“Se Deus me deixar viver, vou realizar mais do que mamãe jamais realizou, vou fazer com que minha voz seja ouvida, vou para o mundo e trabalharei em prol da humanidade! Agora sei que primeiro é preciso coragem e felicidade”
Sua Anne M. Frank
Anne escreveu isso em abril de 1944.
Deus (ou guerra, ou o nazismo) não quis deixá-la viva, como ela mesma rogou nas páginas de seu diário, mas seu legado, sua história será eterna. Anne Frank nasceu em 12 de junho de 1929 e morreu aprisionada no campo de concentração Bergen-Belsen, três meses antes de completar 16 anos. Seu pai Otto H. Frank foi o único membro da família que sobreviveu ao Holocausto.
O diário de Anne Frank é leitura obrigatória para quem deseja sentir na pele o que foi o confinamento dos Judeus, suas capturas, e o holocausto. A menina Anne era uma grande escritora e nas páginas de seu diário é possível ler a emoção das palavras e é capaz de transportar-nos ao que foi a segunda guerra mundial, tornando o leitor parte viva da história, ao lembrar-me do texto sinto-me vivendo ao lado de Anne Frank.
Ela ainda criança foi obrigada a esconder-se no que seria chamado de “anexo secreto” em julho de 1942, abrigando-se em cômodos secretos de um edifício comercial. Com apenas 13 anos é possível notar uma menina madura e bem a frente do seu tempo, embora ainda jovem demais para entender a guerra e suas consequências, ela entra nesse universo próprio e passa a escrever o seu diário, a única amiga que possuí, uma vez que repudiava os costumes e hábitos da sua mãe.
Anne começa a escrever no diário em 12 de junho de 1942, data do seu 13º aniversário e relata como era a sua vida, como surgiram às restrições aos Judeus nos países baixos e como sua rotina se modificara completamente. Ao passo que ela escrevia é possível notar a evolução de suas idéias e a transformação da menina em mulher.
Chegaram ao “anexo secreto” deixando para trás um gato chamado Moortje, uma vida e toda dignidade humana, traziam consigo diversas roupas no corpo e a poeira de andarem quilômetros até prédio onde passariam a viver confinados e sem as menores condições, dependendo de empregados do escritório que colocaram suas vidas em risco ao ajudar uma família de judeus.
O confinamento só piorou quando um novo grupo de pessoas passou a esconder-se junto com a família Frank. Em 13 de julho de 1942, a família Van Pels juntou-se aos Frank no confinamento e, em seguida, foi a vez de Fritz Pfeffer, um dentista amigo da família, totalizando oito membros escondidos e obrigados a conviverem por dois anos, entre todas as dificuldades de mobilidade e alimento, acrescida a dramática convivência humana que em ambientes normais já é complicada, imagem sob estresse.
O diário de Anne Frank é surpreendente, envolvente e acima de tudo um relato fiel das emoções de quem viveu a guerra na figura de um judeu. É preciso coragem para desejar tanto a vida como essas pessoas desejaram, é preciso fé para seguir em frente e ter esperança, é preciso ser genial para escrever o relato com tanta emoção e precisão dos fatos e dados, com uma ótica ampla dentre de um cômodo, baseando-se unicamente nas migalhas de informações adquiridas de forma extra-oficial e muitas vezes ilegais. Anne Frank foi só mais uma vítima da guerra que mataria mais de 60 milhões de pessoas (dados que são questionáveis), ainda deixando mais de 20 milhões mutilados. Anne Frank seria uma grande escritora e uma grande mulher, mas sua morte precipitada cumpre um pouco desse papel que ela pretendia exercer (e certamente exerceria), pois ao lermos as páginas dos seus diários, somos obrigados a refletir sobre quem somos, o que desejamos da vida e do mundo em nossa volta, e principalmente, o que permitiremos que os governos façam das nossas vidas.

Esta foto é divulgada como uma suposta imagem de Anne Frank perto do fim. Não existe consenso sobre sua veracidade.
Evandro Mangueira é escritor, autor do livro Arcanjo Gabriel e articulista deste Blog.
Eduardo
3 de dezembro de 2013
Muito bom!
Pensar que hoje os judeus cometem o holocausto contra os seus irmãos semitas.
Evandro Mangueira
3 de dezembro de 2013
Pois é, a humanidade é estranha.
Evandro Mangueira
3 de dezembro de 2013
Há quem acredite que o holocausto não passou de uma farsa, e existem infinitas teorias a respeito dessa possível farsa. O Diário de Anne não encontra-se a salvo de taís pensamentos, então fazendo-se justiça, quem desejar leia:
http://natrilhadocastelo.blogspot.com.br/2012/02/anne-frank-uma-fraude-best-seller.html
Eduardo
3 de dezembro de 2013
Esse assunto é assunto proibido.
Particularmente eu não acredito que seja farsa. Mas que houve exagero e dogmatização do assunto, eu não tenho dúvidas.
Evandro Mangueira
3 de dezembro de 2013
Acredito que o livro o Diário de Anne Frank, que é proposto como um livro verídico, acho problemático falarmos em farsa, seria catastrófico acreditar nisso, mas a sua vendagem e a forma como é comercializado, sem dúvida tem interesse financeiro por trás.
Karen
6 de junho de 2014
exagero e dramatização? farsa? vocês por acaso já leram algum livro de algum sobrevivente? não só é horrivel, como doloroso imaginar pessoas naquelas circunstâncias..e eu não li só um livro escrito pelos sobreviventes, li vários…. a dor dessas pessoas não tem nada de drama aliás é muito verdadeiro e me dói mesmo não sendo judia ter q ler q foi uma farsa ou exagero depois de tudo que eu soube pelos sobreviventes…. antes de falarem esses absurdos vamos procurar saber um pouco, leiam a mala de Hana, a guerra de clara, paisagens da memória ou qualquer outro sobre o holocausto que vocês vão saber que não te drama foi uma realidade que aconteceu há menos de 75 anos!! e essa é a nossa humanidade ….. a guerra de clara é tão cruel que chegamos a desacreditar e a desejar que não seja verdade. mas foi e ela ainda está viva para provar isso!!
Karen
6 de junho de 2014
Evandro Mangueira, concordo que eles comercializam visando unicamente os ganhos financeiros e não com a preocupação que o mundo saiba o que aconteceu. Como era a intenção da maioria dos sobreviventes que escreveram suas histórias.
Evandro Mangueira
7 de junho de 2014
Karen, obrigado pela sua opinião!