É com enorme prazer que anuncio agora mais um colunista regular. Evandro Mangueira é escritor e também formado em Gestão Financeira. Já escreveu artigos para o Blog e agora o fará regularmente, uma vez a cada quinzena às segundas feiras. Penso que é mais uma pequena conquista deste Blog. Aproveitem, pensem, duvidem e existam, abraços. Amstalden.
RG da Alma
O que é o indivíduo? O que define o ser humano?
Duas perguntas simples, mas que possuem uma gigantesca gama de respostas possíveis.
No campo da biologia, diria que o ser humano é carne, osso, sangue, cérebro. Esmiuçando mais ainda, diria que é água (Oxigênio e hidrogênio cerca de 80%) e carbono (aproximadamente 18%). Mas isso responderia a pergunta? Acredito que não!
O ser humano é escolha, é desejo, é anseio. Somos o que desejamos e o que pensamos e somos a forma como executamos esses pensamentos, o que nos definem de fato, e de verdade, são as nossas vivências. A força motriz é o desejo.
Mas quem é que somos? A figura que vemos no espelho nos representa? A imagem que vendemos é a real? As perguntas são muitas a respeito da representatividade do ser, por uma única razão: estamos em formação.
Estamos em formação inclusive com relação ao nosso gênero. Quando criança, aprendi que chorar não era coisa de menino, mas mesmo assim eu chorava, mas como dizem: água mole em pedra dura… parei de chorar.
Quando criança, não nos identificamos, ainda, claramente com papeis sociais de gênero, a respeito do que entendemos como sendo atitude e comportamento de mulher e homem. Esses valores são inseridos minuto a minuto em nossa formação, ouvimos o tempo todo definições claras e imutáveis do papel determinado e enrijecido de cada gênero. Quem nunca ouviu uma frase assim: Isso não é coisa de mulher (de menina) ou Isso não é coisa de homem (de menino).
Talvez o gênero não seja apenas dois, talvez sejam muitos, infinitos. Não saberia afirmar, porque também nasci na sociedade de definições e em mim está enraizado a ideia constante de qual é o papel social do gênero masculino e do gênero feminino, mas suspeito que existam mais.
Em uma palestra ministrada por Bárbara Graner, ela abordava a transexualidade e naquele momento parei para pensar, pela primeira vez, a respeito desse assunto. A informação é poderosa, porque ela nos transforma, acho que foi Einstein que disse: “Uma mente que se abre para uma nova ideia, nunca mais volta ao seu tamanho original”.
Homossexuais, travestis e transexuais são diferentes, apesar de vivenciarem experiências semelhantes, cada um percebe-se e sente-se diferente no que diz respeito ao próprio sexo e aparência.
Já ouvi de várias pessoas, o questionamento, por que alguns “gays” querem se vestir de mulher, e uma das respostas para essa pergunta poderia ser: porque não são gays!
São transexuais, travestis. (A identidade de gênero difere do fetiche e também da androgenia)
Transcreverei uma síntese da definição feita pela Organização Mundial da Saúde: “Transexualidade é a condição considerada como um tipo de transtorno de identidade de gênero, refere-se à condição do indivíduo que possui uma identidade de gênero diferente da designada ao nascimento, tendo o desejo de viver e ser aceito como sendo do sexo oposto.”
Bárbara Graner http://pt.wikipedia.org/wiki/Bárbara_Graner
Trocando em miúdos, a transexualidade é a percepção individual com relação ao próprio corpo, comportamento pessoal e social, que o indivíduo enxerga-se como sendo pertencente ao outro grupo de gênero (gênero oposto).
Em um artigo anterior, sobre orientação sexual, falei que o desejo sexual e afetivo é uma orientação, pois bem, nesse caso poderemos simplificar da seguinte forma:
Orientação sexual e afetiva é a forma como vemos o outro, o ser que desejamos. Se nossa orientação sexual e afetiva é pela figura de um homem ou de uma mulher. Enquanto identidade de gênero é como vemos a nós mesmo, como nos notamos socialmente, como nos percebemos em meio aos outros. Ao olharmos para nossa imagem, enxergamos qual gênero? Respondida essa pergunta, essa seria a nossa identidade de gênero, o nosso RG da alma, de como nos percebemos.
A cerca da travestilidade, para mim, fica claro a variação do gênero, essa não representa completamente o gênero feminino e muito mesmo o gênero masculino, seria um novo gênero, apenas uma das infinitas possibilidades, que creio existirem, mesmo essas se identificando de forma contumaz, no sexo oposto ao do nascimento.
Correndo o risco de ser simplista demais nas abordagens a seguir, tentarei, resumidamente, demonstrar algumas variações do comportamento de gênero que venham a ser confundidos com a identidade de gênero, mas que se encontra em outros campos, como fetiche, arte ou disforia de gênero.
Cross-dressing ou crossdressing – É o comportamento de se vestir com roupas e acessórios do sexo oposto com o intento de satisfação sexual.
Drag Queen – Personagem artística.
Androgenia – A indefinição de gênero na aparência e comportamento, o mesmo indivíduo se comporta e se veste em uma mistura dos gêneros conhecidos, masculino/feminino.
Transgênero – Um termo para identificar pessoas que fogem dos papéis sociais de gênero. Não sendo aconselhável o seu uso, por desumanizar o indivíduo.
Transformista – Esse é um termo que só Sílvio Santos usa e também a J.k. Rowling quando fala do bicho papão.
Evandro Mangueira, Nascido em 1979 na cidade de Cajazeiras, que tem por título “A cidade que ensinou a Paraíba a ler.” Atualmente mora em Piracicaba-SP, cidade que adotou como sendo sua também. Tem por formação Gestão Financeira, mas encontra-se nas letras tanto quanto se encontra nos números.
Igor Gu
22 de abril de 2013
Em uma semana onde 50 mil pessoas marcham nas ruas de Paris contra o casamento gay, vejo a informação com principal arma contra o preconceito. Quando o ser humano aceitar que ninguém precisa se comportar, agir, cultuar as mesmas coisas que ele talvez viveremos mais tranquilos.
Evandro Mangueira
22 de abril de 2013
Igor, obrigado pela contribuição. Também acho a informação a melhor arma.