
Concentração no Largo da Batata em São Paulo. Fonte: http://www.correiobraziliense.com.br/app/noticia/brasil/2013/06/17/interna_brasil,371834/milhares-de-manifestantes-tomam-as-ruas-de-sp-em-novo-protesto.shtm
No exato momento em que escrevo, segunda feira 17 de junho de 13, milhares de pessoas estão nas ruas em São Paulo, Rio de Janeiro, Belo Horizonte, Salvador, Porto Alegre,Curitiba e mais capitais e cidades do interior. Estimativas do site UOL, falam em duzentas e vinte mil pessoas no total, só nas capitais. Pouco, diz um ex-aluno meu pelas redes sociais, pouco perto dos milhões de habitantes que o país tem. É verdade, mas é muito perto do marasmo e da apatia que até agora tenho visto. Desde o “Fora Collor” não via tantas pessoas nas ruas. E mais manifestações estão marcadas para os próximos dias. Até no exterior, brasileiros descontentes se mobilizam.
Veja o link de números das manifestações:
Desta vez, ao contrário de quinta feira passada, a polícia não foi violenta. Houveram sim eventos, principalmente em Brasília e Belo Horizonte. No Rio a situação está mais tensa. Policiais estão “ilhados” na Assembleia Legislativa por manifestantes e isto ainda pode terminar mal. Se comparados, no entanto, com os eventos de quinta feira passada, a violência é pouca, mais ainda se levarmos em conta o número de pessoas. Tenho a impressão de que a polícia recebeu ordens diferentes desta vez e agiu com menos brutalidade. Os manifestantes também, em sua maioria, estão mais pacíficos. Penso que o que antevi no artigo de domingo acontece agora, pelo menos a maior parte.
Agora então, sabemos que algo ESTÁ ACONTECENDO. A pergunta seguinte é: como vai evoluir, se é que vai.
Não há uma resposta possível a isso agora. Por um lado há gente demais nas ruas para acabar tão facilmente, mas por outro os objetivos das manifestações continuam variados e difusos. Da mesma maneira, com exceção de algumas cenas que pude assistir em Contagem, MG, a população mais pobre ainda não é maioria. E este é, como já disse domingo, um risco para o movimento. O perigo é que ele se isole entre classe média e jovens, mas não mobilize os mais pobres que são a grande maioria. As perspectivas de mobilização das classes mais baixas, por sua vez, não me parecem boas. Gostaria de dizer o contrário, mas por honestidade intelectual, não posso. Se nas periferias impera, com honrosas exceções, a desmobilização e se nossos cidadãos mais pobres estão “anestesiados” por séculos de repressão e, mais recentemente, por um banho de assistencialismo e consumo a crédito, não é muito provável que assumam um projeto crítico de uma hora para outra. Se analisarmos, por exemplo, os resultados eleitorais da periferia, veremos como o clientelismo de vereadores, prefeitos e outros políticos tem conseguido muito mais “mobilização” do que os movimentos sociais locais e os grupos comunitários. Mas, mas eu posso estar errado… A força de alguns movimentos, principalmente de jovens pobres ligados as artes, pode ser maior do que eu sou capaz de avaliar. Neste caso, pela mobilização destes grupos, a participação na periferia e da periferia, pode crescer.
Este crescimento, porém, assim como a manutenção das manifestações daqueles que já estão nas ruas, depende também de outro fator que citei domingo: a capacidade de ser reunir algumas reivindicações concretas, claras e pontuais. Isto, por sua vez, não virá dos milhares de manifestantes de forma tão fácil. É hora das associações, sindicatos, grupos de debate, lideranças sociais e culturais, proporem bandeiras e exigências concretas que, por sua vez, traduzam a insatisfação popular e as reais necessidades de nossa democracia.
Minha capacidade de propor pontos é a mesma de um cidadão qualquer, uma vez que não tenho poder algum e nenhuma participação em grupos que os detêm. Mesmo assim, através deste Blog, faço as minhas propostas que são as mesmas que vão me levar às ruas na próxima quinta feira.
