Nesta quinta feira, dia 20 de junho de 13, vou às ruas. Vou ao terminal central de integração de Piracicaba, minha cidade, e lá pretendo me encontrar com mais gente que vai protestar contra os aumentos de tarifas de ônibus, aqui e no resto do Brasil. Não é a primeira vez. Já estive lá recentemente, com o “Pula Catraca” e o “Reaja Piracicaba”, além do pessoal do “Feliciano não me representa”. Você quer saber se sou um usurário de transporte coletivo? Não, eu quase não ando de ônibus. Na verdade ando em São Paulo quando vou até lá, uma vez que não consigo dirigir naquela cidade. Mas aqui, não. Ando de carro quando não há jeito e a pé sempre que posso. Mas vou assim mesmo. E sabe por quê? Porque tenho todos os motivos para ir. As tarifas me oneram na medida que oneram meus concidadãos e, eu próprio, usaria o transporte coletivo se este fosse bom. Assim, penso que devo ir não só em solidariedade àqueles que gastam e gastam bastante de seus parcos salários para se locomover, mas também pelo fato de que está ficando quase impossível se deslocar de carro nas nossas cidades. O futuro não está em transportes individuais, está nos coletivos, só a indústria automotiva nega isso. Eu quero usar os coletivos então devo lutar já. Ainda mais aqui, que a prefeitura nem regularizou ainda a situação e há dúvidas sobre a transparência do processo, para não dizer que o aumento foi maior.
Mas há mais motivos, muito mais. Vou porque o que está em evidência, aqui e no Brasil, é o fato de que os protestos são também, resultado de um extremo cansaço coletivo. O cansaço de vermos todos os dias o centralismo, a arrogância e a mentira blindados por uma legalidade questionável. Vou porque estou cansado. Cansado de ouvir, ano após ano, desde que sou garoto, que é preciso investir-se na educação e, no entanto os professores municipais de minha cidade nem um plano de carreira ainda têm. Tenho que ler e ouvir declarações do governador de que nunca houve tanta gente nas escolas em São Paulo e, no entanto, como professor, vejo alunos chegarem às minhas turmas na faculdade praticamente analfabetos. Tenho que ouvir a presidenta tecendo louvores aos seus investimentos na mesma área ao mesmo tempo em que imagino qual seria o resultado de toda a fortuna que investimos na Copa e nas Olimpíadas, se a mesma quantia fosse investida realmente em educação, e não só na construção de escolas, o que costuma ser bom negócio para os partidos e suas aliadas empreiteiras, mas na correta remuneração e preparação dos professores e nas condições de ensino para os jovens.
Vou também porque estou farto de assistir ao cinismo político dos que dizem agir para o povo e mantêm, na surdina ou claramente, o nepotismo, a corrupção e o clientelismo político. Vou porque estou enojado em ver a incoerência política que vai desde a triste imagem de Lula apertando a mão de Maluf, nas eleições do ano passado, até a incoerência do discurso pseudo cristão e religioso de quem mantêm a imagem de cristianismo para angariar votos, mas não vive de fato aquilo que prega. Vou porque estou cansado, assim como milhares de nós, de assistir todos os dias o espetáculo da impunidade, que começa de cima, começa entre os corruptos que nunca pagam pelo que fazem e são, como já argumentei antes, assassinos indiretos, mais covardes do que aqueles que puxam o gatilho diretamente. E, finalmente, vou porque quero que pelo menos de vez em quando, os políticos e demais mandatários deste país, vejam as pessoas se mobilizando para que tenham um pouco mais de cuidado com o que fazem.
