Tenho a honra e o prazer de lecionar para a Guarda Municipal de Piracicaba, a disciplina de Cidadania, Ética e Direitos Humanos, já há algum tempo. E é um certo desafio, não nego, uma vez que no Brasil existe a idéia errônea de que os direitos humanos são uma forma de se garantir a impunidade de bandidos. Bem, não são, e meu papel enquanto professor é tentar demonstrar aos meus alunos da GM este fato. Na verdade os direitos humanos são uma série de princípios que visam garantir os que se entende por direitos fundamentais da pessoa humana. Dentre eles, está o direito a um julgamento justo, a não ser torturado, a ter direito de expressão e crença e por aí vai. Não há nada na declaração que diga que quem comete crimes não deva responder por eles.
Infelizmente o conteúdo da Declaração não é muito conhecido pelo nosso povo. Se fosse, talvez mudássemos muito de nossa forma de pensar, não somente em relação à Declaração em si como também em relação a alguns direitos que temos e não exigimos.
Quer um exemplo?
Segundo a Declaração, o trabalho e a renda digna devem ser garantidos a todos os cidadãos.
Você sabia disso? Pois é… Por ela todos nós temos direito a um trabalho que nos permita sustentar a nós mesmos e a nossa família com dignidade. Veja os artigos que falam disso e pense sobre o caso. De quebra, dê uma olhada no vídeo do Legião Urbana que coloco no final.
Bom dia do Trabalho para você e que agora você saiba que ter trabalho e salário digno são seus direitos, e não um privilégio.
Abraços.
Amstalden
Artigos da Declaração Universal dos Direitos Humanos sobre Trabalho e Renda
Artigo 23
I) Todo o homem tem direito ao trabalho, à livre escolha de emprego, a condições justas e favoráveis de trabalho e à proteção contra o desemprego.
II) Todo o homem, sem qualquer distinção, tem direito a igual remuneração por igual trabalho.
III) Todo o homem que trabalha tem direito a uma remuneração justa e satisfatória, que lhe assegure, assim como a sua família, uma existência compatível com a dignidade humana, e a que se acrescentarão, se necessário, outros meios de proteção social.
IV) Todo o homem tem direito a organizar sindicatos e a neles ingressar para proteção de seus interesses.
Artigo 24
Todo o homem tem direito a repouso e lazer, inclusive a limitação razoável das horas de trabalho e a férias remuneradas periódicas.
Artigo 25
I) Todo o homem tem direito a um padrão de vida capaz de assegurar a si e a sua família saúde e bem
estar, inclusive alimentação, vestuário, habitação, cuidados médicos e os serviços sociais indispensáveis, e direito à segurança em caso de desemprego, doença, invalidez, viuvez, velhice ou outros casos de perda de meios de subsistência em circunstâncias fora de seu controle.
II) A maternidade e a infância tem direito a cuidados e assistência especiais. Todas as crianças, nascidas dentro ou fora do matrimônio, gozarão da mesma proteção social.
Ninfa Sampronha Barreiros
1 de maio de 2013
Boa homenagem. Parabéns para você professor, que reuniu a informação com imagem e som. Valeu.
blogdoamstalden
1 de maio de 2013
Valeu Ninfa.
andregorga
1 de maio de 2013
Esses artigos serão seriamente cumpridos quando, no Brasil?
Mas também no restante do mundo, é raramente comprovado o respeito a esses direitos.
Parabéns pelo texto tão propício a esta data.
Obrigado por nos esclarecer com o seu conhecimento.
Abraço.
blogdoamstalden
1 de maio de 2013
Obrigado André.
Junio Cesar Lima
1 de maio de 2013
Professor Amstalden, parabéns por seus artigos e por disponibilizar nesse blog e no facebook! Posso lhe sugerir um tema? Na verdade seria uma inquietação minha, algo que me questiono sempre e eu queria ter uma visão sua e do ponto de vista da Sociologia. É a questão da busca por um lugar no mercado de trabalho, competir por uma vaga nesse mercado tão competitivo. Um jovem recém-formado capacitado se depara com um mercado que exige experiência e não lhe oferece oportunidades. Me questiono também sobre os psicólogos de seleção de trabalho e suas “ferramentas” de seleção. Até que ponto esses psicólogos estão dentro da ética para selecionar funcionários e pode-se confiar em seus testes? Abraço.
blogdoamstalden
1 de maio de 2013
Junio, é um assunto bem interessante. Eu penso que no fundo os psicólogos só analisam um perfil que a empresa pré determina. Sobre o restante, o problema é que o capitalismo tende a diminuir a necessidade de trabalhadores e/ou suas especializações, pelo menos as especializações da maioria. O resultado é um mercado cada vez mais estreito e mal pago. Dá pra escrever vários artigos sobre o tema. Vou deixar “fluir”. Valeu pela dica e pelo comentário.
Carla Betta
1 de maio de 2013
Bela reflexão sobre o trabalho e a dignidade. É tão direito e nada privilégio, que a sociedade instituiu o seguro-desemprego.
Em um artigo no site: http://www.dw.de/museu-de-bremen-encena-epis%C3%B3dios-hist%C3%B3ricos/a-16758333: sobre encenação de episódios históricos no museu, leiam, que interessante! “Os papéis são desempenhados por atores leigos, que originalmente não têm ligação alguma com as artes cênicas. O museu faz parte de um projeto da “associação bras e.V. – arbeiten für bremen”, voltada para oferecer trabalho a pessoas que se encontram desempregadas por muito tempo”. (…)
“Paralelamente ao trabalho no museu, os funcionários frequentam cursos de especialização.” (para se re-integrarem ao mercado de trabalho!)
Vale a pena ler toda a reportagem do site acima referido.
blogdoamstalden
4 de maio de 2013
Genial. Vou publicar isso no post. Obrigado.
Carla Betta
2 de maio de 2013
Então, confesso que fiquei mordida para assistir uma aula sua na Guarda Municipal de Piracicaba…
blogdoamstalden
4 de maio de 2013
O curso deste ano já acabou. A turma se forma no próximo final de semana. Vou me lembrar de convidá-la para uma aula na próxima turma, mas infelizmente depende de quando houver uma nova. Não é todo ano… Mas muito obrigado, fiquei honrado. Abs.