Ainda estou profundamente indignado com a nomeação do Deputado Marco Feliciano para a presidência da Comissão de Ética de Câmara dos Deputados. A meu ver, suas declarações em relação aos homossexuais e aos negros, não são somente homófobas, racistas e discriminatórias, são declarações perigosas, já que podem incentivar pessoas mais preconceituosas a atos de violência, que de resto, já são tristemente famosas no Brasil, principalmente contra os homossexuais.
O problema é que no nosso sistema político, as formas de controle social sobre nossos “representantes” são fracas, deliberadamente pensadas para serem distantes e permitirem a eles fazerem o que bem lhes aprouver durante seu mandato a despeito da vontade popular. Pior, mesmo quando pegos em um crime, gozam de foro privilegiado e, com a indústria de recursos jurídicos a seu favor, mais a morosidade do judiciário (e as vezes, infelizmente, até a falta de isenção de alguns dos membros deste último) dificilmente são punidos ou punidos justamente.
O pouco que nos resta (por enquanto, pois ainda sou otimista e acho que um dia poderemos fazer mais), é manifestar nossa repulsa com o voto, recusando-nos a votar naqueles indivíduos. Mas não somente neles. Para que se torne um pouco mais eficiente é preciso também se recusar a votar no partido deles E NAS COLIGAÇÕES QUE EVENTUALMENTE O FAÇAM.
Desta maneira, exercendo meu direito de cidadania e minhas convicções, decidi nunca mais votar em qualquer candidato do PSC – Partido Social Cristão e TAMPOUCO NOS PARTIDOS QUE COLIGAREM COM ELE, SEJAM QUAIS FOREM E EM QUE NÍVEL FOR (municipal, estadual ou federal). E não manterei isso somente comigo. Tentarei argumentar com meus amigos, colegas e familiares para que façam o mesmo.
É preciso, porém, que os respectivos diretórios do PSC e dos demais partidos políticos tomem ciência desta decisão. Enquanto ela for somente minha, claro, não haverá nenhuma alteração. Mas, caso isso se espalhe (e aqui lanço meu apelo, faça o mesmo, divulgue, pressione) poderemos formar um contingente nacional importante, capaz de preocupar os demais membros do PSC e dos demais partidos com a perda significativa de votos. Por este motivo, escrevi aos diretórios federal, estadual e municipal do PSC e mais tarde transmitirei a mesma mensagem aos diretórios dos demais partidos políticos.
Segue o texto das mensagens enviadas.
Prezados Membros do PSC – Partido Social Cristão
Considerando que o Deputado Marco Feliciano, fez publicamente declarações de caráter homofóbico e racistas e que tais declarações podem estimular crimes de ódio, discriminação e atos de violência contra homossexuais e negros, recuso-me a aceitar sua manutenção na presidência da Comissão de Direitos Humanos da Câmara Federal. Acredito que é, no mínimo, deselegante e no máximo suspeito, um homem com tais declarações no seu currículo, assumir um posto que deve, entre outras coisas, defender os direitos humanos destes mesmos homossexuais e negros, já tão sujeitos à violência e discriminação em nosso país.
A partir desta minha recusa e do fato de que o seu partido manteve o referido deputado no cargo e o apoia, só me resta acreditar que os membros do PSC concordam com as declarações do mesmo deputado.
Desta maneira, como eleitor e cidadão que discorda, abomina e combate a violência e a discriminação, NÃO POSSO E NÃO VOU VOTAR NUNCA EM CANDIDATOS DE SEU PARTIDO OU DE PARTIDOS QUE SE COLIGUEM COM O PSC. Mais ainda, explicarei minha posição a meus parentes, amigos, colegas e todos os outros cidadãos que puder, argumentando que também não votem nos senhores ou em seus aliados uma vez que sua postura transparece apoio a discursos discriminatórios.
Enviarei esta mesma declaração a todos os demais partidos que se coligaram ou venham a se coligar com o PSC. Ressalto ainda que se o PSC acredita que o Deputado Feliciano tem o direito de manifestar suas opiniões (ainda que baseado em interpretações duvidosas da Bíblia), eu também tenho o direito de manifestar minha opinião sobre o apoio do seu partido ao referido deputado e de argumentar com os demais cidadãos para que evitem dar-lhes os seus votos.
Por último declaro que, caso o PSC retire o seu apoio ao Deputado Feliciano e este renuncie ao cargo, minha posição poderá ser revista.