Começo das mais pontuais e sigo em direção àquelas mais amplas. São elas:
a) Mantenhamos a reivindicação sobre o Transporte Público sim, mas não somente das tarifas baixas e também da qualidade, incluindo-se aí segurança, pontualidade, lotação máxima e conforto.
b) Que sejam expostos claramente os contratos estipulados e, principalmente, a margem de lucro das empresas, bem como a sua situação perante os seus trabalhadores e perante o fisco. Empresas que não cumprem seus deveres devem ter seus contratos anulados e riscadas de futuras licitações.
c) Os gastos públicos tem que ser o mais transparentes possível, com o uso imediato da internet para divulgação de planilhas claras de gastos municipais, estaduais e federais em todas as áreas. Cada cidadão deve saber exatamente quanto pagou de impostos e no que eles foram gastos.
d) Municípios, Estados e a Federação devem começar imediatamente uma reforma educacional, contemplando carreiras atraentes para os professores, salários condignos, jornadas de trabalho adequadas e cobrando dos mesmos os resultados em melhoria dos índices que medem o aprendizado dos alunos. Chega de protelações e chega de dizer que estamos “na média”. Revolução geral na Educação Já.
e) O mesmo deve ser feito em relação à saúde. Revolução total na gestão e na amplitude dos serviços. Os governos devem discriminar com clareza quanto e como estão gastando nesta área e formar e apresentar planos reais para a sua melhoria. Isto deve incluir desde planos de carreira aos profissionais da saúde, com a mesma atratividade citada no caso da educação, até a programação da construção de unidades de saúde e hospitais devidamente equipados.
f) Ainda em relação a saúde e educação, punição exemplar e rápida para casos de corrupção, desvio de verbas e mesmo para profissionais desonestos que não cumprem seus deveres. Nem que tenhamos que mudar a Constituição por emenda e o Código Penal, proponho que crimes de corrupção nestas áreas e, de quebra em todas as outras, sejam equiparados a roubo e latrocínio, o que de fato o são indiretamente.
Estas seriam as reivindicações que eu levaria (aliás que vou levar) para as ruas de minha cidade. E penso que os que devem se comprometer imediatamente por elas são os políticos atuais, sejam de que partido forem. Começa pelos vereadores de minha cidade, passa por deputados estaduais, governo do estado, deputados federais, senadores e presidência da república. NÃO EXISTE NENHUMA DESTAS INSTÂNCIAS QUE ESTÁ LIVRE DE INICIAR O CUMPRIMENTO DESTAS REIVINDICAÇÕES, SEJA NA BASE LOCAL SEJA NA FEDERAL. ASSIM COBRO DE TODOS ELES, TODOS OS VEREADORES, DEPUTADOS, SENADORES, GOVERNADORES E PRESIDENTA QUE CUMPRAM O SEU REAL DEVER ATRAVÉS DA ATENÇÃO A ESTAS DEMANDAS SOCIAIS. E REAFIRMO QUE NÃO SÃO CONCESSÕES QUE NOS FAZEM, MAS DIREITOS QUE NOS DEVEM.
POR ÚLTIMO, DIANTE DE ALEGAÇÕES DE FALTA DE VERBAS, MINHA PROPOSTA É DIRETA: TIREM O DINHEIRO DAS OBRAS FARAÔNICAS, DO SOCORRO ILEGÍTIMO A INSTITUIÇÕES FINANCEIRAS, DOS SALÁRIOS MILIONÁRIOS DE POLÍTICOS E DA CORRUPÇÃO QUE ELES, NO MÍNIMO, TOLERAM.
No mais, não vou apenas levar isso nas manifestações. Vou escrever a cada político de minha cidade, estado e federação que tenham o voto paulista e exigir o que penso ser estas medidas vitais.