Penso que estarei entre pessoas muito mais jovens do que eu e alguns deles, acreditam em uma revolução ampla. Eu também acredito que uma revolução é necessária no Brasil, mas a que eu imagino é mais simples do que a deles, porém tão difícil quanto. Eu quero a revolução da transparência, do controle público sobre o Estado e da verdadeira cidadania. Quero a revolução da verdadeira democracia, e não este espetáculo de manipulação dos votos dos mais pobres que nem sabem que possuem direitos. Os jovens talvez não concordem com minhas “poucas” reivindicações, mas eles vão descobrir que sem estas coisas, controle social, democracia real e cidadania verdadeira, todo tipo de Estado torna-se um tirano.
Não vou agredir ninguém, nem depredar nada. Espero não ser agredido. Talvez eu tenha que respirar um pouco de gás lacrimogênio ou de pimenta. Paciência, não será a primeira vez. Talvez mesmo algum ex aluno meu, da polícia, tenha que me atirar o gás. Não ficarei chateado com eles se isso acontecer. Não acho que eles tenham culpa e sei que se não obedecerem as ordens superiores, serão duramente perseguidos.
Nesta quinta feira, eu vou protestar contra o preço das passagens. Depois vou a Câmara Municipal de Piracicaba assistir à entrega de milhares de assinaturas contra o aumento que os vereadores daqui se concederam. Com tudo isso, vou pedir “passe livre” para uma sociedade mais justa, transparente, honesta, democrática e cidadã. E se você concorda com isso, seja você quem for, venha também. Desta passagem todos nós precisamos.
Evandro Mangueira
19 de junho de 2013
É o seguinte galera: O protesto de amanhã não é só do Pula Catraca, nem é partidário e muito menos por 0,20 centavos. O que vai acontecer amanhã é o movimento de POSSE, tomarmos o Brasil (e Piracicaba) de volta para o povo. Chega de dizerem que não sabemos o que queremos! Nós sabemos!!!! Se os nossos representantes ouvissem a população, não precisariam perguntar o que queremos, porque esse grito já foi dado muitas vezes!!!! Agora vamos gritar JUNTOS! O Brasil é nosso! Piracicaba é Nossa! Se você acha que o Brasil tem muito o que melhorar, venha fazer acontecer, porque esse momento é único! Aproveite a oportunidade, exista! Você não vai querer contar para seus netos, que teve a oportunidade de mudar o Brasil, mas preferiu ficar sentado de frente ao PC, ou a TV, vai? Venha fazer parte, porque vivemos em uma democracia, e democracia significar poder que emana do povo! Faça parte da mudança, para sentir orgulho de cantar o Hino Nacional! Brasil, verás que um filho teu não FOGE a luta!
Renan
19 de junho de 2013
Espero com esta redução em São Paulo e Rio de Janeiro não diminua os ânimos do povo, porque estes movimentos que vem acontecendo lá, vem contagiando a todos, e não deve parar, mas enfim amanhã é nossa vez!!!!
Melina Reami Turqueto
19 de junho de 2013
Vamos reivindicar nossos direitos e fazer da nossa cidade e nosso país um lugar mais digno para TODOS!!!
Aryoldo Machado
21 de junho de 2013
As revistas VEJA, ISTO É e outras poderiam agora fazer uma lista dos últimos 20 anos da corrupção e apontar o que não foi apurado ou ficou impune. Então as manifestações poderiam com esta lista concentrar-se diante das propriedades destes senhores e senhoras e usufruiram do bem público e dai as concentrações não teriam razão para depedrar bens da comunidade. Seria um esforço focado e concentrado.
Aryoldo Machado
21 de junho de 2013
Corrigindo…que usufruram do bem público.
Aryoldo Machado
21 de junho de 2013
usufruiram…
Aryoldo Machado
21 de junho de 2013
Vale também para os jornais e revistas de Piracicaba, Limeira, S.B.O, Americana….e todas cidades enfim. Quanto $ já saiu e nada aconteceu.
Aryoldo Machado
21 de junho de 2013
Quem sabe se encontre um mecanismo para isso ser devolvido.
Quando eu digo concentrar diante das propriedades também vale diante das entidades onde “trabalham”.