Att. Luis Fernando Amstalden. Título de Eleitor 1040071101-75, de Piracicaba SP
Se você quiser fazer o mesmo, pode copiar o texto ou escrever outro com suas opiniões e enviar aos seguintes endereços eletrônicos:
Diretório Nacional do PSC: | psc@psc.org.br |
Diretório Estadual do PSC (SP) | juventude@pscsp.org.br |
Diretório Municipal do PSC Piracicaba | joeldefaria@hotmail.com |
Faço ainda uma última proposta. Se você também escrever, deixe um comentário aqui dizendo que o fez.
Abraços – Amstalden
Celso bisson
17 de março de 2013
vc pode, até, ser contra os gays e negros. mas um religioso (pelo menos se diz assim) que mesmo depois de “eleito” na Comissão de direitos Humanos(?) AFIRMA que negros e gays não são pessoas normais (vide box acima) jamais poderia fazer parte da Comissão. Respeitando as opiniões dos outros, mas na minha sequer se eleito prá Câmara dos Deputados. O mesmo vale prô José Genoíno na Comissão de justiça e Blairo Maggi (grande desmatador) na Comissão de meio ambiente…
blogdoamstalden
17 de março de 2013
O pior Bisson, é que NÃO EXISTE justificativa bíblica sobre o que ele falou. Depois vou escrever sobre isso. Quanto ao Genoíno e o Maggi, concordo plenamente. Abraço.
acoplador
17 de março de 2013
Reblogged this on " F I N I T U D E ".
blogdoamstalden
17 de março de 2013
Acoplador, o endereço do diretório estadual estava errado. Já foi corrigido. O certo é juventude@pscsp.org.br. Por favor, divulgue o correto e muitíssimo obrigado por divulgar. Abraço.
Antonio
17 de março de 2013
Enviei e peço que corrija o endereço:
@terra para juventude@pscsp.org.br
blogdoamstalden
17 de março de 2013
Antônio, muito obrigado. Meu email ao diretório estadual havia voltado. Só agora eu vi. De fato vc. tem razão e o endereço do estadual é este que você postou. Já corrigi e reenviei. Abraço e obrigado pela ajuda e por enviar.
Henrique José servolo filho
17 de março de 2013
quer dizae que o “nobre” deputado não acha os mesmos normais…até parece piada pronta!! Deus me livre de ter esses cidadãos legislando as leis que eu tenho que cumprir……..
Henrique José servolo filho
17 de março de 2013
Prezado Colega !! o que me preocupa tb é que o preconceito é também sócio econômico, pois ‘vejo’ pessoas no dia a dia que tem discursos (as vezes tão enraizados que nem percebem) preconceituosos em relação á homossexuais e negros, mas ao mesmo tempo “pagam pau” quando um homossexual é um estilista famosos e rico, quando um negro é famosos e rico……isso me assusta tanto ou mais!!! pois percebo aí uma grande distorção de valores!!
blogdoamstalden
19 de março de 2013
Fato, Henrique. Esta é uma particularidade do Brasil que demonstra sua desigualdade social junto com um conceito de que, sendo rico, pode-se tudo. Inclusive gay, negro, mulher etc. Obrigado pelo comentário Abraço
Evandro Mangueira
17 de março de 2013
Ótima Campanha! Participando.
Laura Juliani
17 de março de 2013
Enviado com muita esperança! Compartilharei no Facebook. Muito obrigada pela iniciativa!
Gleison
17 de março de 2013
Deixo uma sugestão: temos aqui em Piracicaba um vereador do PSC, o Sr. Mateus Erler, cujo endereço de e-mail é matheus.erler@camarapiracicaba.sp.gov.br
Mensagem pra ele também!
blogdoamstalden
19 de março de 2013
Ótima dica, Gleison. Já mandei.
