Ciência Jovem 4. Por Igor Ogashawara

Posted on 12 de junho de 2013 por

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Delegação Brasileira da ICYS após a cerimônia de premiação

Delegação Brasileira da ICYS após a cerimônia de premiação

Após quase um ano do meu último artigo sobre ciência jovem no Blog do Professor Amstalden, acredito que já está na hora de tomar vergonha na cara e continuar a nossa série de artigos sobre esta temática.

Recentemente o Brasil obteve importantes conquistas no cenário internacional da ciência jovem. Em abril, durante a International Conference of Young Scientists (ICYS) que foi realizada na ilha de Bali, Indonésia, o país conquistou a medalha de bronze na categoria de Ciências da Vida com o aluno Guilherme Weber. Desde 2008 o Brasil não era premiado com uma medalha no evento. A equipe brasileira foi representada por apenas 2 alunos, Janayna Panoch e Guilherme Weber (foto) selecionados durante a FEBRACE 10 e MOSTRATEC 2012 pelo prêmio ABRIC em parceria com a ICYS-Brasil.

No início do mês de Maio, durante a I-SWEEEP 2013 sediada na cidade de Houston, EUA, o país obteve 5 premiações (4 medalhas de bronze e 1 de prata). As medalhas de bronze foram todas na categoria Meio Ambiente e foram premiados 4 projetos realizados em grupo. Os estudantes dos 4 grupos são: 1) Crysna Mara Arruda Mendes e Raissa de Lima; 2) Nayara Nogueira Soares Marra e Rafael Cavalcanti Lembi;  3) Bruna Pinto e Greice Galloni; e 4) Geórgia Barcellos e Paula Schwade. A medalha de prata foi para estudante Vitor Martes Sternlicht na categoria de Engenharia.

Também no mês de Maio foi realizada a tradicional Intel ISEF, conhecida por ser o evento com as maiores premiações no mundo, distribuindo mais de 4 milhões de dólares em premiações. Na edição de 2013, sediada em Phoenix, Arizona, EUA, o Brasil não fez feio e teve 10 estudantes marcando presença nas duas cerimônias de premiação conquistando 9 prêmios e o 1º lugar entre os países latino-americanos e o 3º no geral, ficando atrás somente dos Estados Unidos e do Canadá. Os alunos responsáveis por esse sucesso são: Túlio Vinicius Andrade Souza, Nayrob Pereira, Gabriel Tiago Galdino, Salvador Alvarado, Ágatha Lottermann Selbach, Desireé de Böer Velho, Cristopher Mateus Carvalho, Jaqueline Campos Costa, Julia Maria Resende Ferreira e Laura Rudella Tonidandel.

A todos esses jovens cientistas participantes desde 3 eventos (ICYS, I-SWEEEP e ISEF) que eu tive a chance de conhecer, quero deixar aqui os meus cumprimentos, uma vez apenas nós, atuantes da ciência jovem no país, sabemos o quanto é difícil realizar a ciência dentro de um sistema engessado e muitas vezes conservador voltado apenas para a resolução de exercícios. Para àqueles que não obtiveram a premiação, não desanimem, afinal todos são vencedores por suas curiosidades pelo desconhecido, seus interesses pela ciência e, acima de tudo, pelos seus esforços em não apenas solucionarem problemas que afetam o dia a dia da população brasileira, mas também por defenderem as cores de nossa bandeira.

Porém sabemos que podemos ir muito mais longe! E acredito que é pelo incentivo à ciência jovem que iremos modificar nosso país! Em minha estadia na Indonésia, acompanhando o time brasileiro na ICYS, pude conhecer mais o trabalho que o Instituto Surya desenvolve no país. Fundado pelo físico, professor Yohanes Surya, o instituto começou reunindo professores para treinarem o time da Indonésia para a Olimpíada Internacional de Física. Uma união de vários pesquisadores com um objetivo único: colocar a Indonésia como um país gerador de conhecimentos! Sem o apoio do governo ou criou-se o Instituto Surya que hoje é responsável pela criação, organização de diversos eventos científicos e educacionais para todo o sudeste da Ásia, assim como eventos internacionais mais abrangentes. Em setembro o professor Surya irá lançar a Surya University voltando-se também para a formação de profissionais qualificados. Conto essa história para mostrar a diferença do que ocorre no Brasil. O grupo do professor Surya investiu primeiro no incentivo à ciência e educação nos níveis básicos de educação para possuir uma base de ensino forte; porém a maioria desses alunos acabava saindo do país para estudar em universidades na China, Austrália, Singapura e Estados Unidos. Agora o professor Surya viu que está na hora de investir para a educação superior, uma vez que a base está bem formada os alunos indonesianos sendo aceitos em universidades no mundo inteiro. Já em nossa realidade, busca-se concertar o problema da educação no país aumentando o número de vagas nas universidades sem aumentar a infra-estrutura e o corpo docente, constrói um programa para que os estudantes estudem nas melhores universidades do mundo, mas os alunos não são aceitos devido a deficiência na língua inglesa que está no currículo da educação básica do Brasil além da falta de incentivo para àqueles que são os mais importantes formadores de nossa sociedade: os professores.

Não estou dizendo que a ciência jovem irá solucionar todos esses problemas, mas com certeza com a expansão deste movimento no país, criaremos uma comunidade de “ex-feirantes” – como costumamos ouvir no ambiente de eventos de ciência jovem – que deseja contribuir cada vez mais para o desenvolvimento do país formando uma massa crítica que irá liderar a nossa sociedade. E essas mudanças já podem ser notadas com a fundação da ABRIC por ex-participantes brasileiros da Intel ISEF. Essa associação desempenha um papel importante para o incentivo e atração dos jovens para a ciência em todo o país.

E é com essa esperança que retorno escrever ao blog! Com a esperança de que com os textos aqui publicados iremos conseguir expandir cada vez mais esse maravilhoso movimento que é a ciência jovem.

Igor Ogashawara é Mestrando em Sensoriamento Remoto pelo INPE e  Representante da ICYS no Brasil