Os discursos homofóbicos, geralmente, são aqueles cheios de ânimo, de imposição e de uso dos termos inadequados, sem preocupação com a ofensa. É natural que isso ocorra, uma vez que a intenção é denegrir ao máximo o objeto de crítica.
A palavra homossexualismo é a mais usada entre os que pregam a intolerância e ódio, mesmo que mascarado pela fé. E por que se deveria usar a palavra homossexualidade ao invés do homossexualismo?
Nesse ponto é que entra o grande banzé!
Existem pessoas que defendem por uma razão etimológica, o uso da terminação “dade”. A terminação “ismo” está diretamente associada à doença.
Ao ser cunhada no fim do século XIX, em um momento histórico infestado de idéias científicas sem qualquer metodologia e rigor, a palavra homossexualismo vinha carregada de conotações patológicas. E nesse caso, já é suficiente o abandono do uso da terminação “ismo” de origem grega. Além disso, a Organização Mundial de Saúde excluiu, desde 1990, o termo da sua lista de distúrbios mentais, é claro que tem pessoas como o Silas Malafaia que o querem de volta aos termos médicos.
Apenas por essa razão o termo já deveria ter sumido da linguagem popular, afinal se passaram mais de 20 anos, e o computador e o Google já foram inventados. No entanto, a terminação “ismo” continua fervorosamente nos discursos de algumas pessoas, hora por ingenuidade, hora por identificar nele, uma forma severa de humilhar o “adversário”, nesse caso a vítima. Com isso a população reproduz o que os seus líderes falam, mantendo viva a velha forma de se usar a palavra.
Contudo, existem os que defendem seu uso, justificando na familiarização da palavra, se contrapondo a ditadura do politicamente correto e, ainda, justificando com base em outras palavras que possuem a mesma terminação do “ismo”, mas que possuem conotações positivas, como o exemplo de patriotismo. Já ouvi pessoas afirmarem que a exigência da forma homossexualidade é apenas posicionamento político, e que é um capricho dos gays quererem o seu uso.
É aqui, nesse ponto da discussão, que o bom senso deveria prevalecer (embora o inferno esteja cheio de bom senso). O simples fato de uma população, a qual a palavra faz referência, sentir-se confortável com o seu uso, a população que não é objeto de referência deveria usar o termo que melhor promove o respeito e a dignidade humana para o outro grupo, o que custa para os heterossexuais usarem a palavra homossexualidade, se ela promove o respeito e a boa convivência, é mais difícil mudar um hábito do que aprender a compreender o outro?
Quebrando alguns paradigmas, com relação à familiarização da palavra, o verbo deletar surgiu há menos tempo do que homossexualidade, e todos usam e conhecem, a resistência do uso da nova palavra é meramente capricho por parte dos que discursam contra a vivência homoafetiva, e mera reprodução dos inábeis de questionamento. Ainda temos como argumento, a “ditadura” do politicamente correto, e nesse caso não imagino o porquê de ser tão incômodo o correto! Ser incorreto incomoda-me mais. Quanto a ser um posicionamento político, digo apenas que sim! E o que não é um posicionamento político?
Por fim, vai um conselho, diz minha mãe, que se conselho fosse bom, deveria ser vendido e não de graça, quem quiser pagar é só depositar em minha conta, combinado assim, darei o meu conselho:
Senhor(a) homofóbico(a), use a palavra homossexualidade, ao invés de homossexualismo. Com isso seu discurso será politicamente correto, mas também será gramatical, humano e sonoramente melhor, e sua fala terá mais credibilidade, afinal de 1990 para cá passaram-se muitos anos, a palavra já não é tão estranha assim.
Atenciosamente:
Evandro Mangueira, Nascido em 1979 na cidade de Cajazeiras, que tem por título “A cidade que ensinou a Paraíba a ler.” Atualmente mora em Piracicaba-SP, cidade que adotou como sendo sua também. Tem por formação Gestão Financeira, mas encontra-se nas letras tanto quanto se encontra nos números.
Filho de Joana Mangueira
Autor do livro: Arcanjo Gabriel
Valéria Pisauro
18 de março de 2013
Concordo em número e gênero! Parabéns!