Silvia Gobbo
17 de março de 2013
MARCO FELICIANO NÃO ME REPRESENTA = Quando eu era criança muitas vezes vi pessoas expressando seu preconceito contra deficientes físicos. Não que as pessoas achassem que crianças deficientes não precisassem de tratamento, com isso todo mundo concordava, mas apenas achavam que estas crianças não deveriam sair às ruas, ir a lugares públicos porque isso feria os sentimentos destas pessoas. Eu cheguei a ouvir coisas do tipo “ninguém é obrigado a ver estas deformidades”… Como se todos nós fossemos perfeitos, lindos como a Barbie e o Ken. Como se não houvessem pessoas gordas e magras, baixas e altas, novas e idosas. Ainda era a época em que ser preto era feito, ter nariz grande e cabelo crespo idem. Namoros inter-raciais eram muito mal vistos. Às vezes ainda era possível escutar coisas piores como a de que famílias com deficientes físicos tiveram algum “castigo de Deus” ou que traços negróides indicavam primitivismo…
Na minha cabeça de criança, ainda naquela época isso NUNCA se encaixou. minha irmã, com severa deficiência física, decorrente de um erro médico que lhe causou paralisia cerebral é talvez o ser humano mais maravilhoso e poderoso que eu conheci. Outras crianças com deficiências que eu conheci, e conheci muitas, me ensinaram muitas coisas mais. Elas tinham tal capacidade de resiliência e superação que eu é que me considerava deficiente perto delas. Eu nunca vi diretamente uma pessoa expressando preconceito direto contra minha irmã, mas vi contra outros deficientes, mas isso era a mesma coisa, ao menos para mim.
Hoje quando eu vejo pessoas destilando o mesmo tipo de preconceito contra homossexuais (“não odeio os homossexuais mas eles não devem expor seus relacionamentos na rua, em público”, etc) e muitas vezes com as mesmas “explicações” usando alguma deturpação da biblia ou uma interpretação teológica altamente discutível, eu me coloco no lugar destes seres humanos e de suas famílias e sinto uma grande e profunda solidariedade. Se existe uma característica emocional importante que temos , esta é a capacidade de ter EMPATIA, de se colocar no lugar do outro, sentir o que o outro sente. Eu me coloco na pele de quem sofre o preconceito e sinto hoje a mesma sensação de tristeza, impotência e revolta que eu senti lá atrás, mesmo sendo situações diferentes.
Bem a foto ao lado não é da minha irmã, que tinha deficiências físicas ainda mais graves que o garoto aí, também portador de paralisia cerebral. Esta é só uma foto que retirei da internet. Mas uma foto com ela não seria muito diferente.
Bem, o que eu posso dizer da Cleuza, minha irmã? Bem, só posso dizer que ela me ensinou o amor INCONDICIONAL, um amor que não se importa com aparência, opção sexual ou religiosa de ninguém. Ela me ensinou um amor tão grande, tão maior do que o amor por uma única pessoa que passou a ser um amor pela HUMANIDADE.
Esta semana minha irmã se foi, aos 54 anos de idade. Ela se foi mas o que ela me ensinou FICOU COMIGO, para que eu possa espalhar para quem quiser ouvir… Ela faz uma falta danada, mas a saudade sempre traz junto alguma lembrança legal, os sorrisos, os beijinhos que ela mandava, o olharzinho todo especial.
Há dias estou tentando quebrar esta sensação de luto e escrever. Hoje me forcei, de certa maneira a isto. Escrevi tudo isso para dizer que por empatia me coloco no lugar das pessoas que encontraram diferentes maneiras de amar e das pessoas que tem a cor de pele diferente da minha e me sinto profundamente ofendida pelas declarações do sr. Marcos Feliciano.
Este foi o texto que postei ontem no meu perfil de Facebook. Repasso aqui porque realmente me sinto indignada com Marco Feliciano na presidência da Comissão de Direitos Humanos e Minorias… QUEM NÃO ENTENDE o preconceito, quem não consegue NEM MESMO perceber o preconceito de sua própria fala NÃO PODE SER UM REPRESENTANTE DIGNO de minorias ou de pessoas que sofrem com a falta de direitos humanos… e vou repetir com toda minha indignação: MARCO FELICIANO VC NÃO ME REPRESENTA.
blogdoamstalden
19 de março de 2013
Silvia, antes de mais nada, meus sentimentos por sua irmã. Em seguida, que texto maravilhoso. Eu gostaria que ele estivesse como artigo, não como simples comentário. Sei que é pedir um tanto demais para quem ainda está processando o luto. Mas se você quiser ampliar e modificar um pouco o texto, eu ficaria honrado e grato e publicá-lo. Por favor, pense nisso. E, de resto, muito obrigado pela lucidez do texto e pela ponte maravilhosa que você fez em relação ao conceito de “normalidade”, discriminações e empatia. Abraço. Amstalden
Silvia Gobbo
19 de março de 2013
sim posso fazê-lo, me dê apenas alguns dias.
blogdoamstalden
17 de março de 2013
ATENÇÃO. Fábio Casemiro criou esta versão digital do documento. Se quiserem usar, fica mais fácil. Abraços a todos.
https://docs.google.com/file/d/0B9jdKgHH4yxRWUg0MHZVVkljd28/edit?pli=1
Daiana
17 de março de 2013
Já enviei a mensagem! Como concordo plenamente com o que disse, copiei o seu texto! Parabéns pela iniciativa, Professor!
blogdoamstalden
19 de março de 2013
Obrigado Daiana, mas os parabéns são para você que agiu. Abs.
