Coluna da Carla. O DIREITO DE IR E VIR

Posted on 1 de outubro de 2013 por

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para o direito de ir e vir

Na sexta-feira do dia dois de agosto, fomos –eu e uma amiga- assistir a Orquestra Samphonica no teatro do SESI, Piracicaba. Um show maravilhoso! Saímos do SESI e ficamos esperando o ônibus, que demorava e demorava. Não estranhei, pois já me vi nesta mesma situação sozinha, depois das 22 horas, na Avenida do SESI, com pouquíssima iluminação, cuja parada do ônibus fica defronte e ao lado de um terreno baldio (!!). Ao menos desta vez estava acompanhada, mas não é menos perigoso mesmo assim.

Desde Juscelino Kubitschek que se priorizam as estradas, o carro, os caminhões em uma história já tão repetida nos artigos jornalísticos e nos bancos escolares: a aliança com as multinacionais automobilísticas, isto é, há anos estamos vendidos para essas indústrias. O que é um desastre de consequências ecológicas assustadoras. Mas, vou deixar essas vertentes do assunto como sugestão para o Amstalden e o Totó esclarecerem melhor.

Nosso país poderia e deveria ser entrecortado, cruzado, lotado de uma complexa e simultaneamente simples malha ferroviária que facilitaria e diminuiria os custos de transporte de carga e de pessoas, promovendo a integração nacional e facilitando intercâmbios diversos. É só uma pincelada deste quadro que deixo para outra pessoa pintar em artigo subsequente.

Vou me ater ao que me afeta e a milhões de brasileiros: a opção pelo desenvolvimento da indústria automobilística, pelo transporte individualizado em detrimento ao transporte público salta aos olhos, em se falando de Piracicaba, pelas condições lamentáveis da frota de ônibus. Penso até que os motoristas das empresas piracicabanas deveriam ganhar adicional de insalubridade pelo barulho ensurdecedor dos motores dos coletivos “desfrutado” no turno de trabalho acrescido das horas extras e pelas lesões na coluna e nas articulações que devem haver em função de câmbios e direções rígidos.

Na visão meramente capitalista do lucro, somos tratados como se fôramos robôs, cuja função é comprar/vender/proporcionar lucro e não como pessoas, cujos espíritos precisam se alimentar de lazer, música, teatro, artes plásticas, enfim, diversão e artes. Por este ponto-de-vista, não se considera necessário que quem, por opção ou falta de, não possui carro possa desfrutar de transporte público nas noites e nas madrugadas.

“A gente não quer só comida…”

Recentemente li um artigo assaz intrigante:

“Escola troca seguranças por professores de artes e melhora desempenho de alunos”
(http://oglobo.globo.com/educacao/escola-troca-segurancas-por-professores-de-artes-melhora-desempenho-de-alunos-8267206#ixzz2c3sLkibA)

Mas, aqui na nossa Piracicaba o lazer -puro e simples lazer-  ou o lazer vinculado a deleitar-se com algum evento artístico só é permitido aos providos de automóvel. É TÃO INJUSTO!

Na sexta-feira mencionada no início, houve o agravante de haverem suspendido a circulação de ônibus na avenida onde se localiza o teatro do SESI por conta do vandalismo cometido em noite anterior por alguns. Mas, há anos que venho comentando, postando no facebook, reclamando e tentando envolver pessoas para que a prefeitura se responsabilize pela ida-e-vinda , principalmente pela volta à casa dos espectadores dos eventos do  SESI. Ao menos, uma van que transportasse a todos ao final de cada espetáculo até o Terminal Central. Sem entrar na questão da gratuidade, com preço normal de passagem mesmo, mas que garantisse o direito de ir-e-vir no horário dessas atividades.

Infelizmente, houve raros adeptos a esta minha sugestão e como uma andorinha não faz verão… O teatro do SESI continua a ser frequentado pela elite movida a carro.

Partindo desta situação cotidiana, poderíamos ampliar a discussão, angariar adeptos que nos compreendessem, atender a toda população em seus mais variados momentos de lazer.

Economia de combustível, exigência de conforto, diminuição da poluição intensa que a circulação de automóveis provoca, quase extinção do motorista alcoolizado que a tantas tragédias atrela sua irresponsabilidade, bem-estar, acesso à cultura pela maioria da população e podemos listar muitos mais benefícios que esta simples medida poderia desencadear!

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