Victor Mandi
19 de março de 2013
Eu entendi o que o texto sugere. Porém, podemos pensar em outras possíveis consequências em fazer tal sugestão. Penso que pedir a um público homofóbico para usar um termo politicamente correto para se referir ao público gay pode ser um retrocesso no sentido que cria outro tipo de diferenciação e afastamento, além de fornecer uma forma de injúria que talvez antes não existisse no imaginário das pessoas (no sentido que “ensina” que o termo homossexualismo faz referência a “doença”). Ora, se a pessoa é homofóbica por certo que ela irá usar mais ainda o termo homossexualismo, uma vez que muitos pensam que é uma doença. Então, nesse sentido, se cria uma diferenciação de terminologias que ambas as partes irão reforças em seus discursos: os homofóbicos dirão com convicção homossexualismo; e os “outros” dirão com convicção homossexualidade.
Para mim, essa tentativa de correção gramatical, sonora, humana e politicamente correta (assim como o autor classificou) criou um tipo de diferenciação que antes não era tão perceptível no imaginário das pessoas.
Só para tentar exemplificar o que quero dizer, no texto do próprio autor foi usado o termo “denegrir”, e até onde eu sei, em outras épocas teve uma conotação racista, no sentido de que denegrir = tornar negro. Hoje, de forma alguma este termo é lembrado desta forma. Não acho que ajudaria muito a diminuir o racismo se ficassem “ensinando” ou “sugerindo” o abandono do termo denegrir. Penso que até é possível usar a palavra “viado” sem sentimento homofóbico algum (pois ainda que a palavra sirva para injuriar, em algumas pessoas não homofóbicas e tolerantes, porém menos “instruídas”, o termo é serve como mero sinônimo de gay).
Enfim, não acho que ameniza a intolerância sexual a sugestão de usos de termologias politicamente corretas, mas ao contrário, cria afastamentos e novas diferenciações antes não tão efetivas. Penso que para melhorar a visão de alguns segmentos da sociedade é necessário mais conhecimento e educação, bem como a construção de espaços que aproximem de fato as pessoas e que promovam o diálogo. Só a aceitação das diferenças (e não o alargamento delas) é que pode promover a tolerância e um convívio mais harmônico.
Evandro
19 de março de 2013
Victor, Obrigado pelas observações.
De fato a palavra denegrir, como também a palavra judiar, tão usadas por brasileiros, são pejorativas, e certamente uma falha da minha parte em usá-las.
Concordo com você, que até a palavra “viado” pode não se homofóbica.
Ocorre que, ultimamente tem sido um posicionamento do movimento LGBT o uso da terminologia “dade”. Não creio que identificar ao público o significado dos termos, venha a piorar quaisquer relações entre as partes, como você mesmo disse, a educação é o caminho, e certamente o conhecimento é que nos transforma. Quando sugiro aos homofóbicos, é pela insistências de alguns como o Silas em usar o termo “ismo”, mesmo sabendo o quanto fere.
Acho que para um discussão de opiniões, mesmo quando tão calorosas, cabe o respeito. Seria no mínimo respeitoso ouvir das pessoas a pronúncia menos danosa.
Grato por sua colaboração no assunto.
blogdoamstalden
19 de março de 2013
Como idealizador do Blog, fico extremamente feliz com o nível do artigo, do comentário do Victor e com a resposta do Evandro. É isso que sempre quis: uma discussão de idéias em excelente nível e com grande educação. Obrigado aos dois. Abraço.
Esther
20 de março de 2013
Todos devem requerer seus direitos, mas jamais “privilégios” como tem objetivado estes grupos que afirmam ser vitimizados, enquanto deveriam eles mesmo se considerarem iguais, não é mesmo! Diferenciação por termos ou mesmo afirmação de que a violência a eles supostamente teria um peso maior que aos idosos e as mulheres, por exemplo. Historicamente até podem ter sido desprevilegiados, se querem que assim consideremos, mas está na hora de parar de usar isto para sensibilizar a sociedade. Somos ou não somos todos iguais? Eu creio que sim, então não existe vítima certo!
Evandro Mangueira
21 de março de 2013
Olá Esther.
Creio que você esteja se referindo ao PLC 122.
Pretendo em uma outra oportunidade falar a respeito dele.
Quanto a privilégios em detrimento das mulheres e dos idosos, desconheço. Agora a violência ocorre diariamente, posso lhe garanti, no trabalho, na escola, entre outros grupos sociais, a violência verbal é permanente. Para refletir, apenas pergunto, um casal homoafetivo trocando beijos e carinho em um ambiente público, teria a mesma aceitação de um casal heteroafetivo? Porque se a resposta for não, os direitos ainda não são igualitários então!
Evandro Mangueira
21 de março de 2013
garantir*