Ninfa Sampronha Barreiros
17 de março de 2013
Encaminhei um comunicado, fazendo as alterações para o feminino, encaminhei com cópia ao Vereador do PSC aqui na Câmara Municipal. [ ]
fabiocasemiro
17 de março de 2013
Já tá lá Luís!!! Enviado para os três emails! Postei no face, tanto seu texto do blog quanto o link para o modelo de documento!
Vamos ver se o cinismo da política nacional aguenta a pressão!
Abraços e parabéns pela iniciativa!
Daisy Costa
17 de março de 2013
‘CARA DE PAU’…é a única palavra que se encaixa na maioria dos deputados, pois suas atitudes diferem do que anunciam antes de eleitos. Esse Feliciano, então, nem se fale! O verdadeiro fariseu usando da inocência das pessoas simples para literalmente assaltá-las em seus cultos, chantageando para obter altas somas em dinheiro em nome de (sic!) Jesus…Como pode um ser desses ocupar um cargo cujo requisito deva ser alguém ético?…
Carla Betta
18 de março de 2013
Silvia Gobbo: Solidarizo-me com seu luto. Muita coragem a sua em escrever e agradeço-a por compartilhar um texto tão sensível, tão coerente e tão esclarecedor!
Quanto à Barbie e ao Ken: nem eles são perfeitos, suas mediadas são desproporcionais!
Super aderindo à campanha proposta!! Quem sabe?… O fundamental é tentar, é lutar, é fazer a nossa parte! Às vezes, nos sentimos perdidos, então, são muito importantes as sugestões, sobre as quais podemos firmar uma ação. Obrigada, Amstalden !
Esther
20 de março de 2013
A respeito das frentes parlamentares.Eu não entendo as brechas da lei … agora então é como se tivéssemos duas comissões, que absurdo. Uma comissão é formada justamente de opniões diferentes, para assim formar um conceito diverso (desta forma o próprio blog se contradiz ao condenar uma indicação que pensa diferentemente dos demais membros que compõe a comissão). Todos devem requerer seus direitos, mas jamais “privilégios” como tem objetivado esta frente parlamentar e estes grupos que afirmam ser vitimizados, enquanto deveriam eles mesmo se considerarem iguais, não é mesmo!!
blogdoamstalden
21 de março de 2013
Esther, concordo com o fato de que a comissão paralela não tem muito sentido. Na minha opinião foi uma atitude tola. Melhor seria ficar e debater. Mas não penso que o blog se contradiga, aliás, que eu me contradiga, uma vez que estes posts são meus. Minha avaliação é a de que as falas de Feliciano não representam somente uma “forma de pensar diferente”, elas representam uma grande insensibilidade para com o tema além de uma postura perigosa, porque pode gerar o ódio e a agressão por parte de pessoas menos cultas. Eu escrevi sobre isso e está no post de hoje, “O Ódio e as Palavras”. Que haja quem acredite que algumas medidas da CDH possam ser exageradas ou ofensivas a outros grupos, eu até entendo, mas as declarações de Feliciano não deixam margem de erro, são racistas e homofóbicas, além de francamente agressivas. Assim penso que a questão da confiança se esvai. Como posso confiar em alguém assim para defender os Direitos Humanos? Já “privilégios” eu não entendi. Vc. poderia indicar um privilégio que a CDH objetivou? Abraço.
esther
22 de março de 2013
Olá Luis Fernando, Sim posso citar a PL 122 que almeja privilégios sobre outros grupos, o que é bem diferente de adquirir direitos igualitários. Outra questão remete à subjetividade que o projeto pode acarretar em decisões judiciais futuras, inclusive ressaltando a violência homofóbica sobre as demais, como por exemplo, idosos, crianças e mulheres.
Outra questão que contexto, é o fato das pessoas pegarem frases e/ou trechos isolados do contexto, para assim justificar seus ideais e ideologias. Assuntos assim que demandam grande influência sobre a sociedade devem ser analisados com cuidado e com opniões divergentes, que construirão uma idéia pelo menos aceitável. E não uma ditadura de idéias sobre uma comissão tão importante como a CDH. Att