Você deve ter outras reivindicações, assim como eu próprio as tenho. Mas estas são as que posso visualizar agora como mais imediatas e, apesar de trabalhosas e espinhosas para muitos, possíveis de serem implementadas.
Se você concorda, divulgue e dissemine. Se não, proponha suas alterações.
Amstalden
PS: segue um vídeo de ontem, do UOL, com análises bem interessantes. É um pouco longo e com duas partes, mas muito bom.
Evandro Mangueira
18 de junho de 2013
Muito bom! As suas demandas, são as minhas demandas!
Anônimo
18 de junho de 2013
Muito bom professor!
Fernando P. Caprino
18 de junho de 2013
Gostei muito e concordo com os principais pontos levantados pelas reivindicações. Concordo também que é necessário partirmos para idéias mais concretas e cobranças mais pontuais. Era importante mobilizar a população, mas é tao importante quanto, ou mais, seguir organizadamente.
Anônimo
18 de junho de 2013
Agora se faz necessário lideranças mais claras, pessoas que possam falar em nome do todo!
Carla Betta
18 de junho de 2013
Passado o ânimo e o entusiasmo diante de manifestações tão pacíficas e tão volumosas, é bom esclarecer que o MOVIMENTO PASSE LIVRE já deixou claro que sua reivindicação é a GRATUITADE do transporte público. (ponto final)
Mas, apesar de ser justo, razoável e compreensível esta foco, não é só esta a razão de tantas pessoas nas ruas e tantas participações nas passeatas.
Não adianta sair gritando por tudo e qualquer coisa. É preciso haver foco, determinação e priorizar as demandas. No momento, acredito que sejam prioritárias as demandas listadas por este artigo. Faço minhas as prioridades elencadas.
Não podemos deixar arrefecer os ânimos; como uma bexiga no ar, temos que sustentar para que não murche, nem caia ao chão esta mobilização de energias em prol do bem-comum.
#vamosprarua#
Francisco Laércio
18 de junho de 2013
* Por 10% do PIB na Educação;
* Pelo fim das impunidades políticas;
* Pelo fim das privatizações;
* Pelo afastamento de Barjas Negri nos cargos de confiança, visto que o mesmo responde por inúmeras licitações ilícitas!
Francisco Laércio
18 de junho de 2013
Culpar a Dilma, não vai aliviar o Brasil em nada. A figura do presidente é meramente ilustrativa. Quem comanda um país são os Senadores e Deputados (para não dizer nas grandes empresas e a FIFA).
Por que o povo se esqueceu de José Sarney? Fernando Collor? Aécio Neves? Renan Calheiros? FORA TODOS ELES!!!!!!!!!
Luís Ferrari seu ex aluno EEP C. Comp.
19 de junho de 2013
Prof. Amstalden para melhorar os transportes a melhor opção, no meu ver, seria retirar o monopólio do mesmo das mãos do governo, só com a livre concorrência esse serviço seria mais barato, mais confortável e não sobrariam braças para a corrupção. O Prof. concorda com isso?
