Coluna da Carla. Universo Incomensurável parte II. Por Carla Betta

Posted on 16 de janeiro de 2014 por

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universo incomensurável

Tendemos a seguir o pensamento iluminista, racional, lógico, que teve papel fundamental na evolução humana, mas que merece ser revisitado e questionado.

Partimos do concreto, do objetivo, do mensurável, do que a ciência pode provar. A psicologia balança entre a ciência e a filosofia e ambas não dão conta de explicar o homem em sua essência psicológica.

Precisamos inaugurar outro modo de pensar o mundo. Precisamos valorizar o ser, esta coisa tão pouco concreta, tão subjetiva e que não nos permite inventar uma medida para aquilatá-la: quantas gramas de abraço confortam uma pessoa? Com que força (N) aperto sua mão o suficiente para espantar o medo?

Quando engravidei, resolvi não trabalhar e foi uma decisão super difícil pela situação financeira na qual sofremos desde então. Eu poderia quantificar quantas bonecas e tantos carrinhos comprados na prateleira dos brinquedos. Mas, como eu meço o sopro e o colo dado diante de um machucado? Qual o efeito da presença constante (ainda que enlouquecida como toda mãe o é, acrescida da ascendência italiana e de uma boa dose de neurose), do cuidado frequente para uma criança na primeira infância?

Como se quantifica os efeitos salutares de brincar com a avó?

Qual o preço de um sorriso em dia cinzento?

Quais são as espécies das borboletas no estômago?

A anormalidade enlouquecida dos artistas transfigura realidades envolvendo-nos em áureas tão salutares quanto prazerosas. Cadê a balança do deliciamento? Por que me sinto feliz? O que é feliz?

Por que sentimos tanta nostalgia diante de um pião sem nunca ter brincado com ele?

Li, já não me recordo onde, que um abraço costuma durar 3 segundos, mas abraços que duram de 20 segundos a mais liberam endorfina e causam imensa sensação de conforto. Quem mediu essa sensação de conforto? Em qual fita métrica? Mas… alguém duvida desta conclusão?

Tentando ingressar no Universo Incomensurável, existe a propaganda do isto ou aquilo que não tem preço. Porém, a mensagem se perde no objetivo principal de nos fazer consumir aquilo que tem, sim tem, preço.

Somos tão aficcionados e mergulhados no pensamento cartesiano que perguntamos às pequenas crianças, impondo-lhes censurável tortura mental; “De quem você gosta mais: da mamãe ou do papai?” Como se houvesse resposta possível!

A linearidade do pensamento esclarece muitas coisas, mas confunde outras. Assim como a criança somos torturados a responder: “Psicologia é ciência?”; “O que mais influencia o indivíduo em seu desenvolvimento: a genética? O ambiente? as vidas passadas? os pais?” “Ou o Universo Incomensurável das experiências humanas em suas relações e inter-relações?”

É bom conhecer as experiências salutares e inexplicáveis das “Patas Therapeutas” (http://patastherapeutas.org/: que leva cães treinados para visitar creches, hospitais, asilos), da “Associação Viva e Deixe Viver” (http://www.vivaedeixeviver.org.br/: que conta com voluntários treinados para contar histórias em hospitais) e dos “Doutores da Alegria” (http://www.doutoresdaalegria.org.br/: o mais conhecido dos três), as quais levam alegria, conforto e tantos sentimentos e sensações do Universo Incomensurável, que é o que –de fato- nos faz humanos!!

Nascida com o nome Carla Ramos Bettarello, adota o Betta e assume-se como Carla Betta, pela invenção de um amigo. Mais tarde, descobre que seu pai era conhecido assim em seu tempo de faculdade. Mãe coruja assumida de um casal maravilhoso e lindo de filhos. Conta e se encanta com as histórias: objeto de estudo e prática artística.

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