PROGRESSO. Por Walter Chaves (apresentação de Luis Fernando Amstalden)

Posted on 13 de março de 2013 por

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Apresentação: Este artigo é uma resposta de meu amigo Walter Chaves ao artigo de Amadeu Provenzano, Nova Moda de Lucrar das Montadoras.

Walter trabalhou muito tempo na indústria automobilística e é um homem extremamente sensato. Por isso e pela própria função deste Blog, que é o de estimular a reflexão (e para isso necessita do debate) é um prazer publicar esta sua primeira colaboração. Aproveitem, pensem, duvidem, existam…  Segue o artigo:

Isso que vocês estão discutindo, é o progresso.

Simples assim para mim, que trabalhei anos na indústria automobilística.

Complicado, se comparados outros bens de consumo, produtos do século passado, os quais não conheço o suficiente para justificar sua atual baixa qualidade ou durabilidade.

Tudo acaba sendo justificado por estudos e pesquisas, nem sempre precisos, conforme a conveniência dos maiores interessados.

A quase totalidade dos carros modernos das categorias luxo e esportivo, vendidos na Europa e América do Norte, vêm com roda e pneu reserva de dimensão reduzida em função de se obter: mais espaço para bagagem, maior conforto interno, menor consumo e mais desempenho.

Ainda assim, eles garantem a locomoção do veículo até um local seguro para o reparo, desde que observados certos limites, todos dentro da lei.

A adoção desse conceito por alguns fabricantes e importadores locais já gerou varias reclamações e até algumas adaptações para o mercado local, onde o consumidor tradicional prefere adquirir um carro com 5 rodas e 5 pneus iguais, para usá-los como lhe convier. Seja na emergência ou na reposição. Mesmo que uma dessas situações tenha sido causada por má qualidade das vias de tráfego, acidente ou mesmo imperícia.

Até aí, tudo muito bonito, mas vamos a alguns exemplos extremos:

Carroças não carregavam rodas reservas. Quando as rodas se quebravam, eram necessários grande esforço e ferramental para conserto.

O pneu reserva para automóveis foi inventado em 1904 e gostaram tanto que alguns carros de luxo dispunham de dois ou mais estepes na década de 20.

Durante os períodos da Segunda Guerra Mundial e da Guerra da Coréia, o governo dos EUA proibiu a venda de carros com roda reserva devido à escassez de matéria prima. Já aconteceu isso por aqui, mesmo sem guerra e sem autorização do governo!

Quando uma montadora brasileira, de origem alemã, exportou um grande lote de sedans 4 portas para a China, tornou-se comum usar esse carro por lá equipado com um grande bagageiro para transportar até 4 estepes completos, porque no interior daquele grande país não havia borracheiros.

Pessoal, isso é o progresso! Como o saquinho que agora é degradável, mas rasga e polui de forma diferente.  O copinho descartável que vaza na sua roupa (xicaras de louça e copos de vidro duravam muito mais) e os carros que duram menos, gastam menos e com pneus que furam menos.

Abraço

Walter.

Walter Chaves é aposentado da Indústria Automobilística e tem vasta experiência no planejamento de automóveis.