Hoje faz quinze dias que publiquei aqui o artigo “Minha mensagem ao PT”. Também o enviei por email para as executivas municipal, estadual e federal do Partido. Até agora, no entanto, não recebi resposta alguma. Em parte, escrevo este artigo hoje por uma questão de honestidade. Se escrevi e enviei antes, é porque esperava (e espero) uma resposta. Se ela não veio, acho justo que os leitores saibam, assim como deverão saber quando (e se) vier. Aliás, se vier e não ultrapassar o limite de espaço da “Tribuna”, eu publico na minha coluna.
Enfim, o que acontece é que não tendo (ainda) recebido resposta, fico especulando sobre os motivos deste “silêncio”. Pode ser que o sistema de checagem de email do partido, pela internet, não seja tão bom, ou esteja tão sobrecarregado que ainda não houve tempo de uma leitura, seguida da análise e da resposta. Também pode ser que o caso esteja sendo analisado internamente, uma vez que no nível estadual e federal, é possível que a executiva não tenha conhecimento de todos os fatos a que me refiro, sobre Piracicaba. Pode ter acontecido, ainda, que diante dos últimos acontecimentos (a prisão de envolvidos no “mensalão”) o PT esteja ocupado demais para ler pequenos artigos de um obscuro articulista.
Um amigo, no entanto, oferece meio na brincadeira e meio a sério, outra explicação. Para ele, o problema é que eu não sou um Zé Genoíno e nem um Zé Dirceu. Eu sou, segundo meu amigo, um Zé Ninguém, logo porque o partido se preocuparia comigo? Quer saber? Meu amigo não deixa de ter razão. Eu sou mesmo, um Zé Ninguém. Não represento nada para o PT a não ser um voto a mais ou a menos e, isto, por sua vez, não faz muita diferença, já que eu que penso e pondero meu voto, faço parte da minoria dos eleitores deste país. Assim, reconheço minha insignificância, não pertencendo à grande massa que elege até o Maluf (coligado com o PT, diga-se de passagem) malgrado todo o passado deste cidadão, e nem às elites políticas e econômicas que acabam por resolver tudo “entre eles”. E não lamento minha “insignificância”. O que eu lamento, é que quando me entusiasmei pelo PT, ainda jovem, como já descrevi, um dos motivos que me levou a isto foi a atenção que eu imaginava que o partido daria aos “zés ninguém”. Eu imaginava que esta atenção viria não de uma forma paternalista, assistencialista, como foi a prática do país, mas sim uma atenção no sentido de mobilizar os “zés ninguéns” para que eles passassem a se ver como cidadãos. Para que se emancipassem e crescessem, deixando de ser “significativos” como “massa eleitoral” e passando a ser significativos como cidadãos conscientes, que participariam da construção de seu próprio destino.
Não é bem isto que vejo, pelo menos não na escala que esperava de um partido com ideais e que está no poder já a um tempo razoável. Embora reconheça sim, alguns avanços, ainda acho poucos, muito poucos frente às possibilidades que o PT teve e têm, de conduzir à formação de cidadãos diferentes para a construção de um país diferente. O que vejo crescer é a política de distribuição de subsídios, as “bolsas” em uma razão maior, muito maior do que a conscientização e a organização do povo rumo à cidadania. Assim, quando escrevi o artigo, tinha por objetivo chamar a atenção para uma contradição entre os princípios que cresci pensando serem os do PT e a prática de não organizar e de ignorar aspectos da vontade do povo, exemplificada pelo caso do aumento de subsídios dos vereadores de Piracicaba. Não lamento, enfim, meu estado de “Zé Ninguém”. Lamento a preservação de milhões de outros “Zés Ninguém” no estado de não cidadãos, e talvez eu não tenha obtido respostas do PT pelo fato de que não interessa mais a conscientização e a real democracia que defendo. Talvez eu esteja errado. Tomara que esteja. Ainda há tempo…
Se quiser ler a carta enviada: https://blogdoamstalden.com/2013/11/13/minha-mensagem-ao-pt-de-piracicaba-e-de-todo-o-brasil-por-luis-fernando-amstalden/
Posted on 4 de dezembro de 2013 por blogdoamstalden
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