blogdoamstalden
19 de junho de 2013
Olá Luis. Antes de mais nada, obrigado por escrever. Bom, para começar, não existe monopólio estatal nos transportes. Quem presta os serviços são as empresas privadas mediante concessão do Estado, o que é diferente. Monopólio seria se o Estado fosse o dono do transporte em si, e não é. Por outro lado, os liberais defendem que nem estas concessões devem ser dadas pelo Estado. Ou seja, que cada empresa oferecesse a rota e o transporte que quisesse. Neste caso, dizem os liberais, a livre concorrência faria o preço baixar e a qualidade melhorar. Bom, ocorre que não é bem assim que costuma acontecer. O capitalismo e as empresas trabalham com a escassez. Em outras palavras, para eles, manter poucos ônibus pode significar um aumento do lucro, em cima da má qualidade e poucos horários para o usuário. Ao mesmo tempo, as rotas menos interessantes do ponto de vista do lucro podem ficar com menos ou até sem carros. É por isso que o Estado media, cede a concessão. Ele exige regras mínimas a serem cumpridas, como quantidade de carros, rotas e horários. O argumento da livre concorrência, por outro lado, também não se apresenta na prática. Para que isso fosse real, teria que se haver muitas empresas em condições de competição. Mas não é assim. Primeiro porque os grupos capazes de manter carros e o serviço tornam-se poucas devido ao custo. Assim só investe nisso os poucos que já tem capital e isto forma o monopólio privado. Em segundo, é muito comum que as empresas combinem entre si preços e tarifa, isso chama-se “dumping”. A mediação do Estado visaria, exatamente, evitar as duas coisas. Daí ele ser o que concede o direito ao serviço. Eu penso, Luís, que dadas as condições de crescimento da população urbana e a necessidade de transporte para o trabalho, talvez fosse mais interessante o oposto total. A estatização total do serviço. Mas isto, por sua vez, só funcionaria num Estado no qual haja controle social que é, exatamente, uma das coisas por que lutamos agora. Abraço e fique a vontade para comentar sempre
Carla Betta
19 de junho de 2013
Concordo em gênero, número e grau! Na gestão da Erundina, houve esta proposta. A Marilena Chauí comenta em:
http://www.geledes.org.br/em-debate/colunistas/19403-marilena-chaui-haddad-tem-que-quebrar-cartel?fb_action_ids=573252209384472&fb_action_types=og.likes&fb_ref=.UcIAxuD6DEE.send&fb_source=other_multiline&action_object_map=%7B%22573252209384472%22%3A332797530183887%7D&action_type_map=%7B%22573252209384472%22%3A%22og.likes%22%7D&action_ref_map=%7B%22573252209384472%22%3A%22.UcIAxuD6DEE.send%22%7D
Se não me engano, a ideia era cobrar percentuais maiores do IPTU das classes mais abastecidas para cobrir os gastos com transporte público gratuito.
Antonio
22 de junho de 2013
Professor, infelizmente penso que o que ocorre é a preparação do pedido de impeachment da presidenta. Estas manifestações “despolitizadas” começaram com uma pequena manifestação reprimida com violência em São Paulo. Não foram os vinte centavos do aumento. Quem paga passagens está podendo pagar, tem podido comer e estudar. Se há deficiências e faltam muitas outras coisas, pelo menos nestes três últimos governos avançamos a duras penas mas avançamos. No Brasil os grandes capitalistas são rentistas que vivem de emprestar ao governo, a baixa do juros colocou-os em polvorosa. Como deve saber, o presidente do Itaú, praticamente pagou para ser entrevistado por uma revista inglesa falando do absurdo que é a situação de juros baixos no Brasil. E a partir dela os políticos, Aécio e outros começaram a falar em inflação. Ela existe e atinge com pouco impacto o povo quem está sofrendo com ela é o grande capital. Acompanhe a linha do tempo com estes acontecimentos. A passeata que derrubou o Collor foi uma palhaçada em que inocentes úteis pensam até hoje que derrubaram um presidente. Estava tudo armado e foi “dado” ao povo pensar ter sido o responsável por sua derrubada, muitos pensam até hoje.
Estas passeatas com a omissão da polícia em coibir a violência e o vandalismo, passeatas “apolíticas” vão derivar para a anarquia e logo logo um destes políticos que perdeu as três últimas eleições vão pedir através dos cachorrinhos como o Freire o impeachment da presidenta.
Assisti este filme em 63/64.
