Sou exclusivo, mas uso modinha. Por Evandro Mangueira

Posted on 26 de março de 2013 por

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sou exclusivo

Em meados da década de noventa o Brasil viu um número de loiros artificiais em cabelos masculinos que a história nunca havia registrado, hoje a Neymarização dos cabelos loiros voltou! É tanto descolorante e clareador usado, que o Neymar deveria ganhar patrocínio da Wella.

E o que dizer da barba? Eu que faço uso há tantos anos, depois do Gusttavo Lima (com dois Ts, aposto que os próximos Gustavos serão escrito assim), entrei na moda por osmose.

É claro que a moda é cíclica, disso ninguém ousa duvidar.

Lembro de uma entrevista do Jô Soares, que ele justificava o uso do brinco do lado esquerdo, em uma época que usar brinco era coisa de Gay, mas o que dizer de hoje? Os brincos são grandes e nas duas orelhas, os pêlos (a nova regra ortográfica obriga a escrever “pelos”) são item de exclusão masculina e as calças estão apertadíssimas. É inegável a contribuição de pessoas famosas para tais comportamentos. Isso tudo está errado? É claro que não!

O objeto de estudo em questão, agora, é outro:

Acredito que se perguntarmos a dez pessoas, se existe alguém igual a elas no planeta, a resposta será unânime: Não! Mas cuidado, já dizia Nelson Rodrigues, a unanimidade é burra.

O meu questionamento é a massificação do modismo, a obrigatoriedade da aceitação social. O indivíduo, que de individual não tem quase nada, nem os pensamentos, se esforça de força quase cruel, para acompanhar os modismos, enquanto não aceita ser comparado com outra pessoa.

Visitando, ocasionalmente, as páginas de redes sociais, é possível ver esse fenômeno. As postagens são muito parecidas, até o desenvolvimento de idéias são bem semelhantes, mas todos, ou quase todos postam frases do tipo: “Nem melhor, nem pior, apenas diferente”.

Estamos criando monstros, pessoas que reproduzem pensamentos e comportamentos e ao mesmo tempo em que se sentem exclusivas, é por isso que falta respeito no trânsito, no estacionamento preferencial, nas filas e etc.

Sou contra os modismos? Não!

O que precisamos é aceitar que vivemos em um grupo e que o grupo copia comportamento, assim com todos os primatas o faz, que o comportamento de um grupo, às vezes, garante a sobrevivência do mesmo.

Aceitar que precisamos de modismos, como motivação de existência é , talvez, o caminho de aceitar que não somos exclusivos, que fazemos parte de uma comunidade de sete bilhões, crescente, de humanos, de que cada um é contribuinte de um todo.

É perceber a insignificância da unidade e notar o movimento do todo. O pensamento exclusivo é que leva alguém a jogar papel na rua, pois, esse acha, é só um papel.

Precisamos urgentemente, notar que somos um grupo, que somos primatas imitadores e que a exclusividade leva a morte. Quando se vive em bando, precisam-se seguir modelos, mas também se precisa aceitar que não temos nada de especial, por isso:

Seja doador de órgãos, eles não servirão para nada depois de sua morte;

Não se apegue a materiais, doe livros, revistas, roupas que não usa há algum tempo, outros farão uso apropriado deles;

Ao ficar tentado em estacionar em vagas preferenciais, a parar em faixa de pedestre ou jogar uma sacola plástica pela janela do carro, tenha em mente que você não é único, que outros vivem e dependem desse planeta.

Se for pra seguirmos modinhas, que sejam as que nos levará a sobreviver por mais tempo nesse planeta. E vivermos bem, eu digo!

 

Evandro Mangueira, Nascido em 1979 na cidade de Cajazeiras, que tem por título “A cidade que ensinou a Paraíba a ler.” Atualmente mora em Piracicaba-SP, cidade que adotou como sendo sua também. Tem por formação Gestão Financeira, mas encontra-se nas letras tanto quanto se encontra nos números.

Autor do livro: Arcanjo Gabriel