Coluna da Carla. Tempo, tempo, tempo, tempo… … … sob outra perspectiva por Carla Betta

Posted on 17 de fevereiro de 2014 por

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rosa murcha

https://medium.com/p/e1ce11daa4ef: Por que você não deve assistir à nova novela hoje à noite

Deparei-me com este artigo acima e fiquei me perguntando: de fato, o que fazemos com o nosso tempo?

Na época da faculdade, havia um colega militante-socialista que argumentava ser uma das razões básicas de sua opção política a luta pela jornada de 30 horas semanais para todos.

Lembram-se do privilégio dos bancários em trabalhar essas 30 horas semanais? Não existe mais.

Nostalgicamente se comenta da época em que as pessoas tinham tempo para se sentarem nas calçadas, conversar e conviver.

São tantas as coisas a se fazer, tantas demandas a cumprir: tem que estudar, tem que fazer exercícios físicos, tem que cumprir horas extras? Como assim? As empresas e organizações não sabem os momentos de maior demanda? Que tal contratar temporários? Cumprem-se as horas extras no constrangimento do prejuízo aos colegas, da não-cooperação com a equipe… Como assim? O prejuízo é da empresa e/ou organização! Às vezes, denominar de “organização” chega a ser um contra-senso, mas esta é outra história! O que se pressupõe? Além das 8 horas semanais de trabalho, mais de uma hora a duas horas de almoço, acrescentando o tempo de translado entre ida e volta do trabalho: o que nos sobra? Volto a perguntar: o que se pressupõe? Somos robôs? Não necessitamos descanso, lazer, uma conversinha na calçada ou na portaria do prédio? Ler? Estudar? Exercitar-se? “Dormir é para os fracos?”

Tem dias que a gente se sente
Como quem partiu ou morreu
A gente estancou de repente
Ou foi o mundo então que cresceu
A gente quer ter voz ativa
No nosso destino mandar
Mas eis que chega a roda-viva
E carrega o destino pra lá

Como no artigo acima, pensem: o que fazer das suas horas? Qual o seu tempo?

Está em voga um filminho no facebook, escolhido pelo site, uma espécie de “seus melhores momentos”. No filme da sua vida, aquele que você comenta nas rodas de conversas entre amigos, nas festas familiares, esperando o ônibus: quais são as cenas? O que você assiste? Mas, mais, muito mais do que isto: o que você deseja assistir?

Vamos começar a campanha pelas 30 horas semanais? Quem iria falir? As grandes empresas, a desumanidade que nos cerca. Quem iria progredir? A humanidade, as relações afetivas, o desenvolvimento do SER! Em detrimento do TER… ufa! Seria tão bom e salutar virar este jogo!!

A gente vai contra a corrente
Até não poder resistir
Na volta do barco é que sente
O quanto deixou de cumprir
Faz tempo que a gente cultiva
A mais linda roseira que há
Mas eis que chega a roda-viva
E carrega a roseira pra lá

Que nossas roseiras sejam carregadas para cá! Em direção aos nossos mais profundos anseios!

Carla Betta é contadora de histórias e mantém esta coluna no Blog.

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