Lá era em preto e branco agora vai pelo Facebook, a mesma estória provavelmente as mesmas consequências, uma ditadura ou um governo dissociado do povo como sempre foram os governos brasileiros, exceto pelos atual e os dois anteriores.
blogdoamstalden
23 de junho de 2013
Antônio, desta vez não tenho certeza de que é tão maquinado assim. Diferentemente de 64, 68, 84 e 92, a revolta parece ter muitas faces. Se fosse tão maquinado alguém, algum político ou grupo já teria assumido a liderança. E elas não são centrais, são pulverizadas. Mas tudo pode ser. Meus colegas sociólogos parecem concordar em apenas algumas coisas: primeiro, significa a desilusão com a política nacional, segundo: se volta contra toda a classe política, não havendo, desta vez, partidos “amigos” e “inimigos” e, terceira: está tudo “junto e misturado”, desde a extrema esquerda até a extrema direita, passando por aqueles que não entendem de política. Impeachment de Dilma corre sim, mas acho que são os militarista raivosos em meio a tudo isso. De minha parte ainda tento entender muita coisa, mas também espero que este movimento possa servir para quebrar um pouco a inércia e o individualismo reinantes. Por outro lado, não tenho tanta certeza de que a questão econômica não afete os mais pobres. Alguns dados: a inflação da cesta básica foi de 24% de abril de 2012 a abril de 2013; 57% das famílias brasileiras estão endividadas e, destas, 20% devem mais da metade de sua renda mensal. O governo tentou evitar a crise americana e europeia incentivando o consumo interno, mas sem crescimento da renda proporcional e sim por concessão de crédito. Eu penso que isso pesa também.
Fazia tempo que você não “aparecia”. Seja bem vindo. Espero conhecê-lo pessoalmente no próximo sábado, no encontro literário e do blog. Abraço.
Antonio
24 de junho de 2013
Professor, As passeatas começaram aqui em São Paulo com meia dúzia de gatos pingados reprimidos violentamente pela PM. Moro perto da Paulista e quem estava lá não eram operários e trabalhadores, eram filhos da classe média como aquele que foi preso por depredar o prédio da prefeitura, filho de um empresário de ônibus e aluno da FAU. Se esqueceram do Facebook ou contavam com ele, me refiro aos políticos do PSDB e aliados que simplesmente não admitem perder uma quarta eleição seguida. A eleição de Haddad em São Paulo colocou na parede o Geraldo e sua reeleição, a candidatura a presidente ficou para trás com a derrota em São Paulo.
Nas passeatas que tem se seguido, a imensa maioria é de filhos bem nascidos da classe média, a polícia se omite ou não cumpre seu papel, as TV¹s mostram a baderna e o vandalismo, não mostram manifestantes caminhando com seus cartazes, nenhum órgão como OAB, Universidades se manifesta. Uns poucos politicos como o Freire na semana passada bateram e batem na tecla mobilização e que o salário acaba antes do final do mês.
Não foram os vinte centavos e entre os manifestantes fica fácil infiltrar agentes provocadores como ficou demonstrado ter feito a PM em São Paulo.
Passeatas e sociedade organizada fazem parte de qualquer nação mas, elas tem um interlocutor não necessariamente um político mas sempre tem um.
Nestas passeatas, não há interlocutor e muito menos pauta a ser discutida.
Se vivemos e queremos um país com instituições é através delas que devemos reivindicar.
De que adianta uma passeata em São Paulo protestando contra a PEC 37, seria válida nas portas do Congresso ou que representantes destas pessoas entregassem aos Srs. deputados assinaturas pela rejeição. Passear pela Paulista de nada adianta.
Pergunte a qualquer um deles: – Quem escreveu ao seu deputado ao seu senador manifestando sua opinião dizendo estar atento ao voto do parlamentar?
Da forma como estão fazendo, rejeitando políticos e instituições, caminham para a anarquia. Por pior que sejam as instituições estão ai, devem ser mudadas se for o caso.
Falta pouco para a anarquia. As passeatas e os protestos são legítimos mas elas não podem de forma alguma impedir o movimento de quem delas não participa e isto é o que está ocorrendo.
As TV¹s e jornais divulgam o vídeo de uma mocinha que vive em Los Angeles criticando e exigindo algumas correções. Ora! Morando em Los Angeles o que ela quer, aparecer ou serve a algum interesse escuso? Passeatas concatenadas por brasileiros que vivem em outros países, onde já se viu algo assim.
Conversas com manifestantes percebe-se nelas alguma alienação, acreditam que tudo se resolve como no Facebook ou no Twitter. Alguns toques e pronto!
A inflação tem estado alta e começa a cair, apesar do endividamento, ninguém passa apuros, endividam-se porque estão podendo adquirir o que nunca tiveram.
Observe os mais humildes, faz algum tempo que a pele do rosto esta luzidia, estão comendo. As meninas não usam havaianas, um tênis ou um sapato simples, muitos ostentam aparelhos nos dentes.
Parte da indústria não investe porque com juros baixos perderam a competitividade e esta perda se deve unicamente às pornográficas margens de lucro que praticam.
Com dólar baixo e com as margens de lucro que tem, ficam fora do mercado internacional e mesmo do interno em competição com os importados.
Os altos impostos são uma falácia!
Concordo que o dinheiro é mal aplicado, nem tanto por culpa do governo, deste e dos anteriores mas por culpa de funcionários e empresários corruptos.
As leis não os alcançam e estamos vendo arautos da moralidade como Demóstenes serem descobertos como office boy de criminosos.
Os políticos não valem nada mas, quem os elege e reelege?
Os mesmos que vão as passeatas?
Os industriais e capitalistas no Brasil são basicamente rentistas, a baixa dos juros internos deixou-os em polvorosa. Muito melhor do que trabalhar e produzir correndo os riscos inerentes é emprestar ao governo que não quebra e paga em dia. Que o diga nossos bancos. Estas análises econômicas são feitas por bancos de investimento que não conseguem explicar aos seus correntistas ou ao fundos que administram porque não conseguem a renda prometida. Mendonça de Barros, aquele do No Limite da Responsabilidade vive a deitar falação contra juros baixos. Começou com os ataques à Petrobras. FHC vendeu 40% da companhia na bolsa de NY prometendo mundos e fundos em termos de rentabilidade, a atual presidenta determinou que a Petrobras reduzisse a distribuição de lucro para aplicá-lo no desenvolvimento do pré sal e da própria companhia ao invés de recorrer ao mercado. A Presidente colocou a única estatal que restou a serviço do país. Lembra do terror que seria um apagão que ocorreria e que chegou a provocar uma “barriga” da Catañede nas páginas da Folha? Nunca tivemos risco de apagão. Sobre o que coloquei acima, sei e tenho certeza disto em razão do meu trabalho.
Uma pesquisa em São Paulo envolvendo as classe A e AA, patamar inferior abrangendo renda familiar individual de R$ 5.000,00 mostrou que 57% destas pessoas se sentem incomodadas em compartilhar aeroportos e assentos em aeronaves com pessoas mais humildes.
São estas pessoas ou seus filhos que têm participado das passeatas na Paulista.
Meu receio é que por tudo o que coloquei, estas passeatas sejam o mote para um estado geral de anarquia que justifique o pedido de impeachment da presidenta. A única forma de retomarem o poder.
Viajo pelo Brasil todo e o Brasil mudou, mudou nas pequenas cidades do norte-nordeste em que seres humanos deixaram de depender do coronel local.
Elio Gaspari que não é exatamente um apoiador do atual governo publicou na Folha que não apoia o atual governo um artigo em que relata os benefícios do bolsa família e que 12% devolveram o benefício porque estudaram e ou conseguiram empregos.
Aconteceu algo parecido ai em Jaguariuna.
Meu medo é que a anarquia, caso prevaleça, dê ensejo a um pedido de impeachment e ai muito do que foi feito se perderá ou simplesmente voltaremos ao estado anterior em que o governo atende apenas aos poderosos.
Torço muito para estar completamente enganado!
Agradeço o convite mas, viajo hoje novamente.
Não faltará ocasião!