Coluna do Evandro. A parada não me representa?

Posted on 17 de junho de 2013 por

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evandro

No último dia 02 de junho aconteceu o maior evento LGBT do Brasil, e se não me engano, do mundo. E dia 10 de novembro será a de Piracicaba, já consagrada na sétima edição.

A parada do orgulho LGBT, mais conhecida como parada gay e que reúne milhões de pessoas do mundo inteiro, principalmente pessoas do estado de São Paulo, vem sendo criticada por héteros e por LGBTs, considerada um “carnaval gay”, além das diversas críticas com relação à nudez e a “promiscuidade” presente no evento.

Entre os héteros, tais críticas sejam lá entendidas, mas entre os gays e, contudo entre os mais jovens, essas críticas são artificiais e sem alicerce algum, baseado em um falso moralismo na fala, quando na prática basta acessar a internet para se ver a autopromoção sexual.

parada

A parada do orgulho gay de São Paulo encontra-se ativa há dezessete anos, ou seja, somente dezessete anos e os avanços dos direitos LGBTs progrediram tanto.

Está diretamente relacionada, a parada do orgulho LGBT com o avanço nesse campo, isso porque ela não é apenas um “carnaval gay”, muito antes de ir para as ruas, existem centenas de organizações, as quais fazem trabalhos sérios envolvendo direitos para população LGBT e outras populações com maior vulnerabilidade, além disso, a visibilidade de milhões de pessoas em tal evento mostra que existimos, e que somos um número muito representativo. E supondo que se fosse um “carnaval gay” ainda assim seria legítima.

Quanto à nudez, só tenho a dizer que não vejo problema algum, somos o país do carnaval, do Rio de Janeiro e das praias e vasto litoral. A nudez aqui é tão comum quanto é comum respirar, a propósito a TV mostra nudez o tempo todo e não conheço uma única pessoa que não tenha TV em casa. Entretanto, o caro leitor, tem o direito de não achar apropriada a nudez, mas esse aspecto é mais individual do que do movimento como todo, não se pode generalizar a parada inteira, pelo comportamento individual. Já a “promiscuidade”, essa crítica, é fundamentada como se lá só houve sexo explícito, já fui à parada gay em São Paulo algumas vezes, e para minha surpresa a “pegação” mais quente que vi, acontecia entre héteros. É fato que em um grupo de 3,5 milhões de pessoas não se é possível conter todas as práticas, seja o abuso do álcool, o uso de drogas ou sexo, mas convenhamos, um evento nessa proporção, com tão poucas ocorrências policiais é difícil de ver acontecer.

O que tento trazer aqui, não é o fato de ocorrerem desacordos morais que deslegitima a parada, hoje ao vermos gays se casando, a televisão discutido o assunto e mesmo o poder legislativo velando pela causa, o resultado é de um incessante mostrar de rostos, de dizer que existimos, de irmos para as ruas. Talvez o gay jovem não perceba que o mundo em sua volta o aceita melhor e o trata melhor, e que hoje, ele tem mais direitos garantidos, e que isso se deu através de lutas e visibilidades como a parada.

Talvez a parada não lhe represente, mas ela continua sendo uma das formas da militância LGBT e da luta contra todas as variantes de preconceito, mas se diante meus argumentos você acredita que ela não lhe representa, eu tenho um sugestão:

Faça parte dela, modifique-a, deixe-a com sua marca, acrescente, vá as ruas e mostre sua existência e sua representatividade, sua moralidade e seus ideais, tome posse dos microfones e dos trios, acrescente, faça acontecer.

Não é apontando o que está errado da sala da sua casa, ou colando no feed de notícias do facebook que o mundo vai melhorar.

Exista!

 

Porque sair do Armário?

Vídeo com Leandro Zagui:

http://www.youtube.com/watch?v=kg3nxlYCUus

 

Sugiro que não só saia do armário, mas que coloque fogo nele, ou no mínimo quebre-o.

Evandro Mangueira, Nascido em 1979 na cidade de Cajazeiras, que tem por título “A cidade que ensinou a Paraíba a ler.” Atualmente mora em Piracicaba-SP, cidade que adotou como sendo sua também. Tem por formação Gestão Financeira, mas encontra-se nas letras tanto quanto se encontra nos números.

Autor do livro: Arcanjo Gabriel