Coluna do Evandro: RG da Alma. Por Evandro Mangueira. Apresentação de Luis Fernando Amstalden

Posted on 22 de abril de 2013 por

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É com enorme prazer que anuncio agora mais um colunista regular. Evandro Mangueira é escritor e também formado em Gestão Financeira. Já escreveu artigos para o Blog e agora o fará regularmente, uma vez a cada quinzena às segundas feiras. Penso que é mais uma pequena conquista deste Blog. Aproveitem, pensem, duvidem e existam, abraços. Amstalden.

RG da Alma

O que é o indivíduo? O que define o ser humano?

Duas perguntas simples, mas que possuem uma gigantesca gama de respostas possíveis.

No campo da biologia, diria que o ser humano é carne, osso, sangue, cérebro. Esmiuçando mais ainda, diria que é água (Oxigênio e hidrogênio cerca de 80%) e carbono (aproximadamente 18%). Mas isso responderia a pergunta? Acredito que não!

O ser humano é escolha, é desejo, é anseio. Somos o que desejamos e o que pensamos e somos a forma como executamos esses pensamentos, o que nos definem de fato, e de verdade, são as nossas vivências. A força motriz é o desejo.

Mas quem é que somos? A figura que vemos no espelho nos representa? A imagem que vendemos é a real? As perguntas são muitas a respeito da representatividade do ser, por uma única razão: estamos em formação.

Estamos em formação inclusive com relação ao nosso gênero. Quando criança, aprendi que chorar não era coisa de menino, mas mesmo assim eu chorava, mas como dizem: água mole em pedra dura… parei de chorar.

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Quando criança, não nos identificamos, ainda, claramente com papeis sociais de gênero, a respeito do que entendemos como sendo atitude e comportamento de mulher e homem. Esses valores são inseridos minuto a minuto em nossa formação, ouvimos o tempo todo definições claras e imutáveis do papel determinado e enrijecido de cada gênero. Quem nunca ouviu uma frase assim: Isso não é coisa de mulher (de menina) ou Isso não é coisa de homem (de menino).

Talvez o gênero não seja apenas dois, talvez sejam muitos, infinitos. Não saberia afirmar, porque também nasci na sociedade de definições e em mim está enraizado a ideia constante de qual é o papel social do gênero masculino e do gênero feminino, mas suspeito que existam mais.

Em uma palestra ministrada por Bárbara Graner, ela abordava a transexualidade e naquele momento parei para pensar, pela primeira vez, a respeito desse assunto. A informação é poderosa, porque ela nos transforma, acho que foi Einstein que disse: “Uma mente que se abre para uma nova ideia, nunca mais volta ao seu tamanho original”.

Homossexuais, travestis e transexuais são diferentes, apesar de vivenciarem experiências semelhantes, cada um percebe-se e sente-se diferente no que diz respeito ao próprio sexo e aparência.

Já ouvi de várias pessoas, o questionamento, por que alguns “gays” querem se vestir de mulher, e uma das respostas para essa pergunta poderia ser: porque não são gays!

São transexuais, travestis. (A identidade de gênero difere do fetiche e também da androgenia)

Transcreverei uma síntese da definição feita pela Organização Mundial da Saúde: “Transexualidade é a condição considerada como um tipo de transtorno de identidade de gênero, refere-se à condição do indivíduo que possui uma identidade de gênero diferente da designada ao nascimento, tendo o desejo de viver e ser aceito como sendo do sexo oposto.”

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Bárbara Graner http://pt.wikipedia.org/wiki/Bárbara_Graner

Trocando em miúdos, a transexualidade é a percepção individual com relação ao próprio corpo, comportamento pessoal e social, que o indivíduo enxerga-se como sendo pertencente ao outro grupo de gênero (gênero oposto).

Em um artigo anterior, sobre orientação sexual, falei que o desejo sexual e afetivo é uma orientação, pois bem, nesse caso poderemos simplificar da seguinte forma:

Orientação sexual e afetiva é a forma como vemos o outro, o ser que desejamos. Se nossa orientação sexual e afetiva é pela figura de um homem ou de uma mulher. Enquanto identidade de gênero é como vemos a nós mesmo, como nos notamos socialmente, como nos percebemos em meio aos outros. Ao olharmos para nossa imagem, enxergamos qual gênero? Respondida essa pergunta, essa seria a nossa identidade de gênero, o nosso RG da alma, de como nos percebemos.

A cerca da travestilidade, para mim, fica claro a variação do gênero, essa não representa completamente o gênero feminino e muito mesmo o gênero masculino, seria um novo gênero, apenas uma das infinitas possibilidades, que creio existirem, mesmo essas se identificando de forma contumaz, no sexo oposto ao do nascimento.

Correndo o risco de ser simplista demais nas abordagens a seguir, tentarei, resumidamente, demonstrar algumas variações do comportamento de gênero que venham a ser confundidos com a identidade de gênero, mas que se encontra em outros campos, como fetiche, arte ou disforia de gênero.

Cross-dressing ou crossdressing – É o comportamento de se vestir com roupas e acessórios do sexo oposto com o intento de satisfação sexual.

Drag Queen – Personagem artística.

Androgenia – A indefinição de gênero na aparência e comportamento, o mesmo indivíduo se comporta e se veste em uma mistura dos gêneros conhecidos, masculino/feminino.

Transgênero – Um termo para identificar pessoas que fogem dos papéis sociais de gênero. Não sendo aconselhável o seu uso, por desumanizar o indivíduo.

Transformista – Esse é um termo que só Sílvio Santos usa e também a J.k. Rowling quando fala do bicho papão.

Evandro Mangueira, Nascido em 1979 na cidade de Cajazeiras, que tem por título “A cidade que ensinou a Paraíba a ler.” Atualmente mora em Piracicaba-SP, cidade que adotou como sendo sua também. Tem por formação Gestão Financeira, mas encontra-se nas letras tanto quanto se encontra nos números.