiem alemão

O detetive é o que podemos chamar de “prático”. Não concorda com o nazismo, mas sabe que não pode enfrentar o sistema que obseca o povo. Por outro lado, deixa transparecer sempre que pode, o seu desprezo pelas novas autoridades e mantém seu trabalho dentro do que considera correto. Não vejo nele um “cínico”, mas alguém que mantém sua independência de pensamento mesmo que para isso tenha que lançar mão de algumas brutalidades.

Enfim, análises a parte, os livros são repletos de aventura, socos, mistérios e alguns trechos de suspense e violência, sem perder a coerência e o contexto. É o tipo de novela policial que eu aprecio muito. Que não cria situações improváveis e ainda ocorre num pano de fundo histórico muito bem reconstruído. Kerr é um autor muito hábil no estilo e conhece a fundo a História da Segunda Guerra e do nazismo. A obra só tem um grande problema… os livros estão esgotados nas livrarias e na editora. Mas não se preocupe. Você os encontra nos sebos e nas bibliotecas. Faça uma experiência. Leia o primeiro. As aventuras são independentes, se ler um, não vai ficar em suspenso ou tendo que ler o segundo para saber como termina. Mas, você ”corre o risco” de querer ler os outros…

Ah, em tempo. Mas recentemente Kerr voltou a escrever aventuras com o detetive, mas estes são os primeiros.

Violetas de Março, O Assassino Branco e Réquiem Alemão.

Philip Kerr

Editora Record, Coleção